Apesar de ser radicalmente contra a venda da Embraer à Boeing, que considero um crime de lesa-pátria (ver esse post aqui, com uma denúncia grave de um professor da Aeronáutica), eu sou contra essa ação do PDT, de judicializar o caso.
Por um motivo simples: não vai ganhar, e ainda vai “legitimar” a venda na justiça. O máximo que pode conseguir é uma liminar de um magistrado nacionalista (que será então devidamente massacrado pela mídia e terá sua decisão cassada em tribunais superiores).
Os partidos políticos tinham que fazer política. Ao invés de entrar na justiça para perder, o PDT deveria mobilizar seus recursos para organizar atos públicos – presenciais e virtuais – em defesa da Embraer.
A venda da Embraer só é possível porque a maioria dos brasileiros não sabe o que é Embraer.
Os partidos precisam reestabelecer contato com a população, precisam explicar às pessoas que a venda da Embraer significar perda de empregos no Brasil e transferência de nossa tecnologia e nossa riqueza para uma multinacional americana, que passará a controlar um mercado que antes era nosso.
Só depois de uma série de ações políticas desse tipo, nas ruas, nas redes e no parlamento, só então se poderia cogitar entrar na justiça.
Entrar na justiça sem antes organizar uma ampla mobilização popular é perda de tempo e desperdício de energia política.
Parte da esquerda parece estar se acostumando em jogar para perder. Isso não é bom.
***
No site do PDT
PDT vai à Justiça contra venda da Embraer
Max Monjardim
09/01/2019
O PDT Nacional deu entrada nesta quarta-feira, 9 de janeiro, em Ação Cível Pública, com Pedido de Tutela Provisória de Urgência, na Justiça de Brasília, pedindo a suspensão da venda da Embraer para norte-americana Boeing. Para o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, a união das empresas, anunciada em julho de 2018, coloca em risco a soberania nacional, porque prevê, entre outras medidas, a completa transferência de tecnologias fundamentais para segurança nacional.
O anúncio da compra da Embraer pela Boeing se iniciou através da assinatura de memorando de entendimentos ainda em julho do 2018. De acordo com a proposta, a Boeing passaria a ter o controle acionário da empresa brasileira, assumindo todas as suas operações comerciais. Esse acordo resultaria em uma nova empresa (join-venture) onde Boeing teria 80% do controle acionário contra 20% da brasileira, que não teria ao menos cadeira no Conselho de Administração da nova empresa.
O processo instaurado pelo PDT pede que a União seja citada, uma vez que ela deixaria de exercer privilégios conferidas à ela quando da privatização da empresa, ainda durante a gestão do presidente Itamar Franco, nos anos 90. Os advogados do partido citam, com importância, as “golden share” que garantem direto de veto em relação a transferência de controle acionário – exatamente o que está acontecendo agora.
Os advogados alertam na ação a temeridade de ser passar toda a tecnologia de empresa estratégica brasileira para estrangeiros sem a participação do Congresso Nacional – que durante o processo de privatização previu exatamente que a União teria total controle sobre esse tipo de transação – da qual agora abriria mão.
Na conclusão, o partido solicita a nulidade do ajuste pretendido entre as empresas e que o acordo seja analisado pelo Congresso Nacional e pelo Conselho de Defesa Nacional.
Leia a íntegra do documento.
Era dos Boçais
13/01/2019 - 08h57
uma coisa imbecil é achar que ser dono de um fusca velho que nem ainda seria melhor do que ser dono de 1% de BMW , mesmo que seja só para ver de longe
Carlos Eduardo
13/01/2019 - 00h34
1) A Embraer já tem, sem aceitar a venda da empresa à Boeing, 230 encomendas do menor modelo da linha E2, isso dá quase 12 bilhões de dólares.
2) A Boeing ofereceu 3,8 bilhões e a Embraer vai ficar com apenas 20% sem nenhum poder na nova empresa.
3) A Boeing não tem espaço na parte do mercado onde a Embraer é líder.
4) Esse modelo do E2 é quase 20 milhões mais barato (e, segundo dizem, mais eficiente) do que o seu principal concorrente da Bombardier.
5) Ninguém sabe o que vai acontecer com os 16 mil empregos diretos e os mais de 100 mil indiretos.
6) O acordo prevê garantias de somente 10 anos, depois disso ninguém sabe o que vai acontecer com os empregos e toda a cadeia de tecnologia e conhecimento provavelmente será toda absorvida para os EUA, não restando nada aqui. Quando a Boeing comprou a McDonald Douglas, uma empresa que era praticamente do mesmo porte da própria Boeing, em pouco tempo não restou nada.
Agora reflitam….
Marcelo
12/01/2019 - 02h34
Todos sabem que a “boing” quer roubar a tecnologia da embraer e roubar os engenheiros da empresa e levá-los para os EUA e o desgoverno Temer 2 vai fazer tudo que os americunts desejam. O rei esfakeado é realmente um panaca twiteiro.
