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Debate na FGV sobre perspectivas para 2019

No site da FGV Pesquisadores do FGV IBRE debateram na manhã de quinta-feira (23/5), em São Paulo, as projeções para a economia brasileira apresentadas no último Boletim Macro IBRE. O evento faz parte da série de seminários promovidos pelo IBRE em parceria com o jornal O Estado de S. Paulo. Silvia Matos, coordenadora do Boletim […]

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No site da FGV

Pesquisadores do FGV IBRE debateram na manhã de quinta-feira (23/5), em São Paulo, as projeções para a economia brasileira apresentadas no último Boletim Macro IBRE. O evento faz parte da série de seminários promovidos pelo IBRE em parceria com o jornal O Estado de S. Paulo.

Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro, indicou que a estimativa do IBRE para o PIB deste ano é de 1,4%, mais otimista que a mediana das expectativas de mercado divulgada no último relatório de Mercado do Banco Central, de 1,24%.

A economista destacou, entretanto, a piora do cenário internacional com o acirramento do conflito entre os Estados Unidos e China e os sinais de desaceleração do comércio mundial, e o risco de uma possível nova rodada de mau humor para os emergentes. “Perdemos uma janela de redução de risco para os emergentes entre o final do ano passado e o início deste, e agora essa tendência se reverteu sem que a aproveitássemos”, afirmou, ressaltando o ambiente doméstico de desaceleração econômica, tensão política e aumento de incerteza. Silvia ressaltou o reflexo desse contexto no comportamento do câmbio, a começar por março, quando o real sofreu uma desvalorização de 0,6%, quando variáveis como juros e preço de commodities apontavam para a possibilidade de valorização. “A nova desvalorização observada em maio já soma ao cenário interno elementos externos, piorando o cenário”, disse, apontando a possibilidade de aumento do risco país, “o que levaria o câmbio a ficar acima dos R$ 4”.

A estimativa do FGV IBRE para o IPCA é de 4,1%. “O que não é um problema em si, já que os núcleos estão comportados, mas com a pressão do preço de alimentos e administrados tampouco se houve uma desaceleração nesses núcleos, mesmo com a atividade mais fraca”, destacou Silvia. A economista ainda destacou a piora nos índices de incerteza e de confiança tanto de empresários quanto de consumidores “estes últimos, mantendo uma diferença maior entre o cenário atual e a expectativa do futuro, sobre o qual demonstram ser mais otimistas”. Para o mercado de trabalho, a projeção do FGV IBRE é que o nível de desemprego continua em 12,1%, com piora na composição devido ao aumento da informalidade. “Isso traz efeitos sobre a renda real, cuja evolução estimamos que será pior que no ano passado.”

Outro destaque feito por Silvia foi para a perda de ritmo dos investimentos, que no passado registraram expansão de 2%, e pelas projeções para 2019 deverá crescer 1,4% – já descontado o efeito contábil da importação de plataformas de petróleo feita em anos anteriores. “O que recuperamos de investimento no período recessivo já perdemos, e não é possível pensar em crescimento sustentável sem investimento”, afirmou.

No evento, José Julio Senna, chefe do Centro de Estudos Monetários do FGV IBRE, reforçou sua posição contrária a uma queda da Selic como forma de estimular a atividade. “O foco do Banco Central tem de ser manter a inflação sob controle. Se hoje ele testasse uma mexida na taxa de juros poderia confundir o mercado e provocar uma reação adversa”, disse. Para Senna, a melhor iniciativa em termos de política monetária será uma revisão para baixo na meta da inflação, para 3,5% em 2022. “Nunca tivemos uma chance tão boa de trabalhar com inflação baixa, expectativa civilizada e juros baixos. Se pudéssemos eliminar o intervalo da meta e trabalhar com um único percentual, seria ainda melhor para convergir as expectativas”, afirmou.

Senna ainda ressaltou o alto grau de vulnerabilidade da economia brasileira – hoje não mais produto de problemas com balanço de pagamentos ou endividamento externo, mas de uma baixa capacidade de crescimento. “Se olharmos os últimos 40 anos da nossa história veremos que o ritmo médio anual do crescimento de PIB per capita foi de 0,9%. E, de 1980 para cá, o ritmo de crescimento médio da produtividade do trabalho foi de 0,5% ao ano, incompatível com a capacidade de crescimento que precisamos alcançar”, diz. São dados que, para Silvia, reforçam o alerta de que a reforma da Previdência – apesar de capital – não resolverá todos os problemas que minam o dinamismo do país. “Temos que cuidar do ambiente de negócios, e perseverar em reformas no campo microeconômico que nos blindem do risco de cair na mesma armadilha de países como o México, onde uma série de reformas não surtiram efeito devido à manutenção de um ambiente institucional ruim”, disse.

No evento, o cientista político Carlos Melo ressaltou a importância de que o governo corrija seu rumo na tramitação das reformas, evitando o círculo vicioso em que “a política atrapalha a economia, e a questão econômica pressione ainda mais o campo político”. Para isso, Samuel Pessoa, pesquisador associado do FGV IBRE, defendeu a importância de o governo do presidente Jair Bolsonaro aprender a lidar com a lógica política – “profissão em que se está demitido a cada quatro anos” – para fortalecer sua base. “Pensando sob essa lógica de que um político tem que saber qual mensagem deixará para sua base a cada quatro anos, para conquistar apoio o governo precisa apontar um caminho claro que seus apoiadores irão trilhar. Caso contrário, é mais fácil, para esses políticos, jogar pedra e ser manter como oposição”, concluiu.

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