Explodem os preços do petróleo

Se o Brasil tivesse um plano de desenvolvimento, no qual constasse o controle inteligente de toda a sua cadeira petrolífera, da produção ao consumo, poderíamos passar incólumes à essa crise de preços, e ainda lucrar com ela, pois estaríamos ganhando mais recursos com exportação e royalties.

Mas não. A política energética brasileira foi entregue a interesses externos ao país. Logo mais, o governo Bolsonaro enfrentará o primeiro grande desafio de sua gestão: irá repassar a alta nas cotações internacionais para os postos?

Hoje o governo ainda pode evitar esse repasse, evitando distúrbios sociais e políticos, contendo em especial aquela que, hoje, parece ser a única greve capaz de realmente assustar o governo e os empresários, a dos caminhoneiros. Se as refinarias brasileiras forem privatizadas, como quer o governo, não teremos mais ferramentas para controlar os preços internos dos combustíveis.

A teoria ultraliberal de Paulo Guedes é completamente utópica e irreal, sobretudo quando se analisa o setor de petróleo, sujeito a ataques terroristas, guerras e vulnerável a todo tipo de instabilidades políticas. Como deixar um setor tão vital à economia dos países, em especial do Brasil, cuja circulação interna de mercadorias e pessoas depende quase que exclusivamente do petróleo, à mercê de variáveis que não tem nada a ver com o “mercado”, e sim com o jogo brutal da geopolítica?

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Petróleo chega a saltar quase 20% após ataque sobre instalações sauditas

Por Koustav Samanta e Dmitry Zhdannikov

CINGAPURA/LONDRES (Reuters) – Os preços do petróleo chegaram a disparar quase 20% em certo ponto nesta segunda-feira, com o Brent apresentando o maior ganho intradiário desde a Guerra do Golfo em 1991, após um ataque sobre instalações sauditas no fim de semana ter cortado pela metade a produção do reino.
Amostra de petróleo bruto na Rússia 11/03/2019 REUTERS/Vasily Fedosenko

Os preços caíram das máximas depois que o presidente norte-americano Donald Trump autorizou o uso de estoques de emergência de seu país para assegurar a estabilidade do suprimento.

O petróleo Brent subia 5,24 dólares, ou 8,7 por cento, a 65,46 dólares por barril subia 5,24 dólar, ou 8,7 por cento, a 65,46 dólares por barril, às 7:56 (horário de Brasília).}

O petróleo dos Estados Unidos avançava 4,5 dólares, ou 8,2 por cento, a 59,35 dólares por barril avançava 4,5 dólar, ou 8,2 por cento, a 59,35 dólares por barril.

O Brent chegou a tocar 71,95 dólares mais cedo, alta de 19,5%, maior alta intradiária desde 14 de janeiro de 1991. O petróleo nos EUA chegou a subir 15,5%, para 63,34 dólares, maior alta intradiária desde 22 de junho de 1998.

A Arábia Saudita é o maior exportador global de petróleo, e o ataque sobre instalações da petroleira estatal Saudi Aramco para processamento de petróleo em Abqair e Khurais reduziu a produção em 5,7 milhões de barris por dia. A companhia não deu uma previsão imediata sobre a retomada da produção total.

Duas fontes com conhecimento das operações da Aramco disseram que um retorno à produção normal “pode levar meses”.

“Retirar mais de 5% da oferta global de uma única tacada — um volume que é maior que o crescimento da oferta acumulado em países de fora da Opep entre 2014 e 2018— é altamente preocupante”, escreveram analistas do UBS em nota.

Trump disse que ele aprovou a liberação das Reservas Estratégicas de Petróleo dos Estados Unidos se necessário, em volume ainda a ser determinado.

Grandes importadores de petróleo saudita, como Índia, China e Indonésia, devem ser os mais vulneráveis à interrupção na oferta.

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