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A sombra nazista que cobre as eleições brasileiras

Tem acontecido em toda parte. É muito sinistro. Na Folha Apartamentos da USP amanhecem com suásticas nas portas Alunos contam ter se assustado com símbolo nazista e relatam medo de posicionamento político 17.out.2018 às 20h20 Gabriela Sá Pessoa SÃO PAULO Cinco apartamentos do bloco A do Crusp (Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo) amanheceram […]

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Tem acontecido em toda parte.

É muito sinistro.

Na Folha

Apartamentos da USP amanhecem com suásticas nas portas

Alunos contam ter se assustado com símbolo nazista e relatam medo de posicionamento político

17.out.2018 às 20h20
Gabriela Sá Pessoa

SÃO PAULO
Cinco apartamentos do bloco A do Crusp (Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo) amanheceram nesta quarta (17) com suásticas pichadas nas portas. Em um deles, além da suástica, havia a inscrição: “Volta p/ Bolívia”.

O símbolo nazista destoa da paisagem da residência estudantil. Alguns estudantes colocam vasos com plantas em suas portas, decoram suas casas com mandalas e borboletas e, nas passagens, veem-se adesivos esparsos de candidatos filiados ao PSOL e ao PSTU.

Alexandre Honório, 29, estudante do último semestre de geografia se assustou quando abriu a porta de manhã e viu a suástica desenhada na parede, aparentemente a lápis. Morador do Crusp há três anos, é a primeira vez que ele vê uma manifestação assim.

“Fiquei com medo, pareceu uma ameaça. Sou LGBT, preto, periférico. Já penso que estou sendo atacado”, disse Honório. “É um ambiente estudantil que preza pela liberdade de pensamento e tem várias pichações, sempre voltadas para denúncia, não pra esse tipo de violência. É uma violência isso”, completa.

Ele tentou cobrir o símbolo formando um quadrado com lápis de cor: “Não sou obrigado a ficar com suástica aqui”.

A reportagem conversou com outros cinco moradores do Crusp e visitou dois apartamentos vandalizados. Todos disseram estar assustados com a pichação.

Os estudantes dizem ter procurado o Serviço de Assistência Estudantil e informaram a segurança sobre o ocorrido, mas não tiveram nenhuma resposta. A universidade não se pronunciou.

Não há suspeitas de quem seja o autor das inscrições e não há câmeras dentro do prédio. Os estudantes dizem que não dá nem para saber se o responsável mora no bloco, já que não há controle de quem entra ou sai das residências.

Três dos cinco apartamentos já tinham sido vandalizados na terça (16), com frases de conotação sexual inscritas nas portas direcionadas nominalmente aos moradores.

Alguns estudantes especulam que as pichações se liguem a desavenças internas. Eles citaram um morador não identificado que costuma jogar excrementos em uma das cozinhas na madrugada.

Fernanda Theodoro, 29, aluna de Letras, e Laura Balaguer, 21, de Geociências, dividem um dos apartamentos duplamente vandalizados e estão assustadas. Fernanda acha que as suásticas podem estar ligadas ao caso do vizinho problemático, Laura acha que são episódios que não podem ser misturados.

Otávio Balaguer, 24, mestrando em arqueologia e irmão de Laura, classifica as suásticas do Crusp dentro da escalada de agressividade política dos últimos dias, em que o símbolo nazista tem aparecido em locais públicos.

Ele mostra no celular a foto de uma pichação supostamente do banheiro da Faculdade de Educação, ponto de encontro da comunidade LGBT: “Vai começar a matança bolsonarista”.

Antes das suásticas, os estudantes relatam um clima de apreensão na universidade, em que eles e os colegas têm evitado se manifestar publicamente sobre eleições ou usar adesivos de preferência política em sua rotina.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Rosa

18/10/2018 - 18h41

Nos diversos países avançados da Europa, direita e esquerda convivem com respeito.
Aqui no Brasil é uma baixaria. Endemonizam o outro partido usando o mais baixo nível.
Mas, o que podemos fazer se a quantidade de analfabeto político é tão grande?

    Paulo

    19/10/2018 - 21h11

    Rosa, na Europa, coexistem a esquerda e a direita democráticas, que aceitam jogar as regras do jogo democrático. Aqui, a direita flerta sempre com o golpe; e a esquerda, com a ditadura comunista cubana.

Carcará

18/10/2018 - 07h52

O Haddad tem que ir imediatamente para o nordeste e voltar só domingo. Botar Lula de volta na TV. Chamar eles de nazistas ou mesmo provar isso está sendo motivo de chacota, eles riem da nossa cara.

Roger

17/10/2018 - 23h54

Nazismo é uma coisa tão grotesca que penso que a CF deveria abrir mais uma exceção para a pena de morte, só prevista em caso de guerra. Nazista bom é nazista morto.

    Paulo

    18/10/2018 - 00h16

    Ah, me caro Róger! É aí que a esquerda se perde. Esqueça a pena de morte!

    Alan Cepile

    18/10/2018 - 13h26

    Roger, por favor…..

Paulo

17/10/2018 - 21h12

Se permitissem a entrada da PM no campus, a segurança aumentaria. aliás, a USP é, hoje, um campo aberto para a baixa criminalidade, por razões ideológicas. Esses episódios das suásticas são um problema menor, e, provavelmente, como eles mesmo admitem, localizado e pessoal…

    bruno

    18/10/2018 - 03h13

    A PM já entra no campus faz tempo, seu passa-pano de fascista.

CAR-POA

17/10/2018 - 21h09

ELES TAMBÉM SÃO MORTAIS.
O MEDO É A PIOR REAÇÃO ,É AÍ QUE ESSES COVARDES CRESCEM.
NA PRIMEIRA AMOSTRA DE REAÇÃO ,DESAPARECEM.


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