Ministério da Economia unificará Fazenda, Planejamento e Indústria

Ministério da Economia unificará Fazenda, Planejamento e Indústria, diz Paulo Guedes

Futuro ministro da área econômica se reuniu com o presidente eleito Jair Bolsonaro nesta terça (30). Na semana passada, Bolsonaro disse que deixaria de unir pastas da Indústria e da Fazenda.

Por Raoni Alves e Filipe Matoso, G1 — Rio de Janeiro e Brasília

30/10/2018 16h40 Atualizado há 4 horas

Equipe de Bolsonaro anuncia superministério da Economia sob comando de Paulo Guedes

Anunciado como futuro ministro da área econômica, Paulo Guedes informou nesta terça-feira (30) que o governo unificará as pastas da Fazenda, do Planejamento e da Indústria e Comércio Exterior.

Paulo Guedes deu a informação em uma entrevista coletiva após participar de uma reunião no Rio de Janeiro com o presidente eleito, Jair Bolsonaro. O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), anunciado como futuro ministro da Casa Civil, também participou da entrevista.

“O Ministério da Indústria e Comércio já está com a economia. O Ministério da Economia vai ter Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio”, declarou Paulo Guedes nesta quarta-feira.

“A razão da Indústria e do Comércio estar próximo da Economia é para justamente existir uma mesma orientação econômica em tudo isso. Não adianta a turma da receita ir baixando os impostos devagar se a turma da indústria e comércio abrir muito rápido. Isso tudo tem que ser sincronizado. Uma orientação única”, acrescentou.

“Está havendo uma desindustrialização há mais de 30 anos. Nós vamos salvar a indústria brasileira apesar dos industriais brasileiros”, disse.

Inicialmente, no plano de governo, Bolsonaro já havia informado que unificaria Fazenda, Planejamento e Indústria.

Mas, na semana passada, disse em uma transmissão no Facebook que, atendendo a pedidos de empresários, não uniria as três pastas.

“O Ministério de Indústria e Comércio acabou se transformando numa trincheira da Primeira Guerra Mundial. Eles estão lá com arame farpado, lama, na trincheira, buraco, defendendo às vezes protecionismo, subsídios, desonerações setoriais. Coisas que prejudicam a indústria brasileira. Em vez de lutar por redução de impostos, simplificação de impostos e uma integração competitiva na economia internacional”, afirmou Paulo Guedes.

Em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) criticou a decisão do governo, afirmando que a medida vai contra a tendência mundial.

“Tendo em vista a importância do setor industrial para o Brasil, que é responsável por 21% do PIB nacional e pelo recolhimento de 32% dos impostos federais, precisamos de um ministério com um papel específico, que não seja atrelado à Fazenda, mais preocupada em arrecadar impostos e administrar as contas públicas”, afirmou na nota o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.

Atualmente, existem 29 ministérios. Bolsonaro disse, ainda durante a campanha, que reduzirá o número para 15, unindo algumas pastas.

Reforma da Previdência
O futuro governo quer cortar gastos e colocou na lista de urgências a reforma no modelo de previdência.

Atualmente, existe uma proposta em tramintação na Câmara dos Deputados. Ela já foi discutida e o texto está pronto para votação. A proposta altera a idade mínima para aposentadoria, que passa a ser 65 anos para homens e 62 para mulheres. A proposta também iguala as regras para servidores públicos e do setor privado, além de outras mudanças.

Paulo Guedes falou em votação da reforma ainda neste ano, mas com mudanças mais abrangentes. Ele defende a introdução gradual de um novo modelo, de capitalização, em que cada trabalhador contribui para pagar a própria aposentadoria no futuro.

“Nós vamos criar uma nova previdência com o regime de capitalização. Mas existe uma previdência antiga que tá aí. Então, além de um novo regime trabalhista previdenciário que nós deveremos criar para as futuras gerações, nós temos que consertar essa que está aí”, afirmou Paulo Guedes.

Paulo Guedes disse que o momento de votar a reforma vai ser avaliado politicamente. “Existe um cálculo político. O nosso Onyx, corretamente, não quer que de repente uma vitória nas urnas se transforme numa confusão no Congresso. Se o Congresso não tiver condições de aprovar, nós não submetemos”, concluiu.

Indicações para o governo
Mais cedo, nesta terça-feira, Gustavo Bebianno, dirigente do PSL e uma das pessoas mais próximas a Bolsonaro, informou sem entrar em detalhes que “a gente” já tem “mais ou menos” os nomes de metade dos ministros.

Além de Paulo Guedes (Economia) e Onyx (Casa Civil), Bolsonaro já anunciou o general Augusto Heleno para o Ministério da Defesa.

Além disso, o astronauta Marcos Pontes informou ter aceito um convite do presidente eleito para assumir o Ministério da Ciência e Tecnologia.

Responsável pelos processos da Operação Lava Jato em primeira instância, o juiz Sérgio Moro divulgou uma nota nesta terça-feira na qual disse que, se convidado por Bolsonaro para o Ministério da Justiça ou indicado pelo presidente eleito para o Supremo Tribunal Federal, irá “refletir” sobre o tema.

Cenário econômico
Na opinião do futuro ministro da área econômica, o Brasil vive um momento de “desindustrialização acelerada” há 30 anos porque os impostos e os juros são “muito altos”.

Por isso, acrescentou, o objetivo do governo é retomar o crescimento da indústria, baixando juros e aprovando reformas.

“É evidente que não vamos fazer uma abertura abrupta da economia para fragilizar a indústria brasileira. Ao contrário, nós vamos retomar o crescimento da indústria brasileira. Nós vamos justamente retomar o crescimento da indústria brasileira garantindo juros baixos, com as reformas fiscais, garantindo a desburocratização”, declarou Guedes.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
Related Post

Privacidade e cookies: Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.