É quase uma justiça poética: os únicos setores econômicos que sobreviveram incólumes à devastação econômica produzida pela Lava Jato e toda a instabilidade por ela provocada, foram os bancos…
Os últimos diálogos vazados pelo Intercept mostram que o chefe da Lava Jato no Ministério Público Federal, Deltan Dallagnol, aceitou dar palestra secreta para executivos de instituições financeiras, em evento organizado pelo XP.
A história tem detalhes um tanto sórdidos. A secretária do XP, Débora Santos, que entrou em contato com Dallagnol para organizar a palestra secreta, revelou que
(…) Débora Santos, que se apresenta como “consultora/ analista de política e Judiciário” da empresa. No começo da conversa, ela diz que é esposa de Eduardo Pelella, que era o chefe de gabinete e braço direito de Rodrigo Janot quando Procurador-Geral da República. Antes de trabalhar na XP, Santos era assessora particular do Ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF.
Confira trecho do diálogo, em que Débora revela os clientes que participariam da palestra:
Como se vê, a secretária ainda revela que Luiz Fux, ministro do STF, teria aceito dar uma dessas palestras secretas.
No último evento aberto da XP, o Expert 2019, o ministro Luiz Fux deu uma palestra, em que afirmou, para delírio da plateia, formado por executivos de bancos e corretoras de bolsa, que a Lava Jato iria continuar, e que a reforma da previdência “tinha que passar”.
Dallagnol comenta ainda, em outros diálogos vazados na mesma reportagem, sobre o valor dos cachês pagos ao ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa.
O “mercado” encontrou uma maneira bastante eficaz de subornar agentes da justiça, no momento em que estes agentes assumiam uma posição de enorme poder na agenda política do país.
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A propósito, hoje a Folha publicou que Dallagnol recebeu R$ 33 mil de empresa citada na Lava Jato, para uma palestra. O procurador também foi garoto-propaganda em comercial da empresa; não se sabe se o valor pago já incluía isso.