Depois da prisão de Pezão, governador do Rio, convertida num grande espetáculo midiático, agora a operação Lava Jato (na verdade, um de seus desdobramentos no Rio) prende Rodrigo Neves, prefeito bem avaliado de Niteroi, um dos poucos municípios do estado que seguia com as contas em dia, investindo e fazendo projetos – em função dos generosos royalties de petróleo que entram mensalmente nas contas do tesouro da prefeitura.
A prisão de governadores, prefeitos, empresários, cassação de deputados eleitos, em diversos casos com base apenas em delações e processos ainda não conclusivos, tudo isso mostra que o estado do Rio permanece como um dos principais laboratórios da Lava Jato.
A operação que prendeu o prefeito é baseada em delação do empresário do setor de transportes, Marcelo Traça.
Neves foi eleito pela primeira vez em 2012, pelo PT, com 132 mil votos. Em 2016, se reelege, já no PV, com 130 mil votos. Em dezembro de 2017, Neves muda novamente de legenda, e vai, desta vez, para o PDT.
O MPRJ, responsável pela operação que prendeu Neves, realizou, em setembro de 2017, um seminário sobre segurança pública e corrupção que tinha como um dos seus principais convidados o hoje deputado federal eleito Kim Katiguiri.
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No site do MPRJ
MPRJ e Polícia Civil realizam operação para prisão do prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, ex-secretário e empresários do setor de transportes
Publicado em 10/12/2018 07:40 – Atualizado em 10/12/2018 07:40
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da Subprocuradoria-Geral de Justiça de Assuntos Criminais e de Direitos Humanos (SUBCDH/MPRJ) e do Grupo de Atribuição Originária em Matéria Criminal (GAOCRIM/MPRJ), denunciou à Justiça o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves Barreto, o ex-secretário municipal de Obras do município Domício Mascarenhas de Andrade e mais três empresários do ramo de transporte público rodoviário. Eles são acusados de integrar uma organização criminosa para a prática dos crimes de corrupção ativa e passiva. O esquema foi articulado para o recebimento de propina paga por empresários do setor aos agentes públicos da cidade.
De acordo com a investigação realizada pelo MPRJ em parceria com a Polícia Civil, entre os anos de 2014 e 2018, foram desviados aproximadamente R$ 10,9 milhões dos cofres públicos para pagamentos ilegais.
A pedido do MPRJ, o Tribunal de Justiça expediu mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão contra os acusados, cumpridos na manhã desta segunda-feira (10/12). A Operação Alameda foi executada pela da Polícia Civil, pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ) e pela Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ). Além das residências dos acusados, as buscas alcançam também o gabinete do prefeito, as sedes de oito empresas de ônibus que prestam serviço no município, além de escritórios dos consórcios Transoceânico e Transnit, e do Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (SETRERJ).
A ação é um desdobramento da Operação Lava Jato no âmbito da Justiça Estadual, após adesão do MPRJ aos termos e condições do acordo de colaboração premiada celebrado pelo empresário Marcelo Traça com o Ministério Público Federal e do compartilhamento de provas autorizado pelo Juízo da 7a Vara Federal.
Representantes do MPRJ e da Polícia Civil que atuaram na investigação prestarão mais informações em entrevista coletiva para a imprensa a ser realizada, às 11h30, desta segunda-feira (10/12), na sede do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), situado na Avenida Marechal Câmara, 370.