Dionízio
11/01/2019 - 20h00
O governo do tucanistão é entreguista e a mídia do tucanistão é controlada pelos interesses dos tucanos. No tucanistão estão entregando até parques públicos. Uma vergonha gigantesca.
Justiceiro
11/01/2019 - 12h47
Ora, Miguel.
A Embraer tem uma tecnologia de ponta para determinado segmento da aviação. consegue, inclusive, derrotar várias vezes a Bombardier, nossa principal concorrente.
Mas a união da Bombardier com a Airbus ia massacrar a empresa brasileira. Será que a Embraer teria forças pra fazer frente a essa união?
Então melhor se unir a outra gigante, concorrente da Airbus para equilibrar o jogo.
Ah, quanto a perder empregos, a Embraer ficará com um cláusula que pode barrar a transferência das operações do Brasil.
Vamos acabar com esse lenga-lenga de “o petróleo é nosso” pois ninguém recebe um centavo da Petrobrás, se não for acionista.
Alan Cepile
11/01/2019 - 13h16
Hein?!!?!? Como assim ninguém recebe um centavo???? Enlouqueceu???
E quanto aos royalties? Os impostos? Os investimentos em programas sociais? Em programas ambientais?? O programa Petrobrás Socioambiental é um dos melhores programas do mundo de geração de conhecimento científico, nível top mundial.
E quando nos deparamos em diversas cidades, geralmente litorâneas, com praças, escolas, creches, parques e etc com placa dizendo “esse local é mantido pela Petrobrás” não é um ganho que o povo tem?
E agora vendo por outro lado:
E os campos mais promissores do pré-sal – a jazida mais promissora do mundo – uma riqueza que QUALQUER país queria ter, negociado a preços bem inferiores do mercado?? E a mão de obra brasileira deixada de lado?? Tenho um amigo coordenador de QSMS que está numa unidade offshore com 400 pessoas e só ele brasileiro…. Aí então uma pergunta: QUAL PAÍS DO MUNDO ACEITARIA ISSO??? Há algum precedente no planeta? Se tiver me avisem…
E já que o assunto é Embraer, se ela tem que se unir à Boeing pra sobreviver, então a Petrobrás tb teria que se unir à Shell, BP, Exxon, Chevron, não?? Que conversinha heim…
Justiceiro
11/01/2019 - 19h28
Falando em campos promissores do pré-sal, quer falar sobre o Campo de Libra, o maior do pré-sal?
Alan Cepile
11/01/2019 - 20h01
Estamos aqui, pode desenvolver o assunto a hora que quiser.
Marcelo Abb
13/01/2019 - 20h54
Camarada,
Já que você falou no pré-sal, gostaria de pedir permissão para entrar na conversa. Tenho uma certa bagagem sobre o assunto e me interessaria muito debate-lo contigo.
Desenvolva o seu raciocínio sobre o campo de libra.
Além disto, peço que me fale algo sobre o campo de carcará, para começarmos a conversa.
Abraços.
Marcelo Abb
11/01/2019 - 15h46
Lenga lenga de o petróleo é nosso?
De 2002 até 2016 a Petrobras pagou mais de 50 bilhões de reais em dividendos para o governo.
A Petrobras cumpre um papel de desenvolvimento tecnológico ímpar no país e no mundo. Além disto, fomenta a cultura, o desenvolvimento sustentável, programas ambientais, educacionais, leva desenvolvimento, dinheiro, infra-estrutura e capacitação técnica para os confins do país.
Vai perguntar para o povo de Catu, Pojuca, São Francisco do Conde, Entre Rios, Alagoinhas e São Sebastião do Passé, todas cidades da Bahia, qual é o papel da Petrobras. Vai dar uma volta nestas cidades e vê quantos estádios, postos de saúde e praças vão estar com placas indicando que a revitalização foi patrocinada pela Petrobras. Vai no Projeto Tamar e vê quem patrocina.
Vai nas cidades do Rio Grande do Norte, do norte Capixaba ou em Sergipe, e vê o que a Petrobras faz por lá.
Amigão, 19 das 25 maiores empresas de petróleo do mundo são estatais. E as que não são, como a Chevron, Exxon, BP (que o governo detém a golden share), Shell, etc, possuem um forte cunho estatal, tanto na origem quanto na preservação e no desenvolvimento de estratégias corporativas. Apenas para ilustrar o que eu estou falando, saiba que quem mais lucrou com as guerras no oriente médio patrocinadas pelo governo americano, foram as empresas de petróleo, tanto as operadoras (Chevron, Exxon, etc) quanto as prestadoras de serviço (Halliburton, etc).
Além disto, é importante que você leia sobre o orçamento brasileiro. A Petrobras é uma empresa estatal NÃO DEPENDENTE do orçamento da União, ou seja, não há aportes frequentes e sistemáticos do governo para a empresa.
