A mentira vos elegerá?

Bolsonaro adotou como seu lema o versículo bíblico “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32).

Como costuma acontecer com quem se proclama dono da verdade, Bolsonaro mente alucinadamente. Seus apoiadores, idem: espalham fake news como se não houvesse amanhã.

Alguns exemplos.

Em qualquer post que uma amiga minha faça sobre as eleições, um eleitor do Bolsonaro desata a mandar memes e vídeos com fake news. Freneticamente. Montagens bizarras, como a de Haddad segurando um vibrador, são compartilhadas sem dó. Eu e outros abnegados às vezes comentamos, falamos que aquilo é falso. O cidadão simplesmente ignora e escreve coisas como “E a quadrilha do PT hein???”. Em seguida, manda mais um caminhão de memes absurdos.

Os bolsonaristas um pouco mais sofisticados são só isso mesmo, um pouco mais sofisticados. O método é o mesmo: fake news na veia. Em um debate pelo Facebook, um deles, médico, me pediu para explicar o que era fascismo, dando a entender que nós, que apontamos a óbvia e escrachada volta do fascismo, não sabemos do que estamos falando. Na resposta, mencionei as consequências do discurso de ódio do Bolsonaro e ele retrucou dizendo que “muitos petistas candidatos e eleitos também convocaram a matar os adversários”. Perguntei se tinha vídeos desses petistas. Ele não respondeu. Após eu insistir mais duas vezes, ele disse que “não tem tempo para procurar os vídeos”. Peeguntei se ele não tinha vergonha de espalhar fake news e a resposta foi a clássica: “Vergonha é apoiar a quadrilha” e etc.

Os apoiadores do Bolsonaro apenas replicam os métodos do candidato e de seus filhos.

Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro, compartilhou um post bisonho – e evidentemente falso – do “filósofo” Olavo de Carvalho em que este afirma que Haddad defendeu o incesto em um livro. Mesmo após o próprio Olavo relativizar o que havia escrito, Carlos Bolsonaro manteve seu tweet com a pergunta: “É isso que você quer ver governando o país”?

O próprio candidato à presidência encarregou-se de espalhar a maior das fake news desta eleição: o livro com imagens de cunho sexual que ele levou ao Jornal Nacional e afirmou ser parte do “kit gay”, o qual teria sido distribuído em escolas públicas. Trata-se de mais uma grotesca mentira. O livro nunca foi distribuído em escola nenhuma. O TSE ordenou, só agora, a remoção dos vídeos de Bolsonaro em relação ao tema. Ação tardia e, portanto, inútil, tendo em vista que o estrago já está feito e é impossível repará-lo.

Diante deste sórdido espetáculo de mentiras protagonizado pela campanha de Bolsonaro, outra passagem bíblica, Pedro 2:1-3, cairia muito melhor para o candidato das fake news:

No passado surgiram falsos profetas no meio do povo, como também surgirão entre vocês falsos mestres. Estes introduzirão secretamente heresias destruidoras, chegando a negar o Soberano que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. Muitos seguirão os caminhos vergonhosos desses homens e, por causa deles, será difamado o caminho da verdade. Em sua cobiça, tais mestres os explorarão com histórias que inventaram. Há muito tempo a sua condenação paira sobre eles, e a sua destruição não tarda.”

Amém.

Pedro Breier: Pedro Breier nasceu no Rio Grande do Sul e hoje vive em São Paulo. É formado em direito e escreve sobre política n'O Cafezinho desde 2016.
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