Irresponsabilidade de Bolsonaro produziu crise dramática na saúde pública

A irresponsabilidade de Bolsonaro produziu caos na saúde pública brasileira, trazendo sofrimento a milhões de famílias.

Os médicos que estão se inscrevendo no Mais Médicos estão abandonando outro programa ainda mais importante, que é o Saúde da Família, que atende a rede municipal. Ou seja, para cobrir o buraco criado pela saída dos cubanos, expulsos por Bolsonaro, o governo criou um buraco ainda mais grave.

Para piorar, as inscrições não estão sendo, nem de longe, suficientes, para compensar a saída dos cubanos. Apenas 3% dos médicos selecionados começaram a trabalhar.

Está claro que o governo federal precisará tomar medidas mais fortes para resolver o problema com urgência e, sobretudo, fazer o que até hoje não foi feito para sanar o déficit de médicos no médio e longo prazo, por conta do lobby das ultra elitistas corporações médicas: promover uma grande revolução no ensino universitário, ampliando o número de vagas em faculdades de medicina para estudantes de baixa renda, acompanhado de bolsa e literatura necessários para os jovens levarem adiante seus estudos.

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No Globo

Mais Médicos: Com menos de 3% dos selecionados em atividade, governo vai disparar ligações aos inscritos

Ministério da Saúde anunciou que pedirá a profissionais que antecipem ida aos municípios
Por Renata Mariz

29/11/2018 – 12:24 / 29/11/2018 – 20:36

BRASÍLIA — Menos de 3% dos 8,3 mil selecionados para o Mais Médicos começaram a trabalhar. São 230 médicos já “homologados”, ou seja, que estão atuando nas cidades onde escolheram entre 940 “validados”, que se apresentaram no local ou fizeram contato com a prefeitura para acertar detalhes, segundo balanço apresentado nesta quinta-feira pelo governo em reunião com secretários de Saúde. Para evitar desistências em massa, o Ministério da Saúde vai fazer a partir desta quinta-feira um mutirão de ligações telefônicas para os profissionais. A ideia é pedir que eles antecipem a ida aos municípios ou que desistam de imediato caso não queiram o emprego naquele local. O prazo final para começar a trabalhar é 14 de dezembro.

Além do risco de não comparecimento, gestores alertaram a pasta que ao menos 2.844 médicos inscritos no programa estão saindo de equipes de Saúde da Família da rede municipal, atraídos por vantagens do Mais Médicos — o que abrirá novas frentes de desassistência nos postos abandonados. O número de profissionais “migrando” representa 34% dos 8,3 mil médicos já selecionados, mas foi calculado em uma base de 7.271 nomes disponibilizados no balanço da última segunda-feira.

— Vamos ligar para cada médico para pedir que antecipem a ida aos municípios. Aqueles que desistirem que o façam de imediato junto ao gestor — disse Cavalcante.

Ficou acertado que será instalada uma “sala de situação” no prédio do Ministério da Saúde, em Brasília, para que os gestores municipais acompanhem os desdobramentos da seleção. O governo vem apontando a adesão ao Mais Médicos como um grande sucesso, com preenchimento de mais de 97% das vagas deixadas pelos cubanos em menos de uma semana, mas prefeitos e secretários têm dúvidas quanto à efetiva ocupação dos postos por conta da resistência dos profissionais a irem para locais de difícil acesso.

As vagas remanescentes serão abertas em um segundo edital para médicos formados no exterior que não tenham diploma validado no Brasil. A seleção atual é apenas para os profissionais com registro no país — ou porque se formou aqui ou porque passou no teste brasileiro de revalidação do título da graduação. Os editais foram lançados emergencialmente após Cuba romper o termo de cooperação com Brasil, atribuindo a decisão a declarações do presidente eleito Jair Bolsonaro.

ADESÃO AO MAIS MÉDICOS FAZ ROMBO DE QUASE 3 MIL PROFISSIONAIS NAS EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA

Levantamento do Conasems mostra que médicos estão deixando seus postos atuais para atuar no Mais Médicos em outros municípios e dentro fora do estado onde estavam:

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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