O Fórum Econômico Mundial de Davos, em sua edição de 2019, não está muito concorrido por chefes de Estado e Governo. Faltaram Putin, Trump, Xi Jinping, Macron, Theresa May e outros. Bolsonaro poderia ter sido, portanto, uma grande estrela da festa. Ainda vão mais alguns dias de encontro até 25 de janeiro e ele pode surpreender (será?), mas o que tudo indica é que ficaremos mesmo na exposição de mostruário que ele adotou como tom de participação no encontro: “aqui está Sérgio Moro”, vejam que Ministro qualificado nós temos para por fim à corrupção, e “aqui está Paulo Guedes”, o homem que vai abrir o Brasil para ser um grande player do comercio internacional e destino de vultosos investimentos.
Inicialmente foi oferecido a Bolsonaro um latifúndio de tempo, 45 minutos, para pronunciamento e respostas às questões. Talvez a pedido de sua assessoria, grata pela gentileza, mas não vendo como preencher tantos minutos, diminuíram para 30 minutos. A montanha pariu um rato e JB falou 8 minutos! na principal plenária do encontro. Somados mais uns míseros 7 minutos entre as perguntas feitas por Klaus Schwab, chairman do Fórum, e as lacônicas respostas de Bolsonaro, obteve-se os suados 15 minutos de holofotes dirigidos ao novo presidente do Brasil no maior encontro econômico anual realizado há quase 40 anos na Suíça.
Algumas coisas ficaram evidentes na fala. “Menos é mais” foi o tom adotado. Já estamos sendo muito apedrejados, devem ter pensado os que ajudaram a preparar o discurso, para continuar nos oferendo facilmente para o sacrifício. Mal a cúpula saiu do Brasil e o Embaixador da Alemanha já foi procurar Mourão para reclamar do que será feito com o Fundo Amazônia, se o Brasil realmente romper com o Tratado de Paris e outras pautas ambientais. Portanto, não se falou em sair do Acordo do Cambio Climático, silêncio absoluto sobre a pauta migratória, nem pra bater na Venezuela! foi usada a temática da migração. Pra que falar de embaixada em Israel, por exemplo? Da desestabilização da Venezuela? Direitos humanos? Saída do pacto global de migração? Armamento civil? O comedimento presidiu. Deixemos os vexames da porta de casa pra dentro, resolveram.
Sabe quando a gente decora uns dados e dá vontade de usar toda hora? Foi assim com Bolsonaro ao dizer que a agricultura ocupa 9% do território do país e a pecuária 20%. Disse no pronunciamento, repetiu na resposta ao questionamento sobre compromissos com o meio ambiente, ao citar que o Brasil tem 30% de seu território ocupado por florestas (dado errado, por sinal, são 59%) e só 9%…. Não repetiu mais uma porque não encontrou como. Outra ideia que não saiu da ponta língua foi: vamos tirar a ideologia de tudo. Do comércio internacional, da montagem do governo, da lida com os parlamentares, das relações exteriores, onde puder estamos “deseologizando”, mas não vamos deixar a esquerda ressurgir na América Latina, isso não! Com os bolivarianos não negociamos e não temos relações de integração e regionalização, disse ao ser perguntado sobre papel do Brasil na região. Ideológicos são os outros, “nós não”, quis transmitir. Fico pensando, sinceramente, se a audiência não riu da inutilidade da demarcação bolsonariana.
As respostas aos questionamentos generosos, sem nenhuma casca de banana, de Schwab, foram tão mal aproveitadas que deu dó. Juro. Tratadas mais como batatas quentes, a impressão que se tinha era que o JB adoraria poder jogar no colo de Guedes ou Moro as explanações. Perguntado sobre “quais os passos concretos” (referindo-se às reformas), passos concretos, presidente! Ficou nas generalidades da reforma tributária e do “tirar peso” de quem investe (tirar direitos trabalhistas). Sobre corrupção, aquele tipo de infração da qual está se escondendo o primogênito, disse que o Moro vai resolver tudo. A resposta à pergunta sobre o meio ambiente surpreendeu. Disse com todas as letras, para todo o mundo ouvir, que “queremos estar sintonizados” com o resto do mundo no que tange à diminuição da emissão de CO2 e à preservação ambiental. Quanto à América Latina, ultima e derradeira pergunta, disse apenas que ele, Macri, Marito e Piñera, o clube do bolinha anti-bolivariano, não vão deixar a esquerda voltar ao poder e que o Mercosul, ah o Mercosul deve ter “algumas mudanças”. Bastante tímido para quem estava querendo desativar o bloco.
Por fim, o discurso teve ares de propaganda turística mesmo. Venham visitar “nossa Amazônia, nossas praias, nossas cidades, nosso Pantanal”. Vejam como o Brasil é um paraíso, o país que mais preserva o meio ambiente, que agora vai cuidar da segurança (só não mencionou que vai armar a população) e melhorar o ambiente de negócios, com flexibilização das normas (tirando direitos dos trabalhadores) e ajudando na reforma da OMC. Vamos educar nossa juventude para a 4ª Revolução Industrial (só não disse como reativar o setor industrial e aumentar o investimento em educação, ciência e tecnologia). Vamos nos espelhar na OCDE, só não disse exatamente em quê e como (há mesmo um fetiche com a OCDE, visível e risível). Estamos de braços abertos e com “Deus acima de Tudo”, concluiu.
claudio
23/01/2019 - 14h51
Vergonha so aumenta.
