– O Facebook lançou ontem sua criptomoeda. Chama se “Libra”. Seu lastro será feito através de títulos nacionais de alguns países com economias estáveis. A circulação já está prevista para 2020. A circulação de valores via Libra será operada por aplicativos como whatsapp ou Messenger e beneficiará pessoas que, ao estarem no exterior, precisam enviar dinheiro para seu país de origem. Com isso o Facebook terá acesso a um fluxo de bilhões de dólares. A iniciativa já preocupou políticos. Congressistas dos EUA, França e Alemanha já se manifestaram contra a moeda e o Grupo dos Sete, que reúne bancos centrais da Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Japão e RU deve emitir opinião sobre o tema em breve.
– Circula na imprensa internacional desta quarta (19) que deve ocorrer na próxima sexta (21) uma reunião entre o presidente Trump, o secretário de Estado, Mike Pompeo, o da defesa (interino), Patrick Shanahan e vários generais sobre a situação do Oriente Médio, em especial com relação ao Irã e possíveis “ataques táticos” a posições iranianas. Seria uma resposta ao que estão alegando ter sido um ataque iraniano aos navios petroleiros do Japão e da Noruega no Golfo de Omã, próximo ao estreito de Ormuz, que faz ligação ao Golfo Pérsico.
– Quando a reunião de sexta foi ventilada, ainda não havia renunciado (ontem, 18) o ministro interino de Defesa dos EUA, Patrick Shanahan. A atitude foi tomada após vir a público uma denúncia de que ele agrediu sua então esposa em 2010. O substituto de Shanahan será Mark Esper. A substituição está sendo feita em um momento de forte de importantes definições quanto aos rumos a serem dados ao conflito com o Irã.
– China e Rússia já se manifestaram em relação a esta escalada da tensão entre EUA e Irã. O vice-chanceler russo, Sergei Ryabkov disse: “o que estamos vendo são tentativas infinitas e contínuas dos EUA de aumentar a pressão política, psicológica, econômica e, sim, militar, de uma maneira bastante provocativa (…) essas ações não podem ser entendidas como qualquer outra coisa que não seja um caminho consciente para provocar uma guerra. Já o representante do governo chinês, Wang Yi, declarou: “pedimos que todos os lados mantenham a razão, tenham cautela, não tomem iniciativas que aumentem as tensões na região e não abram uma caixa de Pandora (…) os EUA devem mudar seus métodos de pressão extrema”.
– A União Europeia, através da conselheira para relações exteriores Nathalie Tocci, também colocou a responsabilidade da escalada de tensão com o Irã nos ombros dos EUA, ao dizer que Trump desrespeitou unilateralmente o acordo nuclear (Plano Conjunto de Ação) assinado por seu antecessor Barack Obama. Além disso, americanos estão trabalhando intensamente para reduzir a zero as exportações de petróleo iranianas, com punição a países que comprarem do país. Há um dado divulgado pela imprensa de que as exportações do petróleo iraniano caíram de 2,5 milhões de barris/dia em abril de 2018 para 400 mil barris em maio de 2019.
– O projeto de acordo comercial entre Mercosul e União Europeia se arrasta há mais de 20 anos. Nos últimos meses a direção do bloco europeu cessante parece querer tirar o acordo da UTI para não ficar com a pecha de não ter conseguido fechar as negociações. O atual mandato da direção da Comissão Europeia termina em 31 de dezembro e a representante para as tratativas do acordo, Cecili Malmstrom, disse na semana passada que sua prioridade número 1 será tirar as negociações do palavrório. Um dos maiores impedimentos, segundo vários interlocutores, foi a chegada de Bolsonaro à presidência do Brasil, criando muitas ressalvas, principalmente entre franceses quanto à pauta anti-ambiental do novo governo brasileiro. Lembre-se que os produtores franceses já tinham ressalvas ao acordo, mas por outros motivos, menos nobres.
– A sucessão de May no Reino Unido segue a pleno vapor. Ontem (18) ocorreu a segunda rodada de votações (são várias). Boris Johnson obteve 126 votos. Ele é o favorito desde o princípio. Uma das vozes mais radicais pró-Brexit. Vão para a terceira rodada de votações Johnson, Jeremy Hunt (ministro do exterior) – 46 votos, Michael Gove (secretário de meio ambiente) – 41 votos, Rory Stewart (secretário de desenvolvimento internacional) – 37 votos e Sajid Javid (secretário do interior) 33 votos. As votações seguem até que fiquem dois no páreo. A disputa tem a cara dos britânicos, que gostam e apostas e horse racing.
– Em artigo no Nexo Jornal, João Paulo Charleaux escreve sobre um dos massacres mais chocantes deste 2019. O extermínio de 95 pessoas da etnia “dogons” (agricultores) no último 10 de junho em um vilarejo na região central do Mali. O nome da pequena vila é Sobame Da e fica 50 km da fronteira com Burkina Faso. Os moradores foram queimados vivos dentro de suas casas. Os que tentaram escapar foram abatidos, inclusive mulheres, idosos e crianças. Cerca de 200 pessoas estão desaparecidas. Há três meses, em março, outras 162 pessoas da etnia “peuls” (nômades islamitas) haviam sido assassinadas em outro vilarejo, Ogossagou. Na explicação dos extermínios estão razões de diferenças étnicas, religiosas, mas principalmente uma disputa por recursos e, nos últimos anos, o combate ocidental ao terrorismo internacional. Segundo o jornalista: “a luta contra o jihadismo, impulsionada pela ação militar de países estrangeiros, ajudou a potencializar os conflitos étnicos locais”. A França, em especial, tem interesses estratégicos na região por ser uma zona de extração de urânio do país vizinho Niger, que alimenta as usinas nucleares francesas.
– A Duma, parlamento russo, aprovou ontem (18) uma lei para suspender o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF) assinado em 1987 com os EUA, ao final da Guerra Fria. Os americanos já haviam deixado o acordo com Trump.
– Os protestos em Hong Kong das últimas semanas e o recuo do governo local em adotar uma legislação que possibilitaria a extradição de cidadãos para a China continental têm sido explorados pela imprensa ocidental como uma “derrota” de Xi Jiping. Por outro lado, o governo chinês divulgou que estar de acordo com a condução do processo pela chefe executiva de Hong Kong, Carrie Lam.
– Está sendo investigado pela Venezuela e por uma comissão da OEA a utilização de recursos da “ajuda humanitária” supostamente destinada ao povo venezuelano por assessores do autointitulado Juan Guaidó. Recibos divulgados pela PanAm Post mostram o uso dos recursos por ex-militares venezuelanos e equipe de apoio a Guaidó para pagar hotéis, carros e roupas de luxo em lojas na Colômbia. Os documentos publicados também revelam que ao contrário de 1450 ex-militares venezuelanos desertores para a Colômbia, como afirmado por Guaidó, há registros de cerca de 700. Por fim, há também alimentos de doações apodrecendo na cidade colombiana de Cúcuta, palco da tentativa de invasão do dia 23 de fevereiro. Só o governo americano informou doação de 213 milhões de dólares para o “fundo humanitário” e o governo canadense 40 milhões.
– Por troca de mensagens de sms que demonstraram parcialidade, procurador geral e outros dois procuradores suíços foram afastados da investigação sobre corrupção na Fifa. O mesmo procurador geral, Michael Lauber, também é responsável pela investigação de contas e transações brasileiras que estão relacionadas à Lava Jato, mas ele não foi afastado desta função. Será que ele vai aparecer na troca de mensagens entre os responsáveis pela Lava Jato divulgadas a conta gotas nas últimas semanas pelo The Intercept Brasil? A ver.