Material fresquinho, publicado agora há pouco. A entrevista foi feita ontem.
Na página do Democracy Now Brasil
Glenn Greenwald: é gratificante trazer à luz os atos corruptos realizados na escuridãoGlenn Greenwald: é gratificante trazer à luz os atos corruptos realizados na escuridão
Glenn, ao ser perguntado, por Amy Goodman, se achava que o risco que está correndo vale a pena, respondeu:
“Sim, com certeza. Quer dizer, quando você entra no jornalismo, esse é o tipo de coisa que você faz. Jornalistas cobrem as guerras, eles são mortos cobrindo guerras. Há jornalistas que trabalham sem a visibilidade que eu tenho, descobrindo a corrupção das forças policiais em cidades pequenas e são ameaçados ou até mesmo mortos.
Esse é o tipo de risco que você assume se quiser ser não apenas um jornalista, mas o tipo de jornalista que enfrenta o poder. É claro, os riscos não são divertidos, mas, ao mesmo tempo, é muito gratificante sentir que você está usando a garantia de uma imprensa livre para o que ela serve, que está trazendo à luz os atos corruptos realizados na escuridão pelos atores mais poderosos da sociedade.”
Abordamos agora a crescente crise política no Brasil na sequência da investigação do The Intercept em que um juiz que provavelmente ajudou promotores federais a construir seu processo de corrupção contra o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.
O governo Bolsonaro anunciou na segunda-feira (8) que o ministro da Justiça, Sérgio Moro, recebeu licença de 15 a 19 de julho para “tratar de assuntos pessoais”.
O vazamento de mensagens, trocadas por celular entre funcionários do sistema de Justiça brasileiro, e outros dados obtidos pelo The Intercept aponta para uma colaboração entre o então juiz Sérgio Moro e os promotores que investigam um extenso escândalo de corrupção conhecido como Operação Lava Jato.
Lula era considerado favorito no período que antecedeu à eleição presidencial de 2018 até que foi preso e forçado a sair da disputa por acusações de corrupção consideradas forjadas por muitos.
Os documentos vazados também revelam que os promotores tinham sérias dúvidas sobre a culpa de Lula. A prisão de Lula ajudou a preparar o caminho para a eleição do ex-oficial militar de extrema direita Jair Bolsonaro, que então nomeou o juiz Sérgio Moro como seu ministro da Justiça.
A notícia da licença de Moro ocorre em meio ao aumento dos pedidos para que ele renuncie depois que novas revelações sobre o papel questionável de Moro na Operação Lava Jato foram publicadas na revista Veja, em parceria com The Intercept.
Falamos com Glenn Greenwald, jornalista vencedor do prêmio Pulitzer e um dos editores fundadores da The Intercept.
Greenwald enfrenta ameaças de morte e uma possível investigação do governo devido a sua reportagem sobre o escândalo.