Kátia: Haddad queria Ciro. Lula não deixou
Haddad seria um Dilma-2, piorado
publicado 12/10/2018
O Conversa Afiada reproduz trechos da entrevista da ex-ministra Kátia Abreu, candidata a vice-presidente na chapa de Ciro Gomes, ao Globo Overseas (empresa que tem sede na Holanda para lavar dinheiro e subornar agentes da FIFA com objetivo de ter a exclusividade para transmitir os jogos da seleção):
(…) O Globo: A senhora já disse que vai votar em nulo ou branco. Por quê?
Kátia Abreu: Desde o início da campanha, estou dizendo – e não quero mudar de discurso – que o PT não poderia ter empreendido essa batalha agora. O PT tem militância, tem sua história, mas está ferido, ferido de morte. E não sou eu que estou dizendo. É o resultado das urnas. O impeachment foi ontem. As feridas estão muito abertas. O Lula está preso. O clima está péssimo para o PT. Nem projeto eles conseguiram construir. Qual é o projeto do PT? A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, foi absolvida no Supremo um dia desses, até por merecimento, não estou acusando. Mas há fragilidade.
O Globo: A senhora se refere ao atual candidato petista?
Kátia Abreu: O Haddad, eu não vou dizer que não seria um ótimo ministro da Educação, mas daí a ser Presidente da República? Foi prefeito de São Paulo, mas não foi aprovado pela população. Aí sobrou no PT o Haddad e o Jaques Wagner. O Jaques recusou. Então, o medo de perder a hegemonia não mede as consequências. Se o projeto de Brasil fosse mais importante, eles tinham apoiado uma outra pessoa. Que paixão é essa pela democracia? Tem não. É pelo partido.
O Globo: Antes do período eleitoral, o Haddad chegou a propor ser vice do Ciro?
Kátia Abreu: Isso só passou pela cabeça de Haddad. Foi o que escutei ontem (quarta-feira) do namorado da Fátima Bernardes (Túlio Gadelha, eleito deputado federal por Pernambuco). Ele não me contou em segredo, foi na reunião do partido, todo mundo ouviu. Que, lá atrás, ele (Túlio) perguntou ao Haddad: “Por que você não se alia ao Ciro? O PT não tem condições de ter candidato agora”. O Haddad respondeu: “Foi a única coisa até hoje que eu pedi ao Lula. E ele não me atendeu”. Não quis apoiar o Ciro Gomes. Isso antes de o Haddad virar o vice de Lula, que depois virou o candidato oficial do PT.
O Globo: A senhora acredita que o Brasil pode virar uma Venezuela com a vitória do PT?
Kátia Abreu: Não conseguiria governar. Não teria maioria na Câmara. Ia ter enfrentamento no interior do país. Haddad seria um governo Dilma 2, piorado. O que piorou a vida da Dilma foi o vice fazer a conspiração. No caso do Haddad, não seria esse o problema. Não teria maioria. Esse negócio de Venezuela é um exagero. Só acho que não vão governar. Nestes últimos anos, já tem bastante tempo que não temos projeto de país. (…)