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Ironias

Os protestos contra os cortes na educação sacudiram o tabuleiro político. Seu sucesso foi reconhecido até mesmo por expoentes da direita como o MBL e o Antagonista – com todo o respeito à palavra “expoentes”. Jair Bolsonaro preferiu seguir viagem na sua louca nave que desbrava um universo paralelo a cada dia. Depois de chamar […]

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Quarteirão do MASP, na Av. Paulista, lotado na manifestação do último dia 15. (Foto: Mídia Ninja)

Os protestos contra os cortes na educação sacudiram o tabuleiro político. Seu sucesso foi reconhecido até mesmo por expoentes da direita como o MBL e o Antagonista – com todo o respeito à palavra “expoentes”.

Jair Bolsonaro preferiu seguir viagem na sua louca nave que desbrava um universo paralelo a cada dia. Depois de chamar os manifestantes que encheram as ruas do país de idiotas úteis, o presidente disse que só viu “faixa de Lula Livre, mais nada”. Os toscos comentários foram proferidos a partir de Dallas, nos EUA, onde Bolsonaro recebeu um prêmio deveras duvidoso e, depois das bordoadas do prefeito de Nova York, fragorosamente esvaziado.

Se Bolsonaro estivesse no Brasil e resolvesse sair às ruas para uma averiguação – disfarçado, é claro – talvez percebesse que a liberdade de Lula esteve longe de ser a pauta central dos protestos. O foco foi mesmo a educação – e como é lindo ver a educação no foco do país, mesmo que seja em um momento defensivo.

A quantidade de estudantes que compareceu aos atos foi notável. Desde pré-adolescentes com seus uniformes do colégio até universitários com seus jalecos, todos unidos em uma balbúrdia só, restou evidente que o governo Bolsonaro começa a ser visto pelos jovens como o que de fato é: um inimigo mortal da educação.

Nada mais didático do que um governo de extrema-direita. Parece paradoxal, mas a ascensão de Bolsonaro ao poder pode ser o marco inicial da derrocada da onda conservadora. 

O paradoxo é, afinal, apenas aparente. Ao assumir o poder central, o conservadorismo passou de pedra a vidraça. Suas visões de mundo estão sendo testadas pela afiada espada da realidade.

Como suas respostas para as demandas da sociedade transitam entre a nulidade e o agravamento dos problemas, a tendência é que um contingente de jovens cada vez maior posicione-se na oposição aos desmandos do executivo. Consequentemente, esses jovens tendem a cerrar fileiras no lado oposto da carcomida ideologia que agarra-se a um passado que nunca existiu, tremendo de medo das inevitáveis mudanças que são a tônica da existência. TFP e Senhoras de Santana revival é démodé demais.

Uma nova geração de alunos do Olavo que despontava tragicamente no horizonte pode, a partir do irremediável desastre que atende pelo nome de governo Bolsonaro, dar lugar a uma politização da juventude forjada nas ruas, nos debates e nas lutas.

Mesmo que seja apenas a materialização da terceira lei de Newton, não deixa de ser irônico que um governo de extrema-direita seja o responsável por fazer ressurgir um ambiente revolucionário e ativista na juventude brasileira.

***

Outra ironia interessante é a suspeita do Ministério Público de que Flávio Bolsonaro comprou e vendeu diversos imóveis para lavar dinheiro – a valorização de alguns imóveis negociados supera, e muito, a valorização média dos imóveis na região. Os Bolsonaro saíram de seu papel marginal na política nacional diretamente para o núcleo do poder surfando na onda da criminalização da política e do antipetismo. A difundida crença de que os filhos de Lula possuem jatos, Ferraris, ilhas, a Friboi e o escambau é um bom retrato da insanidade ideológica que tomou conta do país. Eis a ironia: a fama é dos filhos de Lula, mas é o filho de Jair Bolsonaro quem deve explicações sobre os indícios de crimes apresentados pelo MP. Aguardemos as correntes de Whatsapp sobre os esquemas do Flavinho.

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Pedro Breier

Pedro Breier nasceu no Rio Grande do Sul e hoje vive em São Paulo. É formado em direito e escreve sobre política n'O Cafezinho desde 2016.

