É estarrecedor o relato de Eunício Oliveira (MDB-CE), presidente do Senado, sobre a conversa que teve com Paulo Guedes no dia 6 do corrente mês.
Leiam o trecho da matéria do BuzzFeed News que reproduzirei para vocês, queridas leitoras e leitores do Cafezinho. Volto em seguida:
“Se o sr. acha que vai ser tumultuado ano que vem, imagina como vai ser esse ano. O que eu puder fazer para ajudar, estou pronto…”, disse Eunício ao BuzzFeed News, narrando ter deixado a porta aberta para propostas de interesse do futuro governo, que só toma posse em janeiro, no Orçamento Geral da União.
“Ele olhou para mim e disse que orçamento não é importante, importante é aprovar Reforma da Previdência”, contou o presidente da Casa.
Eunício conta ter lembrado que aprovação do Orçamento é pré-requisito para o recesso parlamentar, estabelecido pela Constituição. “Ele me disse: ‘vocês não aprovam orçamento, orçamento eu não quero que aprove não’. Mas não é o senhor querer, a Constituição diz que só podemos sair em recesso após a aprovação.”
Pela reconstituição de Eunício, Guedes o teria cortado: “‘Não, eu só quero Reforma da Previdência. Se vocês não fizerem vou culpar esse governo, vou culpar esse Congresso e o PT volta, e vocês vão ser responsáveis pela volta do PT.”
O presidente do Senado relata ter lembrado ao futuro ministro que votação de Proposta de Emenda Constitucional só pode ser votada depois que o Executivo encerrar a intervenção federal no Rio.
Pelo relato de Eunício, Paulo Guedes teria insistido com a história do PT voltar se a Reforma da Previdência não passasse. Segundo ele, Paulo Guedes subiu a aposta na conversa:
“[Guedes me disse:] ‘se vocês não aprovarem tudo aquilo que nós queremos esse ano, o PT volta. Se aprovar a reforma o Brasil vai crescer a 6%, se não aprovar o Brasil não vai crescer, eu vou culpar vocês’”, contou.
“Democracia é o melhor regime para se viver no mundo, mas ela é complicada mesmo, é difícil, ministro”, respondeu o emedebista. Eunício não se reelegeu em outubro, mas até 31 de janeiro continua no comando do Senado, com o poder de determinar a pauta do que vai à votação no plenário.
“Então eu vi a Raquel Dodge lá na frente e saí para conversar com ela e ele seguiu conversando com o Fernando Bezerra (MDB-PE), que saiu de lá horrorizado”, afirmou.
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É pra ficar horrorizado mesmo.
O primeiro choque é a notícia de que o futuro superministro da Economia, o Posto Ipiranga de Bolsonaro, o todo poderoso Paulo Guedes não sabe que o orçamento do país deve, obrigatoriamente, por comando direto da Constituição Federal, ser aprovado pelo Congresso durante a legislatura anterior.
Bolsonaro garantiu, durante a campanha eleitoral, que colocaria “os melhores” para gerir as pastas do governo. O fato de o melhor nome encontrado para a economia não saber algo tão básico e fulcral para o funcionamento do país, sabido por qualquer estudante do primeiro ano de direito, faz com que paire um enorme ponto de interrogação sobre a capacidade do presidente eleito de escolher “os melhores”.
O que, aliás, é algo bastante óbvio: se a pessoa não sabe nem o básico sobre um assunto, como é o caso de Bolsonaro em relação à economia, como ela irá escolher um bom nome? Essa pessoa, no caso o presidente eleito, irá escolher o que melhor lhe enrolou – no caso, o sr. Paulo Guedes.
A segunda conclusão que podemos tirar do relato de Eunício não é tão chocante assim, já que a truculência e o antipetismo tosco são marcas registradas de Bolsonaro. O que surpreende é que o futuro ministro da economia, do qual naturalmente se espera uma postura mais polida e democrática, bem como argumentos um pouco mais sofisticados, aparentemente vai emular o comportamento de seu chefe.
Se usar a estratégia de culpar o PT por todos os males do país – quiçá da história da humanidade ou, por que não, da história do planeta; vai saber se o meteoro que provocou a extinção dos dinossauros não foi uma negociação escusa de algum ancestral remoto do Lula com aquelas divindades furibundas de antigamente? – e usar como grande trunfo eleitoral impedir a volta do petismo ao poder já é um rebaixamento vergonhoso do debate político, usar esse mesmo tipo de, vá lá, “argumento”, nas negociações com o chefe do Poder Legislativo, como fez Paulo Guedes, é inacreditavelmente vergonhoso.
“Façam o que eu quero ou o PT volta e eu vou culpar vocês” parece uma frase saída da boca de algum rei estupidamente mimado da Idade Média. Não é por acaso que a “família real brasileira” (risos, muitos risos) apoia entusiasticamente Bolsonaro. O tataraneto de Dom Pedro II (mais risos) foi eleito deputado federal por São Paulo, pelo partido de Bolsonaro, com uma expressiva votação (aqui, cabem algumas lágrimas).
