Essa entrevista é interessante, porque mostra que os tucanos já detectaram a necessidade de se afastarem do bolsonarismo, visando as eleições de 2020. Está na mesma linha da entrevista do líder do MBL, Renan Santos.
‘Nós nunca tivemos alinhamento com o governo Bolsonaro’, diz João Doria
Em entrevista ao CBN São Paulo, o governador fez um balanço dos primeiros sete meses de gestão e comentou recente fala do presidente da República em relação à morte do pai do presidente da OAB. Ele afirmou que negar a ditadura militar não é ‘contributivo’, mas disse que não é seu papel julgar a vida de Bolsonaro. Doria comentou ainda sua relação com o ex-governador Geraldo Alckmin e garantiu que não defende o afastamento dele do partido.
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O governador de São Paulo João Doria afirmou, em entrevista ao CBN São Paulo nesta terça-feira, que o PSDB nunca teve “alinhamento com o governo Bolsonaro”. Ao comentar a fala do presidente da República em relação à morte do pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, o tucano disse que negar a ditadura militar não é “contributivo”, mas que não é seu papel julgar a vida de Jair Bolsonaro. Doria ressaltou que viu o pai “perder tudo” por causa do golpe de 1964 e que amigos foram mortos e torturados pelo regime.
Questionado sobre o apoio dele à eleição de Jair Bolsonaro no ano passado, o governador alegou que o presidente só se manifestou enfaticamente a favor da ditadura depois de eleito, apesar da exaltação que Bolsonaro fez ao torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra durante o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Doria comentou ainda sua relação com o ex-governador Geraldo Alckmin. Em junho deste ano, ele havia afirmado, durante uma entrevista, que Alckmin deveria se licenciar do partido enquanto estivesse sob investigação. À CBN, o governador disse que sua fala foi interpretada de maneira incorreta e que ele não defende o afastamento do tucano.
“Eu tenho uma ótima relação com Alckmin. […] É um homem honesto, sou testemunha disso”, garantiu.
Sobre a possibilidade de se candidatar à Presidência da República em 2022, o governador de São Paulo evitou responder, dizendo apenas que foi eleito para ser gestor e que “é ruim para o Brasil antecipar processos eleitorais”.
Em relação aos projetos a serem realizados pelo governo de São Paulo, o vice-governador Rodrigo Garcia, que também participou da entrevista, afirmou que o governo quer, até o final de 2022, conceder toda a malha rodoviária de São Paulo que tem interesse privado. Ele garantiu que o pedágio ficará mais barato no estado. Doria citou três maneiras diferentes de realizar a cobrança: tarifa flexível, ponto a ponto e de frequência. Esses modelos estão sendo estudados e o governador afirmou que isso fará com que haja redução no valor.
Rodrigo Garcia falou ainda sobre o fechamento de duas estatais: a Emplasa e a Codasp. Ele ressalta que as duas não faziam mais sentido para o estado e não têm poder de venda, por isso, serão extintas. Nesse processo, serão demitidas 700 pessoas.
O surto de sarampo também foi comentado na entrevista. O secretário estadual de saúde José Henrique Germann disse que o estado já possui 630 casos confirmados da doença, mas ainda não há nenhum óbito notificado. Ele ressaltou que é preciso combater as notícias falsas em relação à vacinação e reforçou a importância de o estado atuar junto com as prefeituras no combate à doença.
Doria falou também sobre a despoluição dos rios da cidade e garantiu que, até 2022, o rio Pinheiros será limpo. Já o Tietê ainda não tem data para ser despoluído, mas, segundo Doria, isso deve ocorrer de oito a dez anos.
Ao fazer uma comparação sobre a diferença de postura entre prefeito e governador, o tucano afirmou que o prefeito é o zelador do condomínio, enquanto o governador é o síndico. Segundo ele, o prefeito responde pelos problemas 24 horas por dia e executa tarefas diante das demandas. Já o governador tem mais tempo para planejar e, por isso, seu trabalho produz um resultado com domínio maior.