Notas internacionais (por Ana Prestes) 18/06/19

*foto: Dario Oliveira (Estadão)

– O Brasil não é mais o quinto país mais populoso do mundo. Agora é o Paquistão. O dado está em um relatório da ONU, lançado ontem (17), chamado World Population Prospects analisa 235 países e regiões. Segundo o relatório, o Brasil está crescendo a um ritmo mais lento do que a média mundial e nossa população deve chegar ao seu máximo em 2045 com 229,6 milhões de pessoas. Pelo relatório, a partir de 2046 teremos uma redução no número de pessoas, chegando a 180,7 milhões de habitantes em 2100.

– Ex-presidente do Egito, Mohammed Morsi, que assumiu o poder através das primeiras eleições do país (2012), após a queda de Hosni Mubarak, morreu ontem (17) enquanto falava a uma corte de justiça, no Cairo. Ele era dirigente da Irmandade Muçulmana, que chamou a morte do líder de “assassinato”. Morsi não durou muito na presidência, tendo sido derrubado por militares em 2013. Hoje o Egito é dirigido pelo general Abdel Fattaha el-Sisi que venceu as eleições de 2014 com 96,9% dos votos e a de 2018 com 97%, sem que opositores e a própria Irmandade Muçulmana tenham podido concorrer. A morte de Morsi pode causar muitos protestos e convulsão social no Egito.

– Na Bolívia, dados do Instituto Nacional de Estatística revelam que entre 2006 e 2018 foram investidos mais de um bilhão de dólares por parte do Governo em um fundo habitacional para famílias sem imóvel próprio. Montante superior aos 300 milhões gastos entre 1993 e 2005. Hoje 64% das famílias bolivianas possuem habitação própria, sendo que Beni e Potosí registram a porcentagem de 72,5% e 71,1%, respectivamente, segundo dados divulgados pela imprensa boliviana.

– No Chile, os professores da educação básica estão na terceira semana de greve nacional. Entre as reivindicações, além das salariais e por melhorias nas condições de trabalho, está a revogação da reforma que retirou as disciplinas de História, Educação Física e Artes como obrigatórias na grade curricular do Ensino Médio.

– Por aqui pouco se noticia, mas o Haiti está vivendo uma verdadeira insurreição. A situação do país é de calamidade com o desemprego passando dos 60%, salário mínimo de 5 dólares, famílias inteiras vivendo em barracas improvisadas, ainda como consequência do terremoto ou do desvio dos fundos destinados às reparações do país. No domingo (16), pelo menos 8 pessoas morreram em protestos no oeste do país. Desde ontem (18), em Porto Príncipe as escolas estão novamente fechadas, o transporte público suspenso e estradas estão interditadas por barricadas organizadas por manifestantes. A principal demanda dos manifestantes é a renúncia do presidente Jovenel Moise. Não somente Moise, como outros que governaram no período recente, estão envolvidos com o desvio de mais de 2 bilhões de dólares do fundo Petrocaribe (2008 – 2016).

– Nos EUA, foi anunciado ontem (17) o envio de mais de mil militares para o Oriente Médio, em meio a uma escalada da tensão contra o Irã. O número de militares americanos hoje no Oriente Médio beira os 50 mil. No mesmo dia do anúncio americano, o governo iraniano informou que até o dia 27 de junho suas reservas de urânio enriquecido ultrapassarão as metas estipuladas pelo acordo nuclear de 2015, do qual os americanos já saíram, mas que conta com os europeus. O episódio mais recente da tensão dos EUA com o Irã foi o ataque a dois petroleiros, um japonês e um norueguês, no Golfo de Omã, ligado pelo estreito de Ormuz ao Golfo Pérsico. Pelo Estreito de Ormuz passa diariamente um terço de todo o petróleo do mundo transportado por via marítima.

– O presidente chinês, Xi Jinping, chegará à RPDC – Republica Popular e Democrática da Coreia nesta quinta (20) e ficará até sexta-feira. Será a primeira viagem da mais alta autoridade chinesa à Coreia do Norte em 14 anos. O último presidente chinês a visitar a Coreia foi Hu Jintao em 2005. A visita ocorre às vésperas do G20 e em um momento de tensão entre EUA e Coreia do Norte, que estiveram em conversações históricas no ano passado e início deste ano, mas que refluíram na tentativa de chegarem a um acordo.

– Após pressionar o México, até uma militarização de suas fronteiras com os EUA, Trump agora cumpre sua chantagem com relação aos países da América Central. O presidente americano cancelou a destinação de 370 milhões de dólares que seriam destinados a países como El Salvador, Guatemala e Honduras, previstos no orçamento de 2018 e mais 180 milhões do orçamento de 2017 que não haviam sido utilizados. Segundo a porta voz do Departamento de Estado: “não serão entregues fundos até que o governo esteja satisfeito com a redução do número de imigrantes que chegam à fronteira com os EUA”. Em maio, mais de 132 mil pessoas foram detidas enquanto tentavam cruzar a fronteira americana (maior número desde 2006). Nos últimos dias, o México encontrou quase 800 migrantes, muitas crianças, muito mal acomodadas em containers puxados por caminhões na região de Veracruz, leste do país, e que se dirigiam aos EUA. Segundo o chanceler mexicanto, Marcelo Ebrard, em declarações divulgadas pela imprensa, cada viajante paga entre 3500 e 5 mil dólares em seu país para ser transportado até os EUA via México.

– Na Rússia, imprensa e governo comentam sobre as mais recentes indisposições com o governo Trump diante dos rumores de ameaças aos setores bancário, de transportes e elétricos russos via ataques cibernéticos norte-americanos. Matéria do New York Times diz que desde 2012 os EUA vem monitorando o sistema elétrico russo e que recentemente conseguiram implantar um “malwere” nos controles da rede elétrica local. O jornal acusa Trump e o Congresso americano de terem ciência da operação.

Ana Prestes: Ana Prestes Socióloga, mestre e doutora em Ciência Política pela UFMG. Autora da tese “Três estrelas do Sul Global: O Fórum Social Mundial em Mumbai, Nairóbi e Belém” e do livro infanto-juvenil “Mirela e o Dia Internacional da Mulher”. É membro do conselho curador da Fundação Maurício Grabois, dirigente nacional do PCdoB e atua profissionalmente como assessora internacional e assessora técnica de comissões na Câmara dos Deputados em Brasília.
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