Alan Cepile
23/01/2019 - 10h13
4 anos de um zé ninguém desse levando o brazil pro buraco, faz parte (da pior maneira) do aprendizado da nossa população para o fato de que eleição não é futebol.
Agora é engolir o choro, trincar os dentes e aguentar longos 3 anos , 11 meses e 8 dias.
Justiceiro
23/01/2019 - 18h43
Relaxa, se não você vai estragar seus dentes.
Bolsonaro vai até 2026, depois tem Sérgio Moro até 34. Depois vem o filho de Bolsonaro, depois o neto do Mourão…
Gui
22/01/2019 - 20h06
Bolzonaro copiou e colou as frases medíocres de campanha do twitter para fazer o discurso e ainda falou os piores cliches que ninguem dá bola. O consórcio golpista colocou o brasil na irrelevância internacional. Seria cômico se não fosse trágico.
Paulo
22/01/2019 - 18h52
Foi bem, no geral, embora sem brilhantismo. Só acho que essa fixação com o “bolivarianismo” é coisa que deve ser evitada, em público, pelo menos. O mundo não está nem aí pra isso. Vamos manter intramuros essa determinação do Governo de devolver a democracia aos nossos “hermanos” venezuelanos! Antes que a Venezuela se torne um caminho sem volta, como Cuba…
Rogerio Faria
22/01/2019 - 18h35
Entrevistar um defunto. Este governo já está morto.
sei lá
22/01/2019 - 18h20
PRESIDENTES EM DAVOS
Lula, em 2007: “Agora, como diz o jogador de futebol, ‘ou vai ou racha’, ou seja, nós não temos mais tempo para esperar (pelo crescimento econômico).”
Rachou.
Dilma, em 2014, referindo-se às manifestações de 2013: “Meu governo não reprimiu, pelo contrário, ouviu e compreendeu a voz das ruas.”
A voz das ruas se espalhou e derrubou Dilma, que não compreendeu patavina.
Temer, em 2018: “Nosso próximo passo é consertar a Previdência Social. O povo brasileiro percebe que o sistema atual é injusto e insustentável.”
A reforma da Previdência não foi aprovada no governo Temer.
Bolsonaro, em 2019: “Vamos resgatar nossos valores e abrir nossa economia.”
Agora vai, Brasil?
claudio
23/01/2019 - 14h58
E emendando, acho que o próximo a se fuder serão os bozos, do jeito que a o coiso anda no braziu.
Justiceiro
22/01/2019 - 16h15
Bolsonaro poderia ter gastado uns 20 minutos dizendo ao mundo que finalmente a justiça no Brasil é para todos e que até um ex-presidente está preso por corrupção e uma ex-presidente foi impinchada por atentar contra a economia do Brasil
Marcilio Serrano
22/01/2019 - 21h16
Justiceiro,
Simplesmente não falou porque nem ele acredita nesta história, se toca rapaz o mundo toda já viu que foi golpe. Estamos pagando mico geral e você sempre com estes comentários rasos iguais aos discursos do Bolsonaro.
Sebastião
22/01/2019 - 21h53
IMPICHADA, quando o ministro da Fazenda dela, quando aconteceu a pedalada, era Joaquim Levy. Esse Joaquim Levy, era secretário da Fazenda de Cabral, cujo vice foi Pezão, onde servidores ficaram sem salários. Agora Joaquim Levy, é presidente do BNDES no governo Bolsonaro.
Justiceiro
23/01/2019 - 09h17
Sérgio Cabral não é aquele amigão do Lula?
Lembra do Lula fazendo mandando o povo carioca votar em Cabral porque ele era a honestidade em pessoa?
Lembra que Lula e Cabral escracharam um pobre garoto negro porque queria jogar tênis? Cabral disse que isso era esporte de rico e Lula mandou o moleque ir jogar futebol?
Marcilio Serrano
23/01/2019 - 12h01
Justiceiro,
Errado Cabral era amigão do Aécio, inclusive formou-se a chapa Aezão ou seja Aécio Pezão, bem como sua história política toda foi no PSDB.
O que o Lula fez não passava de diplomacia política, afinal até hoje para governar é preciso de coalizão.
Repito para com estes comentários rasteiros e sem consistência. Repetindo mais do mesmo.
vicente
22/01/2019 - 15h17
Eis que aquela gente de bem que chamava o Lula de burro por não ter curso universitário elegeu um burro.
ari
22/01/2019 - 15h08
Mas esperavam o que? Difícil dizer quem é pior, ele ou seus seguidores
sei lá
22/01/2019 - 14h55
Faltou falar que precisamos estocar o vento ou saudar a mandioca.