A maioria absoluta dos brasileiros, de quase 60% (58%, para ser exato), segundo pesquisa feita pelo instituto Atlas Político, acha que juízes que mantém conversas privadas, com a defesa ou acusação, sem conhecimento da outra parte, deveriam sofrer sanções.
A pesquisa do Atlas Político, divulgada hoje pelo El País, e cuja íntegra pode ser baixada aqui, mostra algumas mudanças importantes na opinião pública.
A aprovação de Moro sofreu um forte abalo, de mais de 10 pontos, caindo de 60% para 50%, percentual todavia ainda alto, se comparado à performance de outros políticos.
O apoio a prisão de Lula ainda é majoritário (49%), mas houve expressiva evolução em favor do ex-presidente, pois, segundo a pesquisa este apoio era de 58% em abril.
Eu separei alguns gráficos da pesquisa, e trechos da matéria publicada no El País:
(…) O levantamento, feito online com 2.000 pessoas de todo o país (o resultado tem margem de erro de 2% para cima ou para baixo), mostra que 73,4% dos entrevistados tomaram conhecimento das conversas entre Moro e Dallagnol, divulgadas no último domingo, dia 9, pelo jornal The Intercept Brasil. Desses, 58% reconhecem que a prática de um juiz aconselhar e manter conversas privadas com membros da acusação ou defesa de um réu, sem o conhecimento da parte adversa, é incorreta. Somente 23,4% consideram esse comportamento correto. Outros 18,6% não opinaram.
(…)
Mesmo com um avalanche de notícias que colocam em dúvida sua atuação, a pesquisa da Atlas Político mostra que as opiniões se dividem quase igualmente sobre eventuais abusos de Moro na época da Lava Jato quando entra o nome do ex-presidente Lula. Para 41,9% dos entrevistados ouvidos, o ex-juiz cometeu abusos na condução do processo do ex-presidente. Mas para 40,8%, não. Outros 17,2% deixaram de responder a essa pergunta.
(…)
Seja como for, a pesquisa mostra uma certa metamorfose na opinião pública brasileira sobre a imagem da prisão do ex-presidente petista. Ainda que uma maioria dos brasileiros se mostre a favor da prisão de Lula (49,4%) neste mês de junho, a Atlas mostra que essa certeza já foi maior. Em abril, a empresa fez a mesma pergunta em pesquisas para medir o impacto da entrevista concedida pelo ex-presidente Lula ao EL PAÍS e ao jornal Folha de São Paulo depois de um ano preso em Curitiba. Na ocasião, 57,9% dos que foram ouvidos se diziam favoráveis à pena de prisão de Lula, e 33,10% contra. Neste mês os contrários à pena do ex-presidente subiu para 38,4%. Outros 12,3% preferiram não responder a essa questão no levantamento deste mês (em abril 9% não havia se posicionado).
(…) A avaliação sobre o Governo do presidente Jair Bolsonaro se mantém praticamente no mesmo patamar do mês passado, com 37,4% das opiniões entre ruim e péssimo (em maio era 36,2%) e 30,4% entre bom e ótimo (era 28,6% no mês passado). Outros 29,8% consideram sua gestão regular e 2,4% preferiram não opinar. Apesar do retrato do momento, o presidente Bolsonaro ainda tem uma imagem positiva para 50,3% dos entrevistados, um resultado que o coloca praticamente em empate com seu ministro da Justiça.
Atualização:
A pesquisa também trouxe dados de aprovação das principais personalidades políticas do país. Segue os prints e os comentários.
A imagem acima mostra que Sergio Moro permanece o político mais popular do país, mas caiu para o nível de Bolsonaro, 50%, com perda de 10 pontos positivos e aumento de 7% em sua rejeição. Bolsonaro se manteve estável, e até melhorou de posição, perdendo 2 pontinhos de rejeição e ganhando 3 de aprovação.
Lula experimentou melhora em sua imagem: com 35% de aprovação, é a liderança mais forte na oposição, seguido de Haddad e Ciro, ambos com 23%. Os três, Lula, Haddad e Ciro, tem rejeição alta, acima de 50% (Bolsonaro tem 44% de rejeição).
O gráfico que vem a seguir mostra que a denúncia do Intercept fez um estrago enorme na maneira como a população vê o processo de Moro contra Lula: 42% consideram que Moro cometeu abusos na condução do processo contra o petista.
Entretanto, uma maioria de 46% X 43% acham que Lula foi condenado com provas.
Haddad perdeu um pouco de rejeição, mas também perdeu pontos positivos.
Ciro tinha experimentado uma queda em sua rejeição importante em maio, mas manteve o mesmo patamar em junho, e viu sua aprovação oscilar dois pontos para baixo.