Hacker diz que tem cópia de tudo

Muito esperto o hacker. Ao afirmar que tem cópia das conversas, ele garante um pouco mais sua própria segurança pessoal, na medida em que o seu “desaparecimento” não faria desaparecer também os arquivos.

Abaixo, a nota completa, assinada pelos advogados Luis Gustavo Delgado Barros e Fabrício Martins Chaves Lucas, responsáveis pela defesa de Walter Delgatti Neto, o hacker principal que, supostamente, obteve acesso às comunicações privadas divulgadas pelo Intercept.

A nota reafirma que o hacker repassou o conteúdo de maneira gratuita para o Intercept, desviando-se das insinuações não muito veladas por parte de setores da imprensa ainda muito ligados à Lava Jato, como a Globo, de que teria havido pagamento, ou seja, de que o hackeamento teria sido “encomendado”.

As insinuações da Globo, e mais ainda, do Antagonista, são meio que óbvias: querem implicar o PT na trama, e sempre com objetivo de neutralizar ou abafar o conteúdo dos vazamentos em si, os quais, aliás, estão agora mais do que nunca confirmados.

O hacker, curiosamente, nega que seu apelido seja “Vermelho”. A Veja explicou este apelido em matéria recente, atribuindo-o aos cabelos ruivos de Walter. Entretanto, não dá para afastar a suspeita de malícia da imprensa, em apresentar o apelido, durante os primeiros dias, sem nenhuma explicação, como que para animar teorias de conspiração ligando seu nome às cores do PT, ou da esquerda, de maneira geral.

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Abaixo, a nota mencionada:

(1) O Sr. Delgatti Neto, tem endereço fixo e opera os seus talentos humanos e profissionais em redes legais de informações online e telefônicas, utilizando acesso a serviços providos por licença pública. Tais serviços são devidamente remunerados por nosso cliente;

(2) Como tal, tem ampla e reconhecida proficiência em área sob permanente evolução na fronteira do conhecimento, comum e diuturnamente alimentadas e acessadas por funcionários públicos e privados, muitos dos quais com formação acadêmica especializada na área, incluídas entre suas obrigações de ofício, assegurar a proteção dos dados e da privacidade dos seus clientes, de sempre invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas;

(3) Recorrentemente, o Sr. Delgatti espanta-se pela fragilidade do sigilo no Brasil, e convida a regulamentação e a transparência quando do acesso e uso de ditas redes de informação pelo Poder Público, em plena defesa do melhor interesse público, respeitados os princípios fundamentais da Constituição Federal, incluídos defesas da cidadania, da dignidade da pessoa humana, os valores do trabalho e da livre iniciativa;

(4) Registra que falhas do aplicativo Telegram e de outros aplicativos online, a bem de direitos individuais e do interesse público, devem ser recorrentemente testadas por responsáveis pelos serviços online, por agentes da fiscalização pública, bem como, por seus usuários;

(5) Registra reconhecer que todo poder emana do povo e que autoridades públicas estão obrigadas a atuar, desde sempre, em privilégio do melhor interesse público, inclusive em defesa de cláusulas pétreas da Constituição Federal e em proteção de direitos intergeracionais e das gerações porvir;

(6) Registra reconhecer, que com exceção das informações pertinentes à Segurança Nacional, a Constituição Federal obriga a transparência e publicidade das ações de Estado, sendo assegurado a todos o acesso à informação, resguardado o sigilo da fonte;

(7) Recentemente, o nosso cliente, Sr. Delgatti Neto, no exercício dos direitos e deveres individuais, em condições de plena e estável sanidade mental, confrontando com informações disponibilizadas por via online – de forma gratuita, anonimamente, não divulgadas informações de cunho pessoal, sem quaisquer fins lucrativos – optou por transferir tal material para profissional(is) de imprensa, de reconhecida competência e seriedade, para investigar e averiguar o conteúdo das mesmas;

(8) Registra que, até o presente, as informações que acumulou a partir de redes online, devidamente estruturadas e organizadas de sorte a facultar plena identificação e amplo conhecimento, tornaram-se domínio público, posta imperiosa obrigação de resguardar direitos individuais;

(9) Para todos os fins, registra, por pertinente, que o conjunto das informações está devidamente resguardada por fiéis depositários, nacionais e internacionais;

(10) Não filiado a agremiações Político Partidárias, desinteressado em política institucional, detém plena consciência que o Estado Democrático de Direito é conquista irreversível da sociedade brasileira e o devido processo legal plenamente assegurado a cada indivíduo;

(11) Aguarda a perícia de todos os pertences alegadamente apreendidos na sua residência para fins de instrução criminal;

(12) Requer pleno respeito ao sigilo do inquérito em curso, sob o império da presunção de inocência;

(13) Entende que os melhores valores da Nação permanecem de sempre protegidos quando garantidos o direito à individualidade e à cidadania. Que a cidadania é manifesta em exercício de deveres permanentes, inclusive por funcionários e autoridades públicas, eleitas ou não;

(14) Para todos os fins e categoricamente não reconhece a denominação e o apelido “Vermelho” como jamais aplicando-se a ele, seja na sua intimidade familiar, por qualquer amigo ou conhecido, nas redes sociais online ou na comunidade de informação nas quais opera;

(15) Tem irrevogável confiança que a informação deve ser responsável e consistentemente objeto de conhecimento público e que a verdade sempre é bem-vinda e salutar. Entende a Nação de sempre protegida quando garantidos o direito à individualidade, respeitados os limites da civilidade;

(16) Tem convicção, sob ditame constitucional, que a ninguém deve ser conferido direitos e privilégios indevidos;

(17) Perante todos, registra que assegurou integridade e continência de conduta a ser demonstrada em fórum do devido processo legal.

Redação:
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