O Instituto Fiscal Independente, vinculado ao Senado, divulgou o seu relatório mensal sobre a situação fiscal do país.
Alguns comentários sobre a tabela referente ao mercado de trabalho.
Temos 33 milhões de trabalhadores no setor privado com carteira assinada, mais 11,7 milhões de pessoas no setor público, o que totaliza 44,86 milhões de pessoas trabalhando para alguma empresa, privada ou estatal, mediante um determinado salário mensal. Essa é a base das pessoas que pagam a previdência, tem direito a décimo terceiro, férias.
A população ocupada, contudo, é de 93,58 milhões de pessoas, o que significa que temos outras 48,72 milhões de pessoas, ou 52% do total, trabalhando de uma outra maneira: conta própria, empregadores, trabalhador doméstico e trabalhador no setor privado sem carteira assinada.
Quando à diferença de rendimento, os números “médios” apresentados pelo IFI não significam nada, porque a diferença de renda no Brasil é tão abissal que não faz sentido olhar para médias.
Para baixar a íntegra do relatório, clique aqui.
Abaixo, o resumo dos principais pontos, conforme divulgado pelo próprio IFI. Eu separei também alguns gráficos.
– O crescimento de 0,4% do PIB no segundo trimestre manteve ritmo observado desde 2016. Sob a ótica da oferta, o maior impulso para a economia veio do setor de serviços. Pelo lado da demanda, as maiores contribuições foram dadas pelo consumo das famílias e pelos
investimentos. (Página 6)
– Incertezas existentes constrangem o consumo doméstico e os investimentos. As famílias têm mantido relativa cautela no consumo em razão das condições desfavoráveis no mercado de trabalho. O desemprego segue elevado e a criação de posições de trabalho tem ocorrido em segmentos informais da economia. Empresários adiam decisões de investimento em função da
baixa expectativa de demanda no futuro. (Página 7)
– Em julho, assim como observado em junho, houve melhora em algumas receitas administradas, especialmente as provenientes de tributação sobre o lucro, o que pode indicar um início de melhora da atividade econômica. De todo modo, é preciso esperar as próximas apurações em razão da greve dos caminhoneiros, ocorrida em maio de 2018, que reduziu a base de
recolhimento de alguns tributos. (Página 24)
– Em linhas gerais, entendemos que a meta de R$ 124,1 bilhões de déficit primário e o teto de gastos deverão ser cumpridos, apesar do espaço cada vez mais limitado para realização de despesas primárias. (Página 36 e página 39)
– A regra de ouro dependerá de aprovação de crédito adicional pelo Congresso, assim como ocorreu em 2019. Segundo o PLOA 2020, os créditos a serem aprovados pelo Congresso correspondem a 26% do Orçamento. (Página 40)
– No fim de agosto, o Executivo encaminhou ao Congresso a proposta orçamentária para 2020. O gasto discricionário ficará em nível historicamente baixo, comprometendo investimentos, cujo valor projetado é o menor em quinze anos. (Página 41)
Netho
10/09/2019 - 14h22
Lamentável que o IFI, que de independente não tem nada, jamais tenha realizado quaisquer estudos demonstrando que, desde o Plano Real, o IMPOSTO INFLACIONÁRIO foi trocado pelo IMPOSTO ENDIVIDAMENTO, implicando um aumento da carga tributária de 25% para 34% do PIB.
Lamentável, principalmente, que o IFI não tenha demonstrado, em nenhum momento, a obviedade ululante de que 47,5% das receitas tributárias administradas pela Receita Federal estejam comprometidas com o pagamento de juros e amortização da dívida pública mobiliária interna.