Algumas horas depois da bizarra conversa com Eunício, Paulo Guedes disse que deveria ser feita uma “prensa” no Congresso para aprovar a reforma da Previdência. Eunício reagiu:
Eu digo que aqui ninguém dá prensa. Aqui você convence, discute, ganha perde, agora prensa ninguém vai dar em mim
Guedes é autoritário e truculento como o chefe, mas bobo não é. Ele sabe que a reforma da Previdência é absolutamente impopular, por motivos óbvios, e não quer que o governo Bolsonaro assuma essa bronca. Como alguém tem que fazer a reforma – afinal, assim a banca exige -, a genial solução é tentar enfiá-la “guela” abaixo deste Congresso em fim de legislatura.
Tem tudo para dar errado, uma vez que ainda estamos em uma democracia e existem algumas normas constitucionais que não são tão simples de driblar.
Como disse Eunício, no alvo: “Esse povo que vem aí não é da política, é da rede social”.
maria do carmo
23/11/2018 - 22h09
Prezado Euclides de Oliveira Pinto Neto o que podemos esperar de um presidente bronco, despreparado, mentiroso e sem nocao, nao tem capacidade de escolha, e se submente a indicacoes do maluco do Olavo de Carvalho e outros oportunistas!
Boris
23/11/2018 - 11h51
A solução para todos os problemas.
https://www.youtube.com/watch?v=fP6CbYu3T7Y
Paulo
22/11/2018 - 18h46
Aí, para além do despreparo político, fica a pergunta: para Paulo Guedes, a Reforma da Previdência é realmente necessária (comissão da Câmara dos Deputados diz que não é) ou só o pagamento aos financistas, desesperados pelo dinheiro dos coitados que terão que recorrer à previdência privada?
Ultra Mario
22/11/2018 - 18h12
Esse cara é esperto. Sabe que o povo não aceita a reforma da previdência e é contra o neoliberalismo, então é melhor passar essas reformas no governo Temer do que no governo dele.
Mas de qualquer forma a esquerda vai voltar a governar o país. Porque o presidente eleito e seus lacaios foram eleitos a base do ódio e da mentira. E nenhum dos dois resolvem os problemas da sociedade.
robertoAP
22/11/2018 - 17h06
Como todo ultra direita reacionário e apátrida o Guedes é uma criança mimada,mal educada e birrenta.
Não vai ser um ministro , vai uma espécie de Chucky , com a mentalidade e infantilidade mórbidas do Chucky a governar um país de 210 milhões de habitantes.
Mas infelizmente, esse povo foi quem escolheu ser governado pelo boneco tropical do doido Trump, mais doido do que o original e o boneco Chucky Guedes,tão assasssino e mais infantil do que o velho Brinquedo Assassino.
Como diria o próprio Trump: FUCK YOU
Gustavo
22/11/2018 - 16h46
Custo a acreditar que uma pessoa do calibre de Paulo Guedes cometa erros tão grosseiros e mostre completo desconhecimento sobre o orçamento público federal e a atual reforma da previdência.
Inegavelmente o governo Bolsonaro pegaria uma situação ótima se a reforma estivesse aprovada e se o orçamento ficasse por conta do próximo governo. Mas daí a pedir isso sabendo que não há amparo político e constitucional…
Se o nível for realmente esse vamos ter muitos problemas
Eduardo Peres
22/11/2018 - 14h29
Caros, amigos esquerdistas. Vocês esquecem que o orçamento será aprovado por um Congresso com uma cambada de políticos corruptos que não foi reeleita e que já provaram que não estão preocupados em ajudar o próximo governo (vide aumento do STF). Para Paulo Guedes, realmente não é interessante aprovar o orçamento agora. Se atrasarem as férias dos políticos, culpa da Carta Magna que ninguém respeita, mas que de tão prolixa, serve de argumento para hipócritas representantes da imprensa livre. O problema é bem maior do que vocês conseguem ver. Passa pela reforma da Previdência e, para Paulo Guedes, isso é bem mais importante do que atrasar alguns meses as férias dos representantes do povo já derrotadas na eleição. Orçamento tem todo ano e realmente não chega nem próximo à importância da Reforma da Previdência que irá acabar com os privilégios que atrasam a retomada do crescimento que pode nos livrar do legado obsceno a que o PT nos relegou. A oposição é livre, o Lula não. Esse é larápio e está preso! Graças ao nosso Ministro da Justiça que será Ministro do STF e, aí sim, juntar-se-á ao time do bem para frear a impunidade propagada por Toffoli, Mendes, Lewandovisk e primo do Collor.
Paulo
22/11/2018 - 18h41
Quais são os “privilégios” que a Reforma da Previdência eliminará?
