O grande absurdo da viagem de Bolsonaro aos EUA

A lista dos absurdos que envolvem a visita de Bolsonaro e sua trupe aos EUA é extensa.

O deslumbramento do presidente diante do império e do celerado Trump é constrangedor para quem assiste e humilhante para o nosso país.

Bolsonaro dizer que sua missão é “desconstruir”, antes de pensar em construir qualquer coisa, é emblemático.

O presidente falar que “a grande maioria dos imigrantes não tem boas intenções”,  fazendo coro com os xenófobos gringos contra pessoas do seu próprio país, é tão inacreditável quanto degradante. Espera-se, a propósito, que a porção da classe média que votou em Bolsonaro comece a se dar conta de que não há posição ideológica que justifique a eleição de um desqualificado desse naipe para presidir o país.

Paulo Guedes e Sergio Moro, ministros da economia e da justiça, respectivamente, bajularem Olavo de Carvalho, um lunático que se autodeclara filósofo, em um “jantar dos conservadores” é positivamente insano.

Bolsonaro e Moro visitarem a CIA, agência de espionagem norte-americana, em um evento fora da agenda oficial é um escândalo.

A entrega da base de Alcântara, a submissão aos interesses geopolíticos de Trump e a abertura do nosso mercado para o trigo dos Estados Unidos – evidentemente sem qualquer garantia de obter algo em troca – são a triste prova de que o projeto é transformar o Brasil em colônia dos EUA.

Mas o maior absurdo dessa viagem à Disney dos fascinados tupiniquins, disparadamente, foi a frase proferida por Steve Bannon sobre Bolsonaro. O sinistro articulador mundial da extrema direita classificou o presidente, segundo a BBC Brasil, como um “homem incrivelmente carismático, que reúne poder de ação e de reflexão muito fortes”.

Carisma e “poder de ação” vá lá, você pode até sustentar que Bolsonaro possua tais atributos. Agora, “poder de reflexão”? Nem o próprio Bolsonaro acredita nisso.

Bannon sabe que nosso presidente é capacho do projeto mundial de solapamento das democracias que está em curso por obra desta rediviva extrema direita, que apresenta-se como mais limpinha do que seus ilustres representantes históricos – heil! – mas no fundo continua sendo uma mistura grotesca de ódio, ignorância e inaptidão para a vida pública.

Até faz sentido, na lógica de Bannon, elogiar Bolsonaro. Só não precisava forçar a barra desse jeito. “Poder de reflexão” é dose pra mamute.

Se Bolsonaro refletisse um pouco perceberia que está sendo usado e…

Não, pera.

Pedro Breier: Pedro Breier nasceu no Rio Grande do Sul e hoje vive em São Paulo. É formado em direito e escreve sobre política n'O Cafezinho desde 2016.
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