– Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (Tiar) pode ser reativado como mais uma forma de atacar o governo de Maduro na Venezuela. Se ativado, o tratado pode legitimar uma intervenção militar no país. A proposta de realizar reunião do Conselho Consultivo dos países signatários para reativação do Tiar foi feita por Brasil, Colômbia, EUA e representantes do autoproclamado Guaidó em uma reunião da OEA realizada ontem (11). A medida foi votada apenas por países signatários do Tratado e teve voto favorável por parte da Argentina, Brasil, Colômbia, Chile, Guatemala, Haiti, Honduras, El Salvador, EUA, Paraguai e República Dominicana. Foi contabilizado um voto favorável por parte da Venezuela, considerando a representação fraudulenta feita por um emissário da oposição, Gustavo Tarre, na OEA. Houve ainda cinco abstenções (Costa Rica, Trinidad y Tobago, Panamá, Uruguai e Peru) e uma ausência (Bahamas). Países que não integram o Tiar se pronunciaram contra, como México e Bolívia, que se retirou da sala na hora da votação. A reunião consultiva ficou marcada para a segunda quinzena de setembro. Os norte-americanos propõem que seja no dia 23, em Nova Iorque, véspera da abertura da Assembleia Geral da ONU. A reunião deverá ser presidida pela Colômbia. Está previsto no tratado intervir militarmente em países que “coloquem em risco a estabilidade continental”.
– O Tiar é um acordo firmado em 1947, logo após a segunda guerra mundial e trata de uma defesa mútua entre os países das Américas ante ataques armados, especialmente. A doutrina base é a de que um ataque a um Estado membro é um ataque a todos os membros. A Venezuela abandonou o acordo em 2013, ainda durante o governo Chávez, no entanto, a Assembleia Nacional em desacato, presidida por Juan Guaidó, aprovou em julho passado a reincorporação do país no Tratado.
– O Brasil e a política externa do governo voltaram a ser alvo de ridicularização mundial. O novo show de horrores é de autoria do ministro Ernesto Araújo. O chanceler está nos EUA e fez ontem (11) um discurso, intitulado “Brasil está de volta”, na Heritage Foundation, um think tank conservador. A linha do discurso foi a de que o governo Bolsonaro está criando “uma amálgama liberal-conservadora com base em nação, família e laços tradicionais, em oposição ao globalismo”. Sua fixação com a globalização sequestrada pelo marxismo cultural continua e apareceu no discurso, afirmando que inclusive os EUA estão impregnados. Disse ainda que temas tais como “justiça social” e “mudança do clima” são “pretextos para ditadura”. Os comentários de um jornalista do Washington Post, Ishaan Tharoor, no twitter sobre o discurso de Araújo animaram os debates na rede sobre o speech nonsense de Ernesto. Ele fica nos EUA até sábado, 14, e se reúne amanhã, sexta-feira 13, com Mike Pompeo. Segundo a imprensa, um dos temas do encontro com Pompeo será a “Aliança Internacional para Liberdade Religiosa”. Os americanos têm utilizado a questão da “liberdade religiosa” para atacar China e Irã.
– O governo da China protestou ante o fato do ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, ter recebido e posado para foto com Joshua Wong, um dos líders do Movimento dos Guarda-Chuvas de Hong Kong, que há meses realizam protestos na ilha. O embaixador da Alemanha em Pequim foi convocado ontem (11) pelo Ministério das Relações Exteriores da China para dar explicações, está na imprensa. O embaixador da China na Alemanha, Sr. Wu Ken, disse que a atitude alemã “terá consequências negativas nas relações bilaterais e o lado chinês vai reagir”. Segundo ele, a China possui evidências de forças estrangeiras intervieram em Hong Kong ao longo dos protestos.
– A uma semana das eleições legislativas em Israel, próximo dia 17, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu anexar o Vale do Jordão, região da Cisjordânia, caso a votação seja favorável ao seu partido Likud. O Vale do Jordão é um território fértil que vai do sul do Mar da Galileia ao norte do Mar Morto e possui assentamentos judaicos ilegais. Em seu pronunciamento, o premiê disse que cidades ocupadas por palestinos, como Jericó, seriam cercadas. A OLP (Organização de Libertação da Palestina) se pronunciou: “é uma violação flagrante do Direito Internacional. Trata-se de um roubo flagrante de terras, de limpeza étnica. Não apenas destrói a solução de dois Estados, mas qualquer chance de paz”. Governos da Turquia, Jordânia e Arábia Saudita também se posicionaram contrários à medida, assim como a ONU e a União Europeia. O líder palestino Mahmoud Abbas disse que caso seja feita a anexação, todos os acordos entre israelenses e palestinos seriam invalidados.
– O Governo do Paraguai convocou ontem (11) seu embaixador no Brasil, Carlos Simas Magalhães, para dar explicações após um incidente ocorrido na fronteira entre os dois países. Segundo o ministro das relações exteriores do Paraguai, Antonio Rivas Palacios, agentes da polícia federal brasileira ultrapassaram os limites dos dois países no Rio Paraná durante perseguição de uma lancha que supostamente portaria drogas. É curioso um embaixador ser convocado por perseguição a uma lancha no rio Paraná e o Itaipu Gate continuar passando em branca nuvem. O novo chanceler, Rivas, esteve no Brasil no dia 9, em encontro com Araújo. Não responderam perguntas dos jornalistas sobre Itaipu e não mencionaram o tema em suas declarações finais.