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Oxfam em Davos: taxa de 0,5% para bilionários colocaria 262 milhões de crianças na escola

Da Oxfam Brasil, por email Taxa extra de 0,5% sobre riqueza de todos os bilionários do mundo colocaria 262 milhões de crianças na escola O relatório global da Oxfam, apresentado hoje em Davos – “Bem Público ou Riqueza Privada?” – revela a importância do financiamento a serviços públicos de educação e saúde para o combate […]

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Da Oxfam Brasil, por email

Taxa extra de 0,5% sobre riqueza de todos os bilionários do mundo colocaria 262 milhões de crianças na escola

O relatório global da Oxfam, apresentado hoje em Davos – “Bem Público ou Riqueza Privada?” – revela a importância do financiamento a serviços públicos de educação e saúde para o combate à pobreza e às desigualdades.

Uma taxa extra de apenas 0,5% sobre a riqueza dos bilionários que fazem parte do 1% mais rico do planeta arrecadaria mais do que o suficiente para educar 262 milhões de crianças que estão fora da escola hoje no mundo, e também providenciar serviços de saúde que poderiam salvar a vida de mais de 3 milhões de pessoas.

Ao não taxarem apropriadamente os muito ricos e as grandes corporações, e por terem dificuldades orçamentárias para investir adequadamente em serviços públicos como saúde e educação, os governos estão contribuindo para aumentar as desigualdades, prejudicando milhões de pessoas que vivem na pobreza – principalmente as mulheres.

Os dados são do relatório global da Oxfam, Bem Público ou Riqueza Privada? lançado nesta segunda-feira (21/1) às vésperas do Fórum Econômico Mundial que acontece de 22 a 25 de janeiro em Davos, na Suíça.

O documento pode ser acessado em https://www.oxfam.org.br/bem-publico-ou-riqueza-privada

O relatório aponta ainda que a fortuna dos bilionários do mundo aumentou 12% em 2018, ou US$ 2,5 bilhões por dia, enquanto que a metade mais pobre do planeta (ou 3,8 bilhões de pessoas) viu sua riqueza reduzida em 11%. Além disso, mostra que o número de bilionários dobrou desde a crise financeira de 2007-2008, e que hoje eles e suas empresas estão pagando menos impostos em décadas.

“Os governos precisam entender que investir em serviços públicos é fundamental para enfrentar as desigualdades e vencer a pobreza”, afirma Katia Maia, diretora-executiva da Oxfam Brasil. “E para isso é necessário que os mais ricos e as grandes corporações contribuam de maneira mais justa. Nosso relatório mostra que se eles pagarem uma fração ínfima a mais de impostos, é possível dar mais e melhores serviços públicos essenciais às populações mais vulneráveis.”

Katia lembra que a situação no Brasil é ainda mais dramática, já que somos uns dos países mais desiguais do mundo e temos um sistema tributário que reforça esse cenário: aqui, os 10% mais pobres da sociedade pagam mais impostos proporcionalmente do que os 10% mais ricos. Ao mesmo tempo, serviços públicos como saúde e educação sofrem para receber o financiamento adequado.

Em 2016, o Brasil retrocedeu 17 anos em termos de espaço para gastos sociais no orçamento federal, e viu, no ano seguinte, a redução da desigualdade renda parar pela primeira vez em 15 anos, conforme indicou o relatório da Oxfam Brasil “País Estagnado: um retrato das desigualdades brasileiras”. (Veja o link: https://www.oxfam.org.br/pais-estagnado )

“Apesar de todas as distorções tributárias, e da precarização do serviço público no país, o Brasil tem tomado decisões bastante equivocadas no afã de controlar gastos para enfrentar a crise econômica pela qual passamos”, afirma Rafael Georges, coordenador de campanhas da Oxfam Brasil e autor do relatório País Estagnado, apontando o Teto de Gastos como uma das medidas que prejudicam o combate às desigualdades brasileiras.

Já sobre o relatório Bem Público ou Riqueza Privada, Katia diz que o novo documento global mostra o quanto é possível ter os recursos para promover mudanças reais na vida das pessoas. “É inaceitável que em pleno século 21 sigamos aceitando como ‘normal’ a existência de cidadãos e cidadãs de primeira e segunda categoria por todo o mundo. A ganância de poucos e a falta de ação de governos está promovendo uma sociedade cada vez mais excludente e injusta. O nosso retrocesso societário está se tornando proporcional ao nosso avanço tecnológico. É preciso seguir debatendo e pressionando por um sistema mais justo globalmente e nos países”, acrescenta Katia Maia.

Alguns fatos importantes do relatório “Bem Público ou Riqueza Privada?”

