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No site do Cade
Cade e Petrobras celebram acordo para venda de ativos no mercado de gás natural
Medidas estabelecidas no termo assinado pela estatal visam estimular a concorrência no setor e impedir a ocorrência futura de condutas anticompetitivas
por Assessoria de Comunicação Social publicado: 08/07/2019 16h28 última modificação: 08/07/2019 16h28
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e a Petrobras celebraram Termo de Compromisso de Cessação (TCC), nesta segunda-feira (08/07), relativos a investigações em curso na autarquia sobre supostas condutas anticompetitivas da Petrobras no mercado de gás natural no Brasil, entre elas abuso de posição dominante e discriminação de concorrentes por meio da fixação diferenciada de preços.
Por meio do acordo, a estatal se compromete a vender ativos relacionados ao mercado de gás natural. A medida tem como objetivo impedir a ocorrência futura dos mesmos fatos investigados pelo Cade, além de estimular a concorrência no setor, até então explorado quase integralmente pela Petrobras, por meio da entrada de novos agentes que atrairiam investimentos nacionais e internacionais em vários níveis da cadeia produtiva.
O documento foi assinado pelo presidente do Cade, Alexandre Barreto, e pelo presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, após a homologação pelo Conselho, durante a sessão de julgamento desta segunda. A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) co-assina o documento.
Pelo TCC, a Petrobras se compromete a vender as transportadoras Nova Transportadora do Sudeste (NTS, com participação da Petrobras de 10%), Transportadora Associada de Gás (TAG, com participação da Petrobras de 100%) e Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG, com participação da Petrobras de 51%). A estatal também deverá alienar sua participação acionária indireta em companhias distribuidoras, seja alienando suas ações na Gaspetro, seja buscando a alienação da participação da Gaspetro nas companhias distribuidoras.
O desinvestimento deve ser concluído até 31 de dezembro de 2021. O prazo poderá ser estendido por um ano, a critério do Cade, desde que o pedido de prorrogação seja devidamente justificado pela Petrobras.
Em despacho, o presidente Alexandre Barreto ponderou que o Termo de Compromisso endereça os principais problemas estruturais do mercado de gás natural. “O presente acordo amplia o acesso a mais uma importante fonte de insumos relativos ao mercado de gás natural de modo a torná-lo mais atrativo – e menos concentrado –, e de maneira a permitir a entrada, nesse setor crucial da economia brasileira, de novas empresas e de novos investimentos nacionais e internacionais nos parâmetros da regulação vigente”, afirmou Barreto.
Para garantir a efetividade da medida, os compradores dos ativos não podem possuir, direta ou indiretamente, participação societária da Petrobras ou de suas afiliadas. Além disso, devem apresentar recursos financeiros e incentivos suficientes para manter e desenvolver os ativos adquiridos como um concorrente forte no mercado.
Entre as obrigações previstas para preservar a competitividade dos ativos até a conclusão das vendas, a Petrobras não poderá tomar qualquer medida que possa ter impacto significativo sobre o valor e a gestão dos negócios ou alterar a natureza e o escopo da atividade. Também devem ser mantidas a estratégia industrial ou comercial e a política de investimento dos ativos.
Compromissos adicionais
O TCC celebrado nesta segunda-feira (08/07) com a Petrobras também prevê diversos compromissos acessórios que buscam solucionar os principais problemas estruturais presentes no mercado de gás natural brasileiro.
Entre as obrigações, a Petrobras se compromete a indicar nos sistemas de transporte da NTS e da TAG quais são os volumes de injeção e retirada máxima em cada ponto de recebimento e zona de entrega, por área de concessão de cada companhia distribuidora local e consumos próprios, eliminando flexibilidades e o congestionamento contratual existentes no cenário atual.
A Petrobras ainda deverá adequar, em até 90 dias contados a partir da assinatura do acordo, os contratos vigentes para prestação de serviço de transporte, de modo que os transportadores TAG, NTS e TBG possam ofertar a capacidade remanescente ao mercado, sob a supervisão Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
A estatal também se obriga a abrir mão da exclusividade remanescente em função de ser carregadora inicial referente aos contratos de serviço de transporte vigentes, informando aos respectivos transportadores e à ANP no prazo máximo de 30 dias da publicação do acordo.
Outra questão determinada no acordo diz respeito à negociação de forma não discriminatória, por parte da Petrobras, para acesso de terceiros aos sistemas de escoamento e às suas unidades de processamento de gás natural.
No acordo, a estatal também se compromete a não contratar novos volumes de gás natural, de parceiros ou terceiros, a partir da data de assinatura do Termo de Compromisso.
O cumprimento das cláusulas do acordo será avaliado por meio da contratação, pela Petrobras, de trustee de monitoramento independente, que realizará o acompanhamento do desinvestimento e submeterá relatórios trimestrais ao Cade.
Investigação
Tramitam atualmente no Cade três investigações contra a Petrobras relacionadas a eventuais infrações à ordem econômica decorrentes do elevado poder de mercado detido pela estatal no setor de gás natural.
