Voltamos aos momentos mais clássicos da era colonial, exportando nossos recursos naturais em quantidade recorde, desativando nossas manufaturas e importando os mesmos produtos já industrializados.
Ontem mostramos como as exportações brasileiras de petróleo cru estão crescendo e batendo recordes históricos, em função da entrada em produção dos novos campos do pré-sal.
Agora veremos como, na contramão da exportação do produto cru, a nossa produção de derivados de petróleo vem caindo fortemente desde 2015.
No acumulado dos últimos 12 meses, a produção nacional de derivados de petróleo, segundo informações da ANP, ficou em 636,2 milhões de barris equivalentes. Apesar da leve alta sobre 2018, permanece como o segundo menor nível de produção desde 2010.
As importações de óleo diesel, por outro lado, o principal combustível usado no país, por ser aquele usado no transporte rodoviário de nossas mercadorias, cresceram fortemente no mesmo período em que nossas exportações começaram a ganhar volume.
A importação de diesel tem recuado nos últimos meses em função de decisões políticas do governo Bolsonaro, de segurar o preço do combustível vendido pela Petrobras.
Mesmo assim, a importação de diesel no acumulado dos últimos 4 meses (jan/abr) foi a segunda maior desde 2015.
Observe ainda o crescimento da importação de outros derivados, não tanto em comparação com 2018, que registrou recordes absolutos, mas com anos anteriores.
A importação de diesel totalizou US$ 1,7 bilhão nesses quatro primeiros meses do ano. Apesar da queda de 27% sobre o ano anterior, este valor representa alta de 14% sobre 2017 e de 143% sobre 2016.
Em alguns casos, a crise dos últimos meses não impediu altas espetaculares na importação de alguns derivados na comparação com 2018.
A importação de querosene para aviação, por exemplo, totalizou US$ 241,88 milhões em Jan/Abr deste ano, recorde histórico, e forte alta de 144% sobre o ano anterior.
O Brasil importou US$ 605 milhões em gasolina em Jan/Abr 2019, queda de 12,7% sobre o ano anterior e de 18% sobre 2017, mas alta de 157% sobre igual período de 2016.
Olhando apenas para a importação de diesel, que é nossa principal despesa na balança comercial, o Brasil importou US$ 5,6 bilhões no acumulado dos últimos 12 meses, uma queda de 13% sobre o ano anterior.
Mas as importações de diesel dos EUA caíram apenas marginalmente, 2,7%, e com isso ampliou sua participação na importação brasileira de diesel para 87%.