Uma taxa extra de apenas 0,5% sobre a riqueza dos bilionários que fazem parte do 1% mais rico do planeta arrecadaria mais do que o suficiente para educar 262 milhões de crianças que estão fora da escola hoje no mundo, e também providenciar serviços de saúde que poderiam salvar a vida de mais de 3 milhões de pessoas.
(Fonte: P. Espinoza Revollo et al. (2019). Public Good or Private Wealth? Methodology Note)

A fortuna dos bilionários do mundo aumentou 12% em 2018 (US$ 900 bilhões), ou US$ 2,5 bilhões por dia, enquanto a metade mais pobre do planeta (3,8 bilhões de pessoas) viu sua riqueza reduzida em 11%.
(Fonte: cálculo da Oxfam Internacional, ver nota metodológica no site)

O número de bilionários no mundo quase que dobrou desde a crise financeira de 2007-2008 – de 1.125 em 2008 para 2.208 em 2018.
(Fonte: cálculo da Oxfam Internacional, ver nota metodológica no site)

O Brasil tinha 42 bilionários em 2018, com riqueza total de US$ 176,4 bilhões.
(Fonte: revista Forbes)

O 1% mais rico da América Latina e Caribe concentra 40% da riqueza da região.
(Fonte: Credit Suisse, 2018)

Homens têm 50% mais do total de riqueza do mundo do que as mulheres.
(Fonte: revista Forbes)

Apenas 4 centavos de cada dólar de receita de impostos vêm de taxação sobre riqueza.
(Fonte: cálculo da Oxfam Internacional, ver nota metodológica no site)

Em países como o Brasil e o Reino Unido, os 10% mais pobres estão hoje pagando uma proporção maior de impostos do que os 10% mais ricos.

(Fonte: para o Brasil: INESC. (2015). ‘Mineração e (in)justiça tributária no Brasil’. Nota Técnica 184; para o Reino Unido: Office for National Statistics. (2018). Effects of taxes and benefits on household income – Financial year ending 2017. https://www.ons.gov.uk/peoplepopulationandcommunity/personalandhouseholdfinances/incomeandwealth/datasets/theeffectsoftaxesandbenefitsonhouseholdincomefinancialyearending2014 , Table 14: Average incomes, taxes and benefits by decile groups of ALL households (ranked by unadjusted disposable income), 2016/17.)

Notas:

Os cálculos da Oxfam são baseados nos dados de riqueza global do Credit Suisse, novembro 2018.

A riqueza dos bilionários foi calculada a partir da lista de bilionários da revista Forbes, publicada em março de 2018.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Paulo

21/01/2019 - 23h31

Quem sabe assim acabaríamos com o pérfido sistema de cotas raciais nas universidades, no Brasil. Uma das piores ideias de todos os tempos, em nosso país. Dividiram para sempre os brasileiros, pela cor da pele, e trocaram o preconceito pelo ódio racial…

    Jarbas

    22/01/2019 - 07h05

    Com um olho neutro sem ideologia, o nosso sistema de cota tem o mesmo fundamento que o Aparteid na Africa do sul. Sua cor de pele define seus direitos. A cor da pele nao importa, somos todos iguais.
    A ideologia que cega as pessoas e cria a impressao que um Aparteid ao contrário é “do bem”.

      Paulo

      22/01/2019 - 18h09

      O Governo (em todas as esferas) deveria zelar pela educação como se lapida um diamante precioso. Como não consegue, e sucateia o ensino público, criaram um atalho fácil para servir de pretexto permanente e de expiação para a sua desídia. Mas a patifaria teve o dedo da agenda cultural das esquerdas. Importaram indevidamente e sem reflexão o bastante, o exemplo americano. Ideias fora de lugar…

Alexandre Roraima

21/01/2019 - 10h20

Fake News.
Taxa de 0.5% para bilionarios pagaria mais jatinhos, festas e privilegios para nossos governantes.
Nao falta dinheiro para nosso governo, ja arrecadamos mais impostos que a Inglaterra por exemplo.
O que o trabalhador produz deve ficar com o trabalhador, nao pro governo.

    brasileiro

    21/01/2019 - 11h31

    O que o trabalhador produz deve ficar com o trabalhador, não mais valia para os banqueiros.

      Alexandre Roraima

      21/01/2019 - 13h27

      Estou com voce brasileiro.
      Nem para banqueiros, mas tambem nao para o governo, que explora igualmente.
      O banco cobra juros de 20% para um empréstimo,
      O governo arranca de 40% a 60% do que o trabalhador ganha. Nem um terco disto volta.

      Banqueiros e governantes possuem vida de luxo, regalias e privilégios as nossas custas.

      Eu defendo um capitalismo justo, nao essa terra sem lei que é o Brasil, com baixos impostos, concorrencia livre sem interferencia do governo que protege seus amigos, e sim com sustento social apenas para os que mais precisam. Sem regalias com dinheiro público.


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