O tempo passa e Lula se agiganta

Lula nos braços da multidão após seu último discurso antes da prisão. Foto: Francisco Proner.

Com a escancaramento que a Lava Jato fez uso político das delações para prejudicar Lula e influenciar nas eleições, a biografia do ex-presidente vai se tornando cada vez interessante.

Essa descoberta do uso política da fraquíssima delação do Palocci é apenas mais uma folha de uma história de luta contra uma grande injustiça.

Foram necessários sete meses para o país ver três grandes heróis da direita – Jair Bolsonaro, Deltan Dallagnol e Sérgio Moro – serem desmoralizados. 

[Deixo aqui um comentário de que a agenda da direita vai continuar, não tenho dúvidas. Mas esses três se tornam, a cada dia que passa, um fardo para ela]

Voltando. De sete para o quatorze e de meses para anos, são, pelos menos, 14 anos ininterruptos (vou começar pela AP 470) que Lula apanha igual cachorro sem dono, pelas mãos da midia hegemônica do país. E mesmo assim o cara levou o prefeito derrotado na eleição de São Paulo para o segundo turno das eleições nacionais. 

Se formos comparar pessoalmente Lula com seus algozes o resultado é impressionate.

Moro, por exemplo, teve duas capas negativas na Veja e já perdeu o controle. Se queimou totalmente no episódio da destruição de provas e perde cada vez mais apoio.

Enquanto isso, a Veja (só ela, hein) fez 70 capas contra o Lula. E ele tá aí pleníssimo mandando carta pro Léo Stoppa.

Bolsonaro, por sua vez, confirmou sua pequenez ao tratar o Brasil como uma monarquia do séc XIII ao beneficiar sua família descaradamente com o dinheiro e cargos públicos. Mesmo grandes apoiadores do presidente, como Danilo Gentilli, hostilizaram o presidente. 

Por outro lado, Lula teve a família vigiada e violada, a ponto da polícia não devolver tablets de seus netos. O ex-presidente teve a vida revirada pra baixo, com métodos ilegais inclusive. E mesmo assim precisaram de um processo sem provas para prendê-lo e tirá-lô da eleição.

Com alguns vazamentos, descobrimos que Dallagnol, um Procurador da República, se reunia secretamente com bancos, o nicho de mercado menos atingido pela Lava Jato, e chegou a fazer propaganda descarada para a XP investimentos. 

Ao passo que Lula, seus advogados e parceiros políticos foram grampeados pela própria Lava Jato. A operação tinha áudio para mais de metro para incriminar Lula e tudo que conseguiu foi a melhor análise de conjuntura atual sobre a Nova República “temos os poderes acovardados”

A gente sempre falou que a história e o tempo, implacável, traria a verdade a tona.

Tadeu Porto: Petroleiro e Secretário adjunto de Comunicação da CUT Brasil
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