A presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, publicou a seguinte nota no Twitter.
***
A nota tem uma agressão gratuita, e até mesmo infantil, ao blog, ao dizer que o nosso post forçava uma posição com a “intenção de criar cizânias”.
Prefiro acreditar que é um descuido infeliz, desses que as autoridades importantes não costumam ter com os grandes, mas sim com os pequenos, até porque a assessora da deputada me procurou à tarde, mandou-me essa nota, para publicação no blog. Eu respondi “perfeitamente”, mas lhe fiz notar que havia uma pequena e desnecessária agressão ao blog; ela concordou e me mandou outro texto, sem essa coisa ridícula de me acusar de “criar cizânias”. Outra pessoa da equipe, todavia, não esperou e publicou a nota original.
A única coisa que eu fiz foi criar um título que, a meu ver, correspondia perfeitamente ao teor da entrevista. O resto é conteúdo do Correio Braziliense, que eu reproduzi na íntegra, dando o link para que o internauta pudesse conferir o original.
Trecho da entrevista de Gleisi ao Correio Braziliense:
Subtítulo da entrevista:
Se esses textos não autorizam o título “Gleisi: 2022 será entre Bolsonaro e PT”, então me desculpe, estou realmente com algum problema grave para interpretar textos!
Sinceramente, não entendi porque negar o óbvio, até porque não há nada de maligno ou terrível que a presidente do PT entenda – e trabalhe para isso – que a disputa em 2022 volte a ser entre o governo Bolsonaro e o PT. Foi com esse objetivo que o PT, sob a liderança de Gleisi, se movimentou em 2018, e não seria nenhuma surpresa que, novamente sob o comando da deputada, repetisse em 2022 os mesmos movimentos. E tudo que ela diz na entrevista ao Correio nos leva a entender que, a depender dela, assim será.
O PSOL quer que a disputa em 2022 seja entre um candidato do PSOL X Bolsonaro. O PDT entende que Ciro é o melhor nome para derrotar o capitão. O PCdoB quer Flavio Dino.
Qualquer partido com planos de lançar uma candidatura visualiza uma disputa com Bolsonaro, e entende que o seu candidato será a melhor ideia para vencê-lo.
Se há pessoas e correntes políticas que não desejam que essa polarização PT versus Bolsonaro se repita, por achar que ela ensejaria outra vitória da extrema direita, isso não é culpa minha. Não me responsabilize, prezada Gleisi, por uma tensão política que paira no ar, e que um blog político precisa mencionar de vez em quando.
Aliás, acho que essa tensão é salutar. Porque ela produz concorrência política, obrigando diferentes atores e partidos progressistas a exercitarem ao máximo suas ferramentas de comunicação.
O Cafezinho está sempre aberto, de forma plural, às mais variadas posições políticas, tanto que procuramos manter um relativo equilíbrio editorial, publicando entrevistas, artigos e vídeos de todos os espectros políticos, às vezes até mesmo da direita. Até mesmo de Bolsonaro.
Aqui no Cafezinho você encontrará entrevistas de Lula (todas, sem faltar uma), lives de Bolsonaro (algumas), Boulos e Freixo, palestras de Ciro, vídeos do PT, além de todo o conteúdo interessante que eu tenho tempo e energia para publicar. E procuro publicar esses conteúdos na íntegra, dando o link dos originais, e sem adjetivá-los. Perco muita audiência com esse meu esforço de moderação (teria mais visitas se fosse mais sensacionalista, mais agressivo), mas ganho em tranquilidade.
O equilíbrio só não é total porque o blog tem, humildemente, a presunção de defender ideias progressistas, então a maior parte do conteúdo pesa para esse lado.
Não sou um “isentão”, todavia. Eu tenho minha própria opinião, que de vez em quando externo com a máxima transparência possível. O preço da transparência é alto, mas eu sempre fui assim, desde que fundei este blog. Estou acostumado. Não sou dono da verdade e gostaria de acreditar que posso mudar de opinião sempre que alguém me oferecer um argumento convincente. Não procuro impor, porém, minha opinião ao blog, que tem sua vida própria e visa atingir um público vasto e plural.
Meu objetivo é ajudar o internauta formar a sua opinião por si mesmo sobre os diferentes agentes políticos. Não acredito – não mais – que violências editoriais possam mudar a opinião alheia.
O que talvez alguns leitores tenham notado de diferente, é que tenho me esforçado em furar a bolha, em escrever para fora da esquerda. Isso me leva a pesquisar ideias diferentes, a rever posições, a defender a autocrítica, a procurar expressões e argumentos que não sejam os mesmos de sempre. Nunca li tanto como nesses tempos de Bolsonaro.
Sempre acreditei que a derrota ensina mais que a vitória porque nos obriga a mudar, a crescer, a rever nossos erros e nos tornar melhores e mais fortes. Mas assim como é preciso saber ganhar, é preciso saber perder; quem perde e ainda continua arrogante, cheio de certezas, esse não aprendeu nada.
Acho que esse vício de nos comunicarmos dentro de bolhas foi um erro que cometemos durante muito tempo. Hoje eu procuro entender como pensam todas as pessoas, inclusive aquelas que votaram em Bolsonaro, pois, entendendo-as, eu poderei, talvez, influenciá-las a não votarem novamente nele em 2022.