Marcelo Freixo exclusivo: “a esquerda tem que conversar com os evangélicos”

Na tarde da última sexta-feira tive a oportunidade de receber o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) na Livraria Leonardo da Vinci para uma conversa sobre a conjuntura política no Brasil e no Rio de Janeiro.

Entre diversos temas, Freixo falou sobre a unidade da esquerda e a realização de prévias para seleção dos candidatos do campo progressista nas eleições.

A entrevista na íntegra está no vídeo, mas seguem alguns momentos de destaque:

Superar a resistência e a lacração

Para Freixo, não basta mais resistir ao fascismo com disputa de “lacração”; é preciso ir além, disputar projetos para vencer. Freixo concorda com a tese de Nancy Fraser e Chantal Mouffe de que o populismo de direita só pode ser derrotado por um populismo de esquerda.

Evangélicos

Segundo Freixo, a esquerda só vai ter projeto popular no Brasil se debater com os evangélicos e construir pautas mínimas consensuais. “Claro que em algumas pautas não conseguiremos acordo. Mas cá entre nós, muitas vezes não temos acordo nem dentro do próprio partido”.

Impeachment de Crivella

Freixo faz uma denúncia grave. Segundo o deputado, o impeachment de Crivella não será aprovado agora, pois os vereadores temem que Freixo seja eleito em seu lugar. Pela Lei Orgânica do Rio de Janeiro, se houver impeachment nos três primeiros anos de mandato a eleição será direta. Por isso o impeachment deve ocorrer só no início do ano que vem, para que haja uma eleição indireta de um novo prefeito.

Unidade da esquerda

Freixo é um candidato natural na disputa para a prefeitura do Rio de Janeiro em 2020. E deixou claro que, diferente das outras eleições, agora buscará uma ampla aliança de esquerda com PT, PCdoB, PDT e PSB. Para o deputado, “só faz sentido ser candidato se houver unidade da esquerda”. Freixo anunciou, inclusive, que deu a tarefa para o presidente do PT, Washington Quaqua, de coordenar o processo de formação dessa ampla aliança.

Problemas internos no PSOL

Essa defesa de uma aliança de Freixo com outros partidos como PSB, PCdoB, PT e PDT não é bem vista por algumas lideranças do PSOL. O vereador Babá usou a tribuna da Câmara Municipal na última semana para rechaçar essa possibilidade. Mas Freixo assegura que essa posição de Babá é claramente minoritária e que a direção do PSOL aprovaria a aliança com facilidade. “Hoje há um entendimento de muita responsabilidade no partido”, diz.

Prévias da esquerda

Em 2016, surgiu com força na sociedade civil o debate sobre a realização de prévias – como ocorrem na França – para a seleção dos candidatos da esquerda. Apesar de seu nome ser natural e ter a maior viabilidade eleitoral, Freixo diz que toparia participar desse processo de prévias: “Qualquer mecanismo que amplia a participação da sociedade é válido”. Mas Freixo considera que o mais importante nesse momento é que a sociedade seja chamada para construir de forma participativa um programa para a cidade.

Theo Rodrigues é cientista político.

Theo Rodrigues: Theo Rodrigues é sociólogo e cientista político.
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