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Comentários

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DUDHA MACKENNA

18/05/2019 - 13h40

GAME OF THRONES BRAZIL – EPISÓDIO 8: A DERROCADA DA CASA BOLSONARO?
Bem a Massa foi pra rua, a mídia cobriu vigorosamente os protestos, a chamada “mídia alternativa” no YouTube, num frenesi vingativo, entrou em êxtase e Mourão (em nome dos Militares) deu sua benção: “a manifesção é Democrática”. Em seguida, como em um script da Netflix, ecoam gritos, a esquerda, a direita (e pasmem até das corporações do Mercado!) para (mais um!!) impeachment presidencial! Humm. Muita calma nessa hora…
Bolsonaro como não podia deixar de ser, reagiu com a classe de sempre e, com exceção ao uso das usuais ofensas, foi o único a ter uma leitura real do que estava acontecendo: “são todos massa de manobra”…
Calma! Me explico… É óbvio que, como bem demonstra a nossa (triste) história política, quando o Complexo Golpista (Militar/Financeiro/Banksters/Midiático/Judiciário etc.) apadrinha as manifestações contra um governante, está dada a senha para derrubado do coitado (a) e sua vã ingenuidade seja conciliatória, seja fascista de que ganhar o Governo de uma Democracia Burguesa, significa ganhar o Poder… Bem longe disso…
A robusta cobertura das manifestações estudantis pela mídia Global, nada mais é do que o uso de sua poderosa máquina de informação para manter o controle sobre a narrativa dos eventos. A despeito do heroico esforço dos canais de políticos do YT e outras bolhas sociais da esquerda em tentarem em vão disputar esse espaço no final é a narrativa golpista que vai prevalecer na expectativa de que, uma vez livre do estorvo bolsomita, garantir a continuidade de sua agenda ultra-liberal sob a batuta de um novo fantoche seja fardado ou de macacão…
O nefasto manifesto suicida excretado ontem pelo acossado Presidente corrobora a tese de Nildo Ouriques de que, como já feito durante as fraudulentas eleições, a ultra-direita fascista, na voz de Bolsonaro, acusa o sistema (mecanismo) pelo seu retumbante fracasso, denuncia de forma contundentemente Marxista, o Estado como balcão de negócios das misteriosas corporações (burguesia) e, ao fazê-lo toma para si o discurso da esquerda cirandeira no armário e convoca sua fan base (Militares de baixa patente, PM, Milícias, Classe Média canarinho e mínios fascistas de toda ordem) para uma guinada ao Nazi-fascismo escancarado liderado pelo Mito. Não subestimemos a capacidade dessa gente…
Com o tal manifesto, Bolsa cruza o rabicão e chama, esquerda e direita para porrada. Sem a presença de um ente mediador nesse que parece ser o último ato de um governo natimorto será violento, dramático e repleto de revelações bombásticas com consequências imprevisíveis para as já apodrecidas instituições da República e um desafio para garantia da governabilidade de quem quer que seja o próximo coitado a sentar no Trono, digo Cadeira Presidencial… Quem viver verá.

Paulo

17/05/2019 - 22h28

“TFP e Senhoras de Santana revival é démodé demais”, diz o articulista. Ah, que saudades de um Brasil desses, em que “A Marcha da Família com Deus pela Liberdade” ponteava a reação conservadora! Hoje, o que vemos são os evangélicos pautando o Governo Bolsonaro, nesse campo, e esperando que Israel retome Jerusalém para que se cumpra a “profecia pós Cristo”, de São João e São Paulo (ou seja, uma incongruência, pois não houve profetas pós-Cristo), que falam no “arrebatamento da Igreja”. Igreja essa que, além de tudo, eles renegam…sem falar no erro conceitual de tomar judeus por cristãos.

Zé Maconha

17/05/2019 - 15h15

Sobre o iminente inpeachment nada.
Agora é tarde pra vocês do Cafezinho tentarem se redimir..
Os comentários das viúvas do Ciro aqui só mostram como o Cafezinho e o PDT estão deslocados da realidade.
Vou repetir essas duas frases de Miguel do Rosário todos os dias:
O caso Queiroz é apenas uma cortina de fumaça da mídia.
Achar que Bolsonaro corre risco de cair é delírio da esquerda.

    Francisco

    18/05/2019 - 13h19

    O pior é Ciro não perceber e o Cafezinho ir no vácuo, que o Novo partido dos bancos, gerido pelo ‘boy de banqueiros’, João “Amôedo” Dionísio, ocupou de forma mais explícita o espaço pretendido por Ciro junto a Bolsonaro, ambos pensando em lucros a serem colhidos mais à frente.

    No fim, como anunciado, danaram-se todos.

Roberto

17/05/2019 - 12h37

Eu até pensei em participar desta manifestação, mas quando um vi uma faixa da CUT, do MST e outra com lula livre, pulei fora. Me perdoe mas não quero ser taxado de idiota útil…

    Alan C

    17/05/2019 - 12h51

    Moro numa capital de estado e eu fui, mas houve mais de uma manifestação, teve uma que o ponto de encontro foi numa praça, ali a manifestação foi organizada pelas centrais sindicais, manifestação desse tipo eu nem passo perto, eu fui numa que saiu do Instituto Federal, composta por alunos, professores, servidores e gente do povo que aderiu, não tinha uma bandeira de central sindical nem de partido e muito menos de lula livre. Essa manifestação se encontrou com a que eu citei, antes disso eu deixei a manifestação.

    cid elias

    17/05/2019 - 12h59

    idiota inútil, é exatamente o que vc é…

Nem a pau, Nicolau

17/05/2019 - 11h53

Sergio Araújo, como você é inteligente !!

Fábio maia

17/05/2019 - 11h48

Rosário. Passo aqui uma vez por semana só para constar seu suicídio profissional. Os comentários de teu site são a prova viva disto

    Francisco

    18/05/2019 - 13h00

    Só o Cafezinho não percebe.

Sergio Araujo

17/05/2019 - 11h39

OBS: protestos de idiotas se fazem no meio da semana, perdendo aula, trabalho e prejudicando os outros, protestos de gente no fim de semana.

    Alan C

    17/05/2019 - 12h04

    “Protestos” que a Casa Grande adora, com camisa da honesta CBF, aqueles “protestos” que não incomodam ninguém, muito menos o sistema.

      Sergio Araujo

      17/05/2019 - 12h10

      O Brasileiro tà longe de saber o que sào democracia e civildade.

        Alan C

        17/05/2019 - 12h13

        É vc que tá dizendo…

Sergio Araujo

17/05/2019 - 11h34

Nào sào idiotas utèis, sào idiota inutèis.

    Alexandre Neres

    17/05/2019 - 13h56

    A confimar. Fiquei sabendo por meio de fonte fidedigna que o comentarista Sergio Araujo seria o ex-ministro da educação Vélez Rodríguez. A prova cabal seria sua indigência intelectual. Procede?


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