Está divertido acompanhar a reação de Bolsonaro e seu staff ao escândalo do caixa 2 para espalhar fake news no Whatsapp.
O candidato falou que não tem “controle se tem empresário simpático a mim fazendo isso. Eu sei que fere a legislação. Mas eu não tenho controle, não tenho como saber e tomar providência”.
Um parêntesis.
Bolsonaro aparentemente não está conseguindo controlar nada muito bem. Ele afirmou que não tem controle sobre seus apoiadores que estão agredindo gays, pessoas de esquerda e eleitores de Haddad nas ruas por todo o país. Ele também não tem controle sobre seu vice e seu guru econômico, considerando que ambos deram declarações que tiveram que ser posteriormente desmentidas pelo candidato. Para quem se vende como um cara pulso firme e tal, parece estar faltando um pouco de comando, não?
Fecha parêntesis.
A coordenadora jurídica da campanha, Karina Kufa, afirmou que a ação das empresas “É de total desconhecimento da campanha. (…) Empresas que não conhecemos, que não temos qualquer contato”.
Segundo o UOL, uma das empresas citadas na reportagem da Folha que denunciou o esquema, a AM4, consta na prestação de contas do candidato como tendo recebido R$ 115 mil para serviços digitais.
Ou seja, a coordenadora jurídica da campanha de Bolsonaro mentiu.
Agora, vamos raciocinar.
Mesmo que acreditemos na improvável hipótese de que a campanha do candidato do PSL não fazia ideia de que um punhado de megaempresários contratou empresas para espalhar mensagens no Whatsapp – com a esmagadora maioria contendo notícias falsas – ao custo de até R$ 12 milhões (!) por contrato, não seria dever do candidato investigar isso?
Afinal, qualquer um que está acompanhando minimamente o processo eleitoral percebe que a máquina de fake news de Bolsonaro nas redes sociais é poderosa. A campanha do candidato, que supostamente se preocupa tanto com a verdade, não se interessou por investigar de onde vinha esse monte de fake news? Só porque lhe convém? Como era o lema, mesmo? “Conhecereis a verdade e”… uhum, tá bom.
De qualquer forma, é lindo quando a História mostra sua veia irônica.
A direita fez piada até enjoar com o fato de Lula dizer que não sabia do “mensalão”.
Agora, com a explosão do “Bolsolão” às vésperas da eleição, a saída de Bolsonaro é simplesmente dizer que não sabia de nada.
Como canta a Marisa Monte, “enquanto eu vou andando, o mundo gira e nos espera numa boa”…