O presidente Jair Bolsonaro, em entrevista a repórter Jussara Soares, do Globo, disse que não vai mudar de atitude.
— Sou assim mesmo. Não tem estratégia. Se eu estivesse preocupado com 2022 não dava essas declarações — afirmou Bolsonaro, ao ser questionado se as falas recentes são planejadas ou apenas resultado de impulsividade.
Segundo a repórter, o presidente “confirma que continuará falando à parcela mais conservadora da população, a primeira a aderir à sua candidatura”.
Ele disse ainda que acha que a imprensa “o persegue, mas que não se importa mais.
— O dia que não apanho da imprensa eu até estranho — disse, rindo.
Bolsonaro parece copiar exatamente o estilo de Donald Trump, que também, diante da perplexidade da mídia e da própria classe política americana, vem repetindo que “não tem estratégia”.
Seja como for, Bolsonaro ainda surfa na mesma onda que lhe permitiu eleger-se: uma esquerda ainda enfraquecida, desorganizada, sem conexão com massas, e com enorme rejeição em setores importantes das classes médias, inclusive entre os setores mais depauperados e vulneráveis desta classe média; e um cenário de hegemonia do senso comum neoliberal no campo da economia e da política, o que é a consequência inevitável de anos de ausências, fugas e derrotas na luta pela hegemonia moral, política, ideológica no debate público.