Por fim, recomendo uma leitura sobre os regimes de serviço, concessão e partilha, de maneira que possa entender o que são os BIDS da ANP e como funciona o pagamento de royalties e impostos em cada um desses sistemas. Talvez você então entenda o que está em jogo no Brasil, com a volta do regime de concessão.
Sugiro também uma leitura aprofundada sobre a política de preços de combustíveis no Brasil. Eu escrevi um artigo sobre isso, voltado especificamente para leigos no assunto, como você.
Se for do seu interesse, eu posso te passar por e-mail ou dropbox.
Abraços.
Alan Cepile
11/01/2019 - 19h53
Marcelo Abb,
Um dos melhores comentários que já vi neste fórum, parabéns pela lucidez, tão em falta na nossa sociedade hoje em dia.
Conheço bem as realidades de Catu e Alagoinhas e quanta mão de obra técnica sai dessas cidades.
Tb conheço o cenário do norte capixaba (meu estado).
Trabalhei no Tamar e no Instituto Baleia Jubarte, projetos de ponta financiados pela Petrobrás.
Eu tenho interesse no seu artigo, se puder publicar aqui seria ótimo.
Um abraço.
Marcelo Abb
13/01/2019 - 20h52
Alan,
Obrigado pelas palavras!
Coincidentemente eu sempre acompanho os seus comentários por aqui. Sempre muito lúcido, sensato e ponderado. Sempre que vejo seu nome, faço questão de ler.
Que legal que você conhece todas essas regiões. Até imagino qual é a sua área de atuação, rsrsrs.
Sobre o artigo, fiz um sobre política de preços de combustíveis, na época da greve dos caminhoneiros, um sobre liberalismo econômico e um sobre reforma tributária. Tentei elevar o nível das discussões nessas eleições pois, na minha ingenuidade sonhadora, achava que isso poderia trazer algum resultado prático, de maneira que pudesse ajudar o máximo de gente possível a pensar, refletir, estudar e se questionar. São as perguntas que movem o mundo e não as respostas. Na minha opinião, nós perdemos a capacidade de nos questionar, e, por isso, entramos nesses personalismos baratos. Daí surgem os lulas, os Ciros, os Bolsonaros etc. Nunca foi pelo Ciro por ser o Ciro, e também nunca foi contra o Lula e o PT por serem o Lula e o PT. Mas, infelizmente, o fanatismo é muito grande… As pessoas só querem ouvir o que as agradam, e, alem disso, como os textos ficaram grandes, ninguém se interessava por ler. Preferem ver 200 memes falando besteira do que ler um texto mais embasado. Acabei desistindo dos artigos que eu ia escrever depois, sobre a questão do pré-sal, regimes de partilha e concessão, etc…
Mas vamos lá, como você prefere que eu te passe? E-mail aqui é ruim, por causa da exposição?
De repente posso te adicionar no LinkedIn e te passo por lá. Me diga como prefere.
Abração.
Alan Cepile
14/01/2019 - 19h27
Caro Marcelo! Obrigado pelas palavras e elas são recíprocas.
Via Linkedin é uma excelente opção, pode me procurar pelo meu nome e vai achar rapidamente.
Me interesso muito pelo tema e pela opinião de gente com conhecimento de causa, que já percebi ser o seu caso.
Eu trabalho na área offshore como consultor ambiental, pois sou biólogo de formação, mas atuando no setor de óleo e gás a mais de uma década, e como a área é muito vasta, gosto de saber o que colegas de diferentes formações pensam.
Grande abraço!
Marcelo Abb
15/01/2019 - 21h16
Te adicionei e mandei mensagem lá!
Alan Cepile
11/01/2019 - 12h19
Miguel, entendo sua posição e não discordo dela, isso se vivessemos num país onde o povão tivesse um mínimo de consciência política, de classes, de onde ele se situa no cenário político-social, mas não é o caso.
Sejamos francos, chamar a população neste momento teria pouca, ou nenhuma, eficácia, o povo não iria atender, estamos no famoso período de total capital político ao presidente eleito, além disso, se o povo não se manifestou (não vem ao caso debater os porquês agora) no “golpeachment” e no tapetão judicial contra Lula, não vai ser num simples chamado do PDT que a Paulista e a Cinelândia serão tomadas.
Se o povo não reparou na gravidade dos atentados contra a democracia, tb não vai reparar nada de grave no caso de uma empresa sendo vendida.
E pra terminar, se o PDT não entrar na justiça contra esse crime lesa-pátria que em nada contrinui para o Brasil, lá na frente ele (e os outros tb) seria cobrado por isso.
Justiceiro
11/01/2019 - 12h58
Pois é. Chamar o povo? Que povo?
O PT convocou o povo pra ir dar um abraço na Sede da PT, onde Lula está preso.
Faltaram braços. Muitos.
Alan Cepile
11/01/2019 - 13h17
E o resultado foi qual mesmo??