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Estatísticas do setor externo
1. Balanço de pagamentos
Em julho de 2019, o déficit em transações correntes totalizou US$9,0 bilhões, comparativamente a déficit de US$4,4 bilhões em julho de 2018. Houve redução no saldo positivo da balança comercial de bens, de US$3,5 bilhões para US$1,6 bilhão, e aumento do déficit em renda primária, de US$5,1 bilhões para US$7,9 bilhões. O déficit em transações correntes somou US$24,4 bilhões (1,31% do PIB) nos doze meses encerrados em julho, ante déficit de US$19,8 bilhões (1,06% do PIB) no período equivalente terminado em junho.
Em julho, as exportações de bens totalizaram US$20,0 bilhões, recuo de 11,1% ante o mês correspondente de 2018. Na mesma base de comparação, as importações de bens caíram 2,9%, alcançando US$18,4 bilhões. Relativamente ao Repetro, as importações de julho de 2019 foram estimadas em US$1,6 bilhão (US$3,3 bilhões em julho de 2018). Não foram identificadas operações de exportação relacionadas ao Repetro em julho de 2019 (US$1,2 bilhão no mesmo mês do ano anterior). Desconsideradas as operações no âmbito do Repetro, as importações teriam crescido 7,2%, e as exportações recuado 5,8%, ambas na comparação interanual para o mês de julho. No acumulado do ano, as exportações recuaram 4,7%, enquanto as importações aumentaram 0,4%, resultando em diminuição de 21,9% no saldo comercial, que atingiu US$24,4 bilhões.
O déficit na conta de serviços atingiu US$3,0 bilhões no mês, 1,9% inferior ao resultado de julho de 2018. Destaque-se o aumento nas despesas líquidas de aluguel de equipamentos, de US$988 milhões para US$1,2 bilhão, e o crescimento das receitas líquidas de outros serviços de negócio, de US$568 milhões para US$674 milhões. O ligeiro recuo do déficit em serviços no mês contribuiu para diminuição de 3,3% no déficit acumulado do ano, até julho.
Em julho de 2019, o déficit em renda primária atingiu US$7,9 bilhões, aumento de 54,9% na comparação com o mesmo mês do ano anterior. A elevação do déficit mensal decorreu de maiores despesas líquidas de lucros e dividendos, US$3,1 bilhões, acima do US$1,0 bilhão ocorrido em julho de 2018. Já as despesas líquidas de juros somaram US$4,8 bilhões, aumento de 17,1% na comparação interanual. No acumulado do ano, o déficit em renda primária totalizou US$ 28,9 bilhões, 14,4% acima ao observado no ano anterior.
Os ingressos líquidos em investimentos diretos no país (IDP) somaram US$7,7 bilhões no mês, resultado de ingressos líquidos de US$7,1 bilhões em participação no capital, e de US$572 milhões em operações intercompanhia. No acumulado do ano, os ingressos líquidos de IDP somaram US$45,0 bilhões, 17,1% superiores aos US$38,4 bilhões observados no período correspondente de 2018. No acumulado em 12 meses até julho, os ingressos líquidos de IDP totalizaram US$94,9 bilhões, equivalentes a 5,09% do PIB (US$91,8 bilhões e 4,93% do PIB no acumulado em 12 meses até junho).
Em julho, houve ingressos líquidos de US$5,0 bilhões em instrumentos de portfólio negociados no mercado doméstico, destacando-se a contribuição das ofertas públicas de ações. No ano, até julho, as entradas líquidas de US$14,1 bilhões em instrumentos negociados no mercado doméstico foram compostas por fluxos positivos em títulos de dívida, US$11,2 bilhões, e em ações e fundos de investimento, US$2,9 bilhões. Nos 12 meses encerrados em julho, os instrumentos em portfólio negociados no mercado doméstico somaram saídas líquidas de US$4,9 bilhões.
2. Reservas internacionais
O estoque de reservas internacionais atingiu US$385,8 bilhões em julho de 2019, correspondendo a 118,2% do estoque da dívida externa bruta. O recuo de US$2,4 bilhões no estoque de reservas de julho, relativamente a junho, decorreu principalmente da concessão líquida de US$1,6 bilhão em operações de linha com recompra, e das variações por preços e paridades, com contribuições negativas de US$420 milhões e US$962 milhões, na ordem. A receita de juros contribuiu para elevar o estoque de reservas, US$659 milhões.
3. Balança comercial – revisão e criptoativos
As exportações e importações de bens do balanço de pagamentos têm como fonte principal de dados primários a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia (ME/Secex), embora haja ajustes para a metodologia das estatísticas do setor externo, com o uso de dados complementares. Com a publicação das estatísticas deste mês, a balança comercial do balanço de pagamentos foi revisada para os anos de 2018 e de 2019, incorporando revisões divulgadas nos últimos meses pela ME/Secex, após a implantação do Portal Único de Comércio Exterior.
O Comitê de Estatísticas de Balanço de Pagamentos, órgão consultivo sobre metodologia das estatísticas do setor externo ao Departamento de Estatísticas do Fundo Monetário Internacional (FMI), recomendou classificar a compra e venda de criptoativos (especificamente aqueles para os quais não há emissor) como ativos não-financeiros produzidos, o que implica sua compilação na conta de bens do balanço de pagamentos. A atividade de mineração de criptomoedas, portanto, passa a ser tratada como um processo produtivo. A recomendação foi formalizada no texto “Treatment of Crypto Assets in Macroeconomic Statistics”1 . Por serem digitais, os criptoativos não tem registro aduaneiro, mas as compras e vendas por residentes no Brasil implicam a celebração de contratos de câmbio2 . As estatísticas de exportação e importação de bens passam, portanto, a incluir as compras e vendas de criptoativos. O Brasil tem sido importador líquido de criptoativos, o que tem contribuído para reduzir o superávit comercial na conta de bens do balanço de pagamentos.
1 https://www.imf.org/external/pubs/ft/bop/2019/pdf/Clarification0422.pdf
2 O registro é realizado com código cambial que abriga outras transações relativas a pagamentos e recebimentos por bens, além de criptoativos.
Luiz
29/08/2019 - 11h58
Tchau!
Luiz
29/08/2019 - 11h56
O mercado é ciclotímico e nervoso. Consigo entender que Guedes esteja convicto das suas verdades. Não consigo entender aqueles que criticaram a restrição monetarista imposta ao gasto orçamentário, mas apoiam a reforma da previdência.