Algumas notas sobre o indicativo de apoio do PDT a Rodrigo Maia

Por Pedro Josephi*

Aos amigos e amigas que tem acertadamente nos questionado sobre a decisão da executiva nacional do PDT.

Inicialmente, ressalto que não tenho ilusões com o partido, este tem muitos problemas e algumas contradições entre a sua história, programa e figuras, inclusive com mandatos, que estão no PDT. Minha escolha por esta agremiação foi por enxergar nela um potencial para reorganizar a centro esquerda e apresentar um projeto nacional desenvolvimentista para o Brasil. Esse é o horizonte por mim visualizado, mas certamente o PDT, como dito, tem muitos desafios para se reconectar com sua história, com o trabalhismo e com uma massa de brasileiros que não mais se referenciam no PT como único partido protagonista do nosso campo. Chego no partido com este desafio de fortalecer a democracia interna, desburocratizar e aumentar a participação dos filiados na organicidade partidária.

Dito isto, a decisão da direção nacional do PDT foi aprovar um indiciativo de voto em Maia para a presidência da casa, mas isso só será efetivado se o bloco parlamentar criado (que inclui PCdoB e PSB) assim decidir. Portanto, há uma margem para se construir uma alternativa de candidatura, desde que seja viável e o bloco trabalhe para isso.

De toda forma, Túlio Gadelha, companheiro que nos abriu as portas do partido, votou contra esse indicativo juntamente com os (as) deputados (as) Tabata Amaral e Dilvan. Tivemos conversas muito boas com Marcelo Freixo, mas, infelizmente, a sua candidatura não apresentou viabilidade e com Molon, que ainda não conseguiu consolidar sua candidatura dentro do próprio PSB.

Então, diante desse cenário de vitória já certa de Rodrigo Maia, esse indicativo do PDT, apesar de não contar com nosso apoio, foi levado a cabo pelo acordo com Rodrigo Maia para garantir a presidência da CCJ, principal comissão da casa (que tem o poder por exemplo de travar e não colocar em pauta os projetos do governo que retiram direitos e desestruturam o estado brasileiro), e a presidência da comissão da reforma da previdência, além de outros espaços institucionais.

Mas, estes dois são importantíssimos e o PDT com esse indicativo quis fazer uma política de redução de danos. Temos a PEC 300, por exemplo, que quer aumentar de 8h para 10h a jornada diária do trabalhador e reduzir para 3 meses o prazo para ajuizar reclamações trabalhistas, entre outros projetos que serão pautados nessa legislatura. Ressalto que não nos é confortável esse indicativo (sobretudo por conta do apoio do PSL a Rodrigo), votamos contra, e atuaremos, na medida do possível, para articular uma candidatura do bloco, mas sabendo que é uma tarefa que não é apenas do PDT, mas também do PSB, PCdoB e de outros partidos que queriam garantir uma independência da casa com o governo.

Infelizmente, a dinâmica da casa nos impõe flexibilizar a tática para conseguirmos algum tipo de “resistência” que vá para além do discurso e do panfletarismo. Candidaturas sem viabilidade na Câmara pode e dialoga, sei disso, com um setor importante da sociedade, mas não permite organizar minimamente um freio nos projetos e intenções desastrosas do governo Bolsonaro.

Respeito as críticas honestas ao indicativo, na verdade me somo a elas, e elas são extremamente necessárias para o equilíbrio ideológico do PDT. Estas críticas só reforçam o que vi no partido: potencial de reorganizar o campo progressista e recuperar a hegemonia social, pois se não a decisão do PDT seria irrelevante para as vozes externas ao partido.

* Advogado, Professor e militante do PDT Pernambuco.

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