Eduardo Moreira: reforma deveria atacar privilégios, mas só atinge os mais pobres
04/06/2019
O economista Eduardo Moreira fez uma análise da reforma da Previdência, que foi proposta por Jair Bolsonaro (PSL). A principal característica da PEC, segundo o especialista, é a retirada de direitos e renda dos brasileiros mais pobres, aprofundando as desigualdades no país.
“Uma reforma da Previdência deveria atacar privilégios e privilegiados, mas ela vai atacar o povo brasileiro e os mais pobres. Mais de 90% da economia que a reforma irá gerar vem dessas pessoas e isso está nos documentos do governo”, explicou Moreira. Ainda segundo o economista, a PEC só fará os brasileiros trabalhar mais e receber menos. “Para quem é servidor público e para a chamada classe média tradicional essa reforma é incrivelmente perversa”, destacou.
A perversidade a que Eduardo Moreira se refere está, inclusive, no sistema de capitalização, que na prática é a entrega das aposentadorias dos trabalhadores para os bancos. Como se não bastasse o ataque ao direito dos brasileiros, Bolsonaro quer gastar recurso público para implementar a capitalização. Serão R$ 954 bilhões em 20 anos.
O número foi divulgado somente três meses após a PEC da reforma chegar ao Congresso Nacional, pelo secretário de Previdência do Ministério da Economia, Leonardo Rolim, durante audiência na Câmara dos Deputados. A divulgação na agradou o secretário especial de Previdência e trabalho, Rogério Marinho, que foi flagrado pela imprensa dando um puxão de orelha em Rolim.
Para Moreira, as intenções do atual governo são claras em favorecer os mais ricos, em detrimento dos trabalhadores. O especialista defende que a tributação das grandes fortunas. “O Brasil precisa na verdade tributar é os mais ricos, cobrar os grande devedores da Previdência, parar de dar isenções e benefícios fiscais para quem não precisa e voltar a investir para gerar empregos. É isso que torna a Previdência sustentável. O resto é história para continuar tirando dos mais pobres e dar para os mais ricos. E isso o país não aguenta mais”.