Novo PGR quer MP preocupado com economia e que não criminalize a política

A história é mesmo irônica.

Augusto Aras, o nome escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro como novo Procurador-Geral da República pode vir a ser, se suas promessas de hoje se materializarem em ações à frente da instituição, o PGR mais progressista desde os tempos de Geraldo Brindeiro, o PGR indicado por FHC, o qual ficou injustamente marcado como “engavetador-geral da república” por enfrentar o punitivismo histérico da mídia e de setores da política nacional.

Segundo reportagem publicada hoje pelo Estadão, Aras passeou ontem pelos gabinetes dos senadores e defendeu um Ministério Público que não seja obcecado apenas com a corrupção, mas também com a economia.

Aras também defendeu uma Lava Jato “positiva”, que não “criminalize a política”.

Se os governos petistas tivessem se preocupado menos em agradar o corporativismo do Ministério Público, aceitando a famigerada “lista tríplice”, e indicado nomes realmente comprometidos com um projeto democrático de desenvolvimento nacional, talvez a Lava Jato não teria se tornando o Godzilla devastador que acabou se tornando, destruindo milhões de empregos, gerando pequenos grandes monstros como Deltan Dallagnol, e abrindo espaço para uma cultura de criminalização da política cujas consequências estamos sentindo pesadamente.

Aras esteve com senadores petistas e, segundo a matéria, causou ótima impressão.

Trecho da matéria:

Aras se reuniu nessa quarta, 11, com a bancada do PT na Casa. O discurso contra uma conduta considerada “punitivista” do Ministério Público e de independência em relação ao governo agradou aos parlamentares petistas.

O vice-líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), afirmou que poderia dar um voto favorável ao subprocurador caso houvesse uma avaliação positiva. “Ajuda alguém que opera o direito, que seja capaz de fazer justiça respeitando a lei. Essa constatação só no contato pessoal”, disse Carvalho.

No Estadão

No Senado, Aras diz que foco da PGR não pode ser só o combate à corrupção

Indicado por Bolsonaro faz périplo por gabinetes e afirma que órgão precisa estar comprometido também com a economia do País

Daniel Weterman, O Estado de S.Paulo

12 de setembro de 2019 | 12h20

BRASÍLIA – Em busca do apoio de senadores, o subprocurador Augusto Aras, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para assumir a Procuradoria-Geral da República (PGR), adotou um discurso de que o órgão precisa estar comprometido com a economia do País, e não apenas com o combate à corrupção.

Em seu périplo por gabinetes no Senado – o subprocurador pretende visitar os 81 -, Aras afirmou nesta quinta-feira, 12, que tem passado a mensagem aos parlamentares, responsáveis por aprovarem a sua indicação ao cargo.

“Eu tenho apenas conversado com os senadores sobre o nosso pensamento acerca de um Ministério Público moderno, capaz de atender às grandes necessidades de um Brasil novo, que exige não somente combate à corrupção, mas também exige o destravamento da economia”, disse Aras, em rara declaração a jornalistas antes de visitar o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) em seu gabinete.

Conforme o Estadão/Broadcast mostrou, os argumentos de Aras têm agradado a senadores até mesmo da oposição ao governo de Jair Bolsonaro. O escolhido para o cargo tem criticado o que parlamentares classificam como “onda positivista” de procuradores.

Aras se reuniu nessa quarta, 11, com a bancada do PT na Casa. O discurso contra uma conduta considerada “punitivista” do Ministério Público e de independência em relação ao governo agradou aos parlamentares petistas.

O vice-líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), afirmou que poderia dar um voto favorável ao subprocurador caso houvesse uma avaliação positiva. “Ajuda alguém que opera o direito, que seja capaz de fazer justiça respeitando a lei. Essa constatação só no contato pessoal”, disse Carvalho.

Na terça, Aras foi recebido pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e por outros líderes da Casa. Na ocasião, defendeu uma “Lava Jato positiva”, que não criminalize a política. De acordo com relatos de senadores, o indicado pregou um Ministério Público Federal “moderno e clássico”, com unidade nos posicionamentos e que ajude o desenvolvimento do País, sem cor ideológica.

Segundo parlamentares, o subprocurador disse que o formato da Lava Jato pode ter levado a prejuízos, não só para reputações, mas para a economia.

O senador Otto Alencar (PSD-BA) avaliou que Aras “se colocou muito bem”. “Ele disse que a Lava Jato teve um ponto em que extrapolou o limite da lei e cometeu excessos, sem citar nomes”, disse.

Para ser efetivado no cargo, Aras será sabatinado na Comissão de Constituição e Justiça e precisa do apoio de pelo menos 41 dos 81 senadores. A sabatina deve ser feita no próximo dia 25.

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