O Inquérito Administrativo 08700.007130/2015-82 foi instaurado pela Superintendência-Geral em junho de 2016 e teve início a partir de representação apresentada ao Cade pela Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás). Já o Processo Administrativo 08700.002600/2014-30 diz respeito à denúncia formulada ao órgão antitruste pela Companhia de Gás de São Paulo (Comgás), cuja apuração dos fatos iniciou-se em abril de 2014. Por fim, em maio de 2018 o Tribunal do Cade determinou a abertura do Inquérito Administrativo 08700.003335/2018-31 para investigar a atuação da Petrobras no fornecimento de gás natural para a cadeia de produção de energia como um todo.
Os procedimentos administrativos estão suspensos em razão da celebração do acordo e serão arquivados assim que o Cade atestar o cumprimento de todas as obrigações previstas.
Assinatura do acordo
A assinatura do Termo de Compromisso de Cessação entre Cade e Petrobras ocorreu na tarde desta segunda-feira (08/07). Estiveram presentes na ocasião o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, o secretário-executivo do Ministério da Economia, Marcelo Pacheco dos Guaranys, o presidente do Cade, Alexandre Barreto, o superintendente-geral do Cade, Alexandre Cordeiro, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, e o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Décio Oddone.
Nelson
10/07/2019 - 18h04
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) [sic].
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Pelo que o Cade tem feito, esta faltando um complemento. A sigla deveria ser, na verdade, Cadeieub, Conselho Administrativo de Defesa Econômica dos Interesses dos Estados Unidos no Brasil, ou Cadeimc, Conselho Administrativo de Defesa Econômica dos Interesses das Megacorporações.
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“Medidas estabelecidas no termo assinado pela estatal visam estimular a concorrência no setor e impedir a ocorrência futura de condutas anticompetitivas”
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O cinismo, a hipocrisia e a desfaçatez sendo galgado a níveis nunca imaginados. O que estão fazendo é garantir a abertura de mais espaços para a obtenção de gordos lucros sempre maiores pelas megacorporações da energia. Simples assim. Nada, absolutamente nada, tem a ver com competição ou com a oferta de serviços de melhor qualidade a preços e tarifas mais baixos para o povo.
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O que estão a fazer é o que sempre foi o objetivo das privatizações: retirar o Estado da jogada para, em seu lugar, um seleto grupo de grandes empresas privadas possa amontoar ganhos; às custas da grande maioria do povo, é claro, que vai pagar esses ganhos.
Zé Trindade
09/07/2019 - 11h20
A esquerda sempre reclama contra privatizações pq assim nunca mais poderá pôr as mãos nessas coisas do setor público. Mtas vezes não gerem bem nem os próprios recursos pessoais, imagine o que é dos outros.
Marcio
09/07/2019 - 12h13
O Brasil ficou completamente nas màos dessa gantalha imunda por 20 anos e o resultado tà aì.
Lauro Antonio Benevides
09/07/2019 - 15h42
Isso mesmo, só usam o Estado para eles mesmos, esquerda quebrou no Brasil, vão para Venezuela.
Alan C
09/07/2019 - 09h38
Ainda aguardando liberação do meu comentário de ontem, obrigado.
“Você estão liberando comentários devagar demais. Calma aí.”
Alan C
08/07/2019 - 22h16
Deixa eu ver se entendi bem…
Então esse tal CADE e a Petrobrás fazem um TCC relativos a investigações em curso (ou seja, ainda não há um consenso final) na autarquia sobre supostas (em outras palavras, nada comprovado) condutas anticompetitivas da Petrobras no mercado de gás natural no Brasil por meio de dumping, então por meio de um acordo baseado em nada, a Petrobrás se compromete a vender seus ativos no mercado de gás. A medida tem como objetivo impedir a ocorrência futura (de algo não comprovado!) dos mesmos fatos investigados (veja bem, INVESTIGADOS!!!) pelo CADE.
COMO ASSIM???????????????????????????????????????????????????????????
Surreal isso!! Então vamos imaginar que um guarda de trânsito me para e diz “eu acho que vc passou no sinal vermelho, mas não tenho certeza, pra evitar que vc faça de novo o que talvez vc tenha feito, vc vai vender seu carro”.
Depois pobre de direita dá chilique aqui quando o Cafezinho expõe o golpe em curso. Haja Jornal Nacional….
Marcio
09/07/2019 - 11h24
Otima noticia mas duvido se traduza em algo de concreto no preço do gas.
Gilmar Tranquilão
09/07/2019 - 11h44
A notícia é ótima mas lamento, o gás vai aumentar kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Essa coxinhada precisa ser estudada pela NASA!!! kkkkkkk
Marcio
09/07/2019 - 12h02
Vào arranjar alguma forma de fazer cartel, tà no DNA do brasileiro, nào tem saida.
Paulo
08/07/2019 - 22h16
Talvez esteja sendo injusto, mas só a mim parece que o CADE é um Órgão composto por um bando de burocratas mal remunerados que decidem sobre questões envolvendo bilhões de reais e interesses de dezenas de milhões de brasileiros?