Um recado do futuro

Jair Bolsonaro está eleito e será o presidente do Brasil a partir de 1º de janeiro de 2019.

Sua campanha foi grotesca.

A grande proposta: armar a população. Se sairmos nos matando tudo vai se resolver, é claro como um dia de sol.

De resto, um anticomunismo rastaquera, fake news bizarras espalhadas não apenas por apoiadores ou robôs, mas pelo próprio candidato e sua entourage, e declarações que transitam entre a ignorância, o preconceito e o fascismo.

Sobre os rumos econômicos do país, bastou usar a palavrinha mágica: liberalismo. É só privatizar tudo, cortar gastos e pronto, o deus mercado entrará em ação e produzirá o milagre da prosperidade para todos.

O filme é o mesmo em toda eleição. A direita evita falar muito sobre economia, desemprego e educação porque se falar demais, se entrega. Seu projeto é antagônico aos interesses dos trabalhadores, ou seja, da maioria do país.

A extrema-direita tem uma considerável vantagem no quesito “capacidade de desviar o foco das grandes questões”. Seus representantes, a começar pelo presidente eleito, não têm nem a sofisticação, nem os pudores dos próceres da direita tradicional.

Bolsonaro e sua trupe falam o que dá na telha. A atenção alcançada pelas declarações absurdas torna ainda mais difícil a discussão sobre projetos.

A intensidade da espoliação que pretendem impor ao país é proporcional às barbaridades da campanha. A tendência é que o governo Bolsonaro alce o entreguismo e as políticas antipovo de MDB e PSDB a níveis inimagináveis.

O quadro para o curto prazo é, evidentemente, sinistro.

Para o futuro, contudo, podemos ter uma certeza: venceremos.

Um (não) projeto desses, cedo ou tarde, desmorona ruidosamente. Os efeitos nefastos de um governo autoritário e antipovo serão percebidos na pele por cada vez mais gente.

A resistência só aumentará. A militância orgânica explodirá.

A qualidade da nossa atuação como oposição democrática pode acelerar o processo de refluxo dessa onda reacionária.

Organizemo-nos. Juntemo-nos às lutas do sindicato da nossa categoria, de partidos comprometidos com as causas populares, de coletivos de luta, de movimentos sociais.

Militemos virtualmente também. Escrevamos, façamos o debate nas redes sociais. Não exclua bolsominions, por mais chatos que sejam. O debate público é importante; muita gente acompanha as tretas. Caso argumentemos com paciência e consistência, fica visível, para quem lê, qual lado está com a razão.

Chega, portanto, de choro, raiva, ou frustração. Chega de medo.

Afinal, calhamos de estarmos vivos aqui, nesse país chamado Brasil e nesse período histórico. Temos uma grande missão pela frente e o medo é contraproducente.

O guru indiano Osho falou o seguinte sobre as formas de lidar com o medo:

Quando é destemido, você não é nem covarde nem corajoso, porque ambos estão enraizados no medo. O covarde sucumbiu ao medo e o corajoso está tentando vencer o medo, mas ambos estão preocupados com o medo. E o destemido simplesmente abandonou a coisa toda.

Nós já vencemos essa guerra. Em algum ponto futuro da linha do tempo estamos comemorando a vitória sobre as trevas.

Não há, pois, o que temer.

Com a vida, a história e o amor ao nosso lado, sejamos destemidos.

Pedro Breier: Pedro Breier nasceu no Rio Grande do Sul e hoje vive em São Paulo. É formado em direito e escreve sobre política n'O Cafezinho desde 2016.
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