Os casos de corrupção da família Bolsonaro

(Na foto, Jair e Eduardo Bolsonaro posam na Oktoberfest de Bluemenau, em outubro de 2015. A passagem de Eduardo para SC foi comprada com dinheiro público)

Duas escandalosas matérias da Folha demonstram o tamanho da hipocrisia do discurso de Bolsonaro – e de muitos dos seus eleitores.

A primeira é a notícia de que empresários bancam campanha contra o PT pelo Whatsapp.

São contratos de milhões de reais com empresas que disparam centenas de milhões de mensagens pelo aplicativo. A prática é contra a lei eleitoral, que proíbe doações empresariais para campanhas bem como doações não declaradas.

Um levantamento realizado pelos professores Pablo Ortellado (USP), Fabrício Benvenuto (UFMG) e pela agência de checagem de fatos Lupa em 347 grupos de WhatsApp encontrou, entre as imagens mais compartilhadas, apenas 8% que podem ser classificadas como verdadeiras.

Resumindo, a campanha de Bolsonaro está sendo inflada por uma enxurrada de dinheiro ilegal que, por sua vez, financia um tsunami de notícias falsas sobre os eleitores.

A segunda notícia é a de que Eduardo Bolsonaro, filho do candidato à presidência e deputado mais votado do país, usou verba de sua cota parlamentar para viajar para Santa Catarina praticar tiro ou tomar chope na Oktoberfest. A matéria está aqui.

A cota parlamentar é nada mais, nada menos que dinheiro público. Nosso dinheiro, ao qual os deputados têm direito apenas para custear gastos vinculados à atividade parlamentar.

O escândalo das mensagens ilegais – e falsas – via Whatsapp é uma sofisticação do método já usado em 2014, quando boatos sobre o delator Youssef, por exemplo, espalharam-se às vésperas das eleições.

Trata-se de uma pesada interferência ilegal na manifestação da vontade popular que pode decidir a eleição. Corrupção das grossas e com uma intensidade e alcance inéditos.

A farra das passagens do filho de Bolsonaro, por sua vez, é o caso clássico de corrupção da política brasileira: uso de dinheiro público para fins particulares. O caso da Val, funcionária fantasma de Jair Bolsonaro que vendia açaí no horário do expediente, também entra nessa categoria.

A revelação desses casos torna surreal o grande argumento usado por eleitores de Bolsonaro para ignorar seu despreparo, seu discurso de ódio e seu autoritarismo, o de que “o PT é corrupto”.

Votar em corruptos desse naipe usando a desculpa da “corrupção do PT” também é corrupção.

Do próprio voto.

 

Pedro Breier: Pedro Breier nasceu no Rio Grande do Sul e hoje vive em São Paulo. É formado em direito e escreve sobre política n'O Cafezinho desde 2016.
Related Post

Privacidade e cookies: Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.