Separei algumas tabelas e gráficos sobre a opinião dos brasileiros sobre as privatizações. É importante atentar para a opinião deles em relação à privatizações específicas, como Petrobrás e bancos públicos. Uma pessoa pode ser aberta a ideia de se privatizar estatais, desde que estas não sejam estratégias para o desenvolvimento do país. Além do mais, pode-se privatizar alguns setores e nacionalizar ou estatizar outros. É o que países desenvolvidos fazem o tempo inteiro. A história do capitalismo moderno na Europa é também uma história de nacionalizações.
Inglaterra e Alemanha, por exemplo, já fizeram muito isso. Inglaterra nacionalizou os serviços de transporte ferroviário do país, um dos melhores do mundo, ao passo que algumas cidades alemãs tem nacionalizado serviços de linhas de ônibus.
As tabelas mostram que a oposição às privatizações é um traço cultural e político em todas as faixas de renda, regiões, e níveis de escolaridade.
Mesmo entre eleitores de Bolsonaro se encontra maiorias contra a privatização.
No Datafolha
Maioria segue contra privatizações
Opinião Pública – 10/09/2019 11h22
DE SÃO PAULO
Embora tenha aumentado ligeiramente a parcela da população favorável à venda de empresas estatais, dois em cada três brasileiros (67%) se opõem às privatizações. Uma parcela de 25% é a favor da venda dessas empresas, e 2% são indiferentes, além de 6% que não opinaram. Em dezembro de 2017. em consulta sobre o tema, 70% se opunham à venda de empresas do governo para empresas particulares, e 20% se mostravam favoráveis.
Pouco mais da metade (54%) dos brasileiros tomou conhecimento dos planos governo de Jair Bolsonaro (PSL) de vender os Correios e outras empresas públicas nos próximos anos. Desses, 16% estão bem informados sobre o assunto, e os demais estão mais ou menos informados (31%) ou mal informados (7%).
De forma geral, independente do grau de conhecimento do assunto, a maioria (60%) é contra privatizar os Correios, e 33% são favoráveis, além de 1% que é indiferente e 5% que preferiram não opinar. A adesão à venda da empresa é mais alta entre os homens (39%) do que entre as mulheres (29%), e também fica acima da média entre os mais escolarizados (38%) e mais ricos (45% na faixa de renda familiar de 5 a 10 salários, e 52% entre quem tem renda familiar acima de 10 salários). Entre aqueles que votaram em Bolsonaro no 2º turno da eleição de 2018, há uma divisão: 46% são a favor da privatização, e 47%, contra.
A privatização da Petrobras, também considerada pelo governo, enfrenta maior oposição: 65% são contra a venda da empresa, e 27%, a favor. Há ainda 1% indiferente ao tema, e 7% que não opinaram. Nenhum segmento endossa majoritariamente a venda da petrolífera, com exceção dos simpatizantes do PSL – 55% são a favor da privatização. Entre empresários, por exemplo, 59% são contra. Na parcela dos mais ricos, o índice de opositores à negociação também é de 59%. Entre eleitores de Bolsonaro, 56% são contra, e entre aqueles que aprovam seu governo esse índice fica em 52% (e 40% a favor).
Em pesquisa realizada em novembro de 2017, 70% eram contra a venda da estatal de petróleo, e 21%, a favor. Em março de 2015, a posição contrária à privatização era ligeiramente mais baixa do que a atual (61%), e 24% eram favoráveis.
O cenário é parecido quando se trata dos bancos públicos, como Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil: 65% são contra, 29%, a favor, 1% é indiferente e 6% não responderam. Entre os brasileiros que tem o PSL como partido de preferência, 50% são a favor e 47% contra. Nos demais segmentos, incluindo empresários, mais ricos e apoiadores de Bolsonaro, há uma porção majoritária que se opõe à venda dos bancos públicos.