O Pai
23/11/2018 - 09h37
Paridade e integralidade dos servidores públicos contratados antes de 2013 e que ainda estejam na ativa.
Paulo
23/11/2018 - 18h31
Isso não é vantagem, é contrato, e não pode ser mexido. O combinado não sai caro…
Paulo Figueira
22/11/2018 - 18h47
O legado indecente que o PT nos legou:
Taxa de desemprego em 2002 – 13%
Taxa de desemprego em 2014 – 4,3%
Salário mínimo em dólar
2002 – US$ – 66,78
2014 – US$ – 313,89
Posição da economia brasileira no mundo
20002 – 13
2014 – 7
Dívida Pública
2002 – 74% do PIB
2014 – 60% do PIB
Percentual da polução em nível de pobreza (Banco Mundial) – Renda abaixo de US$1,25
2002 – 11%
2014 – 5,9%
IDH
2002 – 0,589
2014 – 0,518
Percentual de jovens que concluíram o ensino médio aos 16 anos
2002 – 57%
2014 – 74%
Percentual da população de 16 a 24 anos matriculada no ensino superior
2002 – 11%
2014 – 18%
Número de empregos formais criados de 2003 a 2014
20 milhões
Índice Gini (desigualdade)
2002 – 54,2
2014 – 45,9
Campus de Universidades Federais criadas entre 2003 e 2014
18
Escolas técnicas
422
Segundo a sabedoria popular, a mentira tem pernas curtas.
Quando as mentiras que vocês contam forem desmascaradas para população, a enxurrada pode ser incontrolável
Renato
22/11/2018 - 23h59
Ué, o que houve com os anos de 2015 e 2016, quando o Petê ainda governava o país ?
Paulo Figueira
23/11/2018 - 11h23
Dilma não pode governar no segundo mandato, todos sabem.
Pautas bomba do Cunha no Congresso, processo de desestabilização do País com o não reconhecimento dos resultados da eleição, o golpe de estado do qual Dilma foi vítima.
Cumpanherô
23/11/2018 - 08h11
Essa é a prova cabal do “rouba mas faz”. Foram muitos feitos e muitos roubos inegavelmente.
Paulo Figueira
23/11/2018 - 11h33
Os governos petistas instrumentaram o Estado Brasileiro para o combate a corrupção.
Eu não nasci ontem, muito pelo contrário, minha geração foi vítima dos 21 anos de ditadura que vivemos.
A corrupção na ditadura como em toda a nossa História sempre foi uma chaga.
Essa conversa de corrupção sempre foi usada pela direita quando se sentia ameaçada de ficar alijada do poder e não via perspectiva de retornar ao poder pelo voto, Getúlio foi vítima, Juscelino Jango, e agora o PT, sempre com o financiamento e suporte do império americano
Cumpanherô
23/11/2018 - 14h54
Muito válido e louvável o PT instrumentar o estado para combater a corrupção. É um dos seus grandes feitos, mas isso não apaga as varias denúncias e condenações que o partido teve.
Recebeu milhões em propina sabidamente ilegal. Ainda que alegasse não saber que o dinheiro era de propina sequer teve a descência de devolver.
Muitos feitos e muitos roubos.
Paulo Figueira
23/11/2018 - 18h49
O PT é uma instituição humana e como em qualquer instituição humana serão encontrados os vícios humanos, mas o empresário tucano Ricardo Semler afirmou, que nunca havia se roubado tão pouco no Brasil como no período dos governos petistas.
A sensação de corrupção pode ser maior ou menor de acordo com a forma como é tratada pela mídia,
você imagina governo mais corrupto do que foi o governo FHC? Só nas privatizações foram bilhões e bilhões,, compra de votos para aprovar a emenda da reeleição etc, etc. etc…, mas o governo era amigo dos barões da mídia e apoiado por ela, então era como se nada estivesse acontecendo.
João Ribett
22/11/2018 - 21h32
Cara, o capim que a mula sem cabeça que você elegeu te deu pra comer deve ter vindo com maconha estragada junto. Que privilégios da previdência atrasam a retomada do crescimento econômico? O PIB do Brasil saltou de 550 bilhões em 2003 para 2,2 trilhões de dólares em 2013, sem reforma da previdência , desemprego de 4,7%. Redução da pobreza e crescimento da classe média. Claro que você vai copiar uns dados falsos pra postar, mas não vai convencer.
Paulo José
22/11/2018 - 13h08
Eunício é folha de bananeira. Onde o vento sopra ele vai atrás.
Não dá partido trabalhista contar com gente desta estirpe. A prosseguir assim, continuará reclamando de traições.
Euclides de Oliveira Pinto Neto
22/11/2018 - 11h23
Macacos soltos no pomar só fazem lambança…. este é o futuro do país… com essa quantidade de idiotas, o futuro governo promete…