Ciro Gomes falou sobre a situação da Venezuela, Reforma da Previdência, PT, Bolsonaro, Mourão, Embraer, desindustrialização e vários outros assuntos. Assista e comente!
Abaixo reproduzo a matéria sobre essa entrevista publicada no site da Tribuna do Ceará:
Ciro Gomes fará representação a Moro cobrando esclarecimentos do caso Queiroz
Ciro Gomes disse que vai aguardar os primeiros 100 dias de governo para protocolar pedido de providências sobre suspeitas em torno da família Bolsonaro
Por Jéssica Welma
25 de fevereiro de 2019 às 14:31
O ex-ministro Ciro Gomes (PDT), terceiro colocado nas eleições de 2018, vai pedir ao ministro da Justiça e Segurança, Sérgio Moro, que determine providências para esclarecer o envolvimento do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e da primeira-dama Michele Bolsonaro em operações financeiras suspeitas do ex-motorista do senador Flávio Bolsonaro (PSL), Fabrício Queiroz. Ciro aguarda, no entanto, que o governo chegue aos 100 dias para entregar a representação.
Em entrevista nesta terça-feira (25) à rádio Tribuna BandNews FM, o pedetista disse que não acredita na aprovação da reforma da previdência no formato atual e fez críticas a Bolsonaro e ao vice, General Mourão.
“Estão flagrantemente tentando abafar (o caso Queiroz), aproveitando um ciclo errado da grande mídia que não consegue sustentar criticamente um assunto relevante. Brumadinho aconteceu em um momento grave, em que você tinha o filho do presidente da república indiciado – ou pelo menos claramente envolvido – com milícias e com apropriação indébita de dinheiro e fortuna acima das suas posses”, disse Ciro, ao Tribuna do Ceará.
Saiba mais
O ex-candidato tem mantido o discurso de que esperará 100 dias de governo para se posicionar sobre as ações do presidente. A representação a Moro, a quem Ciro chamou de “chibata moral da nação” e criticou por “estar calado”, cobra postura do ministro sob pena de prevaricação.
Fabrício Queiroz é ex-assessor e ex-motorista do senador Flávio Bolsonaro (PSL). Ele movimentou R$ 1,2 milhão em sua conta de maneira considerada “atípica”, segundo relatório do Conselho de Atividades Financeiras (Coaf). O Ministério Público do Rio de Janeiro abriu procedimento investigatório criminal para apurar o caso, suspenso por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em 17 de janeiro, a pedido do próprio Flávio Bolsonaro.
Ciro cita como agravante do caso, além do parentesco entre senador e presidente, afirmações de Bolsonaro de que fez mais de um empréstimo a Queiroz que nunca cobrou e o depósito de R$ 24 mil na conta da primeira-dama.
“Cadê a TED desse empréstimo? Cadê o contrato? Cadê o DOC da transferência? Cadê o cheque? Qual é a origem do dinheiro para emprestar 50 mil reais para um homem que ganha 20 mil por mês. É um assunto que envolve um presidente da República que estabeleceu a decência, o moralismo, o enfrentamento à ladroeira como sua razão de ser eleito”, ressaltou Ciro.
Reforma da previdência
Ciro Gomes falou também sobre a proposta de reforma da previdência em tramitação na Câmara dos Deputados. Ele criticou a manutenção de privilégios dos grandes salários, a falta de alteração na previdência de militares e a não consideração das diferenças entre regiões e profissões, por exemplo. Para Ciro, o Governo enviou uma “proposta selvagem” para ter margem para negociar.
“Os militares, Exército, Marinha e Aeronáutica, são uma atividade peculiar, mas, ainda que seja diferente, a previdência social dos militares arrecada 3 bilhões de reais por ano e gasta 47 bilhões. Tem 44 bilhões de reais de buraco, esse é o maior buraco da previdência social”, criticou Ciro.
Ele lembrou que o ministro da Fazenda, Paulo Guedes, chamou o principal assessor econômico da campanha de Ciro, o economista Mauro Filho, para conhecer a proposta traçada durante a campanha para a previdência. No entanto, nenhuma medida foi absorvida.
“Como eu vou pedir para cortar a pensão ou o benefício de prestação continuada de um pobre, idoso, doente, de um salário mínimo para 400 reais, deixando de mexer nesses privilégios? O povo não entende isso e tem razão de não entender”, ressaltou Ciro.
Ele ainda criticou o governo por divulgar informações “erradas” sobre o rombo na previdência. Segundo Ciro, do déficit de R$ 180 bilhões* apontado pelo governo, R$ 50 bilhões escoam de fato pela previdência. O problema estaria numa “cesta” de dinheiro criada pelo governo que arrecada verba através de juros e contribuições para bancar a previdência, mas que estaria sendo destinada principalmente para a pagar a dívida pública.
“(A dívida) agora está grande porque o Governo, que tem problemas em outras áreas, principalmente no excesso de dívida pública, inventou o DRU, uma lei que desvincula as receitas da união. Dessa montanha de dinheiro criada por lei para financiar a previdência, estão capando 1/3 e jogando no buraco sem fundo da DRU para pagar a dívida pública”, disse Ciro.
*A Previdência Social registrou déficit de R$ 195,2 bilhões em 2018. O dado citado pelo ex-ministro corresponde à expectativa apresentada pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), no início de 2018, para o ano de 2017.
Governo Bolsonaro
Ciro Gomes disse ainda que o presidente Jair Bolsonaro não terminará o mandato. “Quando ele sentir o fogão vindo no rabo, a tendência dele é renunciar que nem o Jânio Quadros”, afirmou. “Com todo respeito ao eleitores, foi uma histeria coletiva. O antipetismo foi tão violento que as pessoas fecharam os olhos. Tirando as caricaturas, como Cabo Daciolo, a maioria do povo brasileiro escolheu o pior candidato. É o menos preparado, menos treinado, mais analfabeto, reacionário, grosseiro”, falou.
Ele também voltou a atacar o vice-presidente Hamilton Mourão. “Ele é tão pouco respeitável que está flagrante e precocemente escalando o golpe contra o Bolsonaro”, afirmou. “Ele está vendo a deterioração acelerada do Governo Bolsonaro e está querendo se legitimar como alternativa. Há 50 dias, isso é falta de lealdade”, acrescentou.
Outros temas
Durante a entrevista, Ciro elogiou o avanço do Governo do Ceará sobre as facções criminosas, falou sobre a divisão de presidiários por facção durante a gestão de seu irmão Cid Gomes (PDT), disse que vai recorrer da decisão judicial a favor do vereador paulista Fernando Holiday, a quem chamou “capitãozinho do mato”, e tratou sobre seu futuro político.