Desculpe dar uma de advogado do diabo, mas tem alguns aspectos nessa denúncia contra o assessor de Flavio Bolsonaro que são um pouco ridículos. Por exemplo, veja essa matéria do Globo, que reproduzo abaixo. O título é pomposo: “oito funcionários fizeram depósitos na conta de ex-assessor de Flavio Bolsonaro”. Mas aí você vai ver a reportagem, e se trata, em vários casos, de valores irrisórios. Um funcionário, por exemplo, fez depósito de R$ 800 na conta do ex-assessor, outro de R$ 1,5 mil.
Não seria nenhuma surpresa, nem necessariamente ilegal, se este e outros assessores tivessem seus próprios negócios particulares, inclusive em comum, além do emprego no gabinete de Flavio Bolsonaro. Ou mesmo que emprestassem dinheiro uns aos outros.
O tal Fabrício acumulava salários de militar e assessor, de modo que tinha renda de aproximadamente 24 mil reais por mês – não era de 8 mil, como eu disse antes, referindo-me apenas ao salário de assessor.
Temos que tomar cuidado sempre para não ser iludidos por cortinas de fumaça, que podem servir para a grande imprensa fingir que está “vigilante” contra o governo, além de distrair a opinião pública.
Ou então, pior: abrir a guarda para que o Coaf faça uma devassa ilegal, com vazamentos seletivos (imagine para quem), na vida de dezenas de milhares de “assessores” de políticos.
É preciso manter a serenidade e a compostura, dando o devido direito à defesa, à dignidade e à presunção de inocência também para a família Bolsonaro.
Enquanto a mídia ocupa a atenção da oposição com depósitos de R$ 800 na conta de um ex-assessor de Flavio Bolsonaro, a equipe de transição prepara negociatas de centenas de bilhões de reais.
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No Globo
Oito funcionários fizeram depósitos em conta de ex-assessor de Flávio Bolsonaro
Segundo relatório do Coaf, Fabrício Queiroz teve movimentação atípica de R$ 1,2 milhão entre janeiro 2016 e janeiro do ano passado
08/12/2018 – 09:55 / 08/12/2018 – 10:56
RIO – Relatório do Coaf aponta que o ex-assessor do deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL), senador eleito pelo Rio, recebeu depósitos em espécie e por meio de transferências de oito funcionários que já foram ou estão lotados no gabinete do parlamentar. De acordo com o documento, anexado às investigações da Operação Furna da Onça, o subtenente da Polícia Militar Fabrício José de Carlos Queiroz teve uma movimentação atípica de R$ 1,2 milhão de 01/01/2016 e 31/01/2017.
Uma das filhas do PM, Nathalia Melo de Queiroz estava lotada no gabinete de Flávio até dezembro de 2016, com salário de R$ 9.835,63. No período relatado pelo Coaf, fez depósitos que totalizaram R$ 84.110,04 e transferência de R$ 2.319,31. Depois que saiu do gabinete de Flávio, Nathália foi funcionário do presidente eleito Jair Bolsonaro na Câmara. Deixou o cargo no mesmo dia em que o pai pediu exoneração do gabinete de Flávio.
A mulher de Queiroz, Marcia Oliveira de Aguiar, exerceu cargo de consultora parlamentar do gabinete de Flávio, com salário bruto de R$ 9.835,63, entre 02/03/07 a 01/09/17. Ao marido, o repasse em dinheiro foi de R$ 18.864,00, segundo o Coaf. Em transferências, o valor chegou a R$ 18,3 mil.
Na lista, há ainda três funcionários que aparecerem na última folha de pagamento da Assembleia Legislativa do Rio disponibilizada no site da Casa, a de setembro deste ano. Queiroz recebeu de Raimunda Veras Magalhães, de acordo com o relatório, R$ 4,6 mil. Ela aparece na folha da Alerj com salário líquido de R$ 5.124,62.
Outro que ainda consta na folha é Jorge Luis de Souza, cujo salário líquido em setembro de 2016 foi de R$ 4.847,27. Segundo documento do Coaf, o depósito dele foi de R$ 3.140,00.
Agostinho Moraes da Silva, que aparece com salário líquido de R$ 6.787,49, fez depósito de R$ 800.
Outro depósito, de R$ 3.542,00, veio de Luiza Souza Paes, que foi funcionária do gabinete de Flávio em 2012. Depois, ela exerceu outras funções na Alerj. Consta ainda transferências eletrônicas num total de R$ 7.684,00.
O relatório do Coaf aponta ainda que Queiroz recebeu transferência eletrônica de R$ 3,2 mil de Marcia Cristina Nascimento dos Santos, que, em fevereiro de 2016, aparecia na folha de pagamento da Alerj com um salário líquido de R$ 5.160.98.
De acordo com o documento do Coaf, Wellington Servulo da Silva, que aparecia na folha de fevereiro de 2016 com salário líquido de R$ 4.847,27, fez transferência num total de R$ 1,5 mil.
Flávio Bolsonaro e Queiroz não são alvo de investigações. O Ministério Público Federal (MPF) ressaltou que a identificação de movimentação atípica não configura um ilícito por si só.
O GLOBO não conseguiu contato com Queiroz e tenta contatos com as pessoas que fizeram depósitos para o ex-assessor.