Mais uma produtiva reunião do Bolsonaro com seus ministros:
— Bom dia, pessoal. Temos alguns assuntos importantes pra tratar hoje. Primeiro essa cuestão aí da economia. Tá todo mundo dizendo que estamos indo ladeira abaixo. Que que a gente pode fazer, ô Guedes?
— Reforma da Previdência, presidente, reforma da Previdência! É o único jeito de salvar o país.
— Será? Falaram isso da reforma trabalhista também… E se a gente tentar algo diferente? De repente algum investimento estatal… Esse negócio de liberalismo não tá com cara de quem vai funcionar não, o tal mercado só reclama e não resolve nada!
— Presidente, olha o que o senhor está falando. Investimento estatal, correto?
— Isso.
— E estatal significa o que?
— Hmm… Tem a ver com o Estado?
— Isso! E quem gosta de Estado, presidente?
— Os comunistas?
— Exato! E nós vamos adotar medidas comunistas, agora?
— Tem razão, tem razão. Bom, uma hora o mercado resolve isso daí. E ninguém pode reclamar, eu sempre falei que não entendo nada de economia. Vamos pro segundo ponto: é hora de acabar com a indústria da multa. Essa vai ser a prioridade do governo a partir de hoje. O plano é aumentar o limite de pontos na CNH, liberar os caminhoneiros pra tomar as boletas deles e acabar com a obrigação daquelas cadeirinhas pra carregar bebê. Troço chato de colocar da porra.
— Gostei, presidente, são medidas bastante liberais, mas a prioridade tem que ser a Previdência!
— Sim, Guedes, é modo de falar. É tipo uma metáfora, tá ok?
— Presidente, eu acho que a nossa prioridade tem que ser outra. Continuo dedicada à tarefa de analisar desenhos infantis em busca de mensagens demoníacas e que incentivam a depravação e tudo o mais que corrompe nossas crianças. O Popeye e o Pica-pau, por exemplo…
— Porra Damares, cê tá de sacanagem. Pode continuar esse trabalho aí mas o governo tem coisas mais graves pra se preocupar. Ninguém aguenta mais tomar multa em retão nas estradas desse país. Vamos pra cima desses malditos radares!
— As medidas que o senhor sugeriu provavelmente vão provocar o aumento no número de acidentes e mortes nas estradas, presidente, não me parece uma boa ideia.
— Ninguém perguntou sua opinião, ô astronauta. Você foi pro espaço e nem percebeu que a terra é plana. O mestre Olavo não sai da casa dele lá na Virgínia e sabe mais do que você. Bom, como sou eu que tenho a caneta Bic, vou mandar o projeto pra Câmara e fim de papo. Ô Moro, juridicamente tá tudo certo com essas cuestões aí que eu tô propondo, não é?
Tziu, fiu, floc, plumb, zapt.
— Ei, Moro! Moro! MORO!!!
— Opa, desculpa senhor presidente, me distraí aqui, essa fase tá muito desafiadora…
— Porra, jogando joguinho de celular durante a reunião? Cara de pau você, hein? Ao menos finge que trabalha enquanto faz hora pro STF. E já sabe, quero ver você no culto toda semana! Se eu fosse você ficava esperto, o Edir e o Silas tão de olho nessa vaga aí, tá ok?