Um fenômeno incrível

Por Gustavo Castañon

Passei as últimas horas vendo vídeos, fotos e depoimentos sobre as manifestações de hoje.

Até então, muito temia esse movimento por colocar centralidade na figura de Bolsonaro, transformando a eleição num plebiscito sobre ele.

Temia mais ainda que fosse um movimento de caráter reduzido e limitado a um público tradicional de esquerda identitária.

O efeito teria sido alimentar a candidatura do monstro.

Mas o que vi em todo país pela telinha do PC, porque não fui as ruas hoje, foi algo inédito.

Nunca tive paciência para discurso sexista mas hoje tenho que dizer que as mulheres brasileiras são realmente a única esperança desse país.

O movimento que elas causaram é comovente e impressionante. É a primeira vez que elas realmente criam, lideram e dão a estética de um movimento de massas e movem as placas tectônicas da política nacional.

Nunca jamais se viu nesse país manifestações tão gigantescas contra um candidato a presidente.

Não sei se o movimento de hoje consegue impedir a vitória de Bolsonaro.

Mas ele, juntamente com a rejeição astronômica do monstro, certamente acendeu a luz vermelha na elite brasileira.

Hoje acredito que ela entendeu que a curto prazo a aposta em Bolsonaro enterrará de vez a direita nacional.

E que ele não terá qualquer condição de governabilidade.

Os pseudo-iluministas da Rede Globo devem estar sofrendo uma pressão interna e internacional imensa. Não haverá como justificar internacionalmente o país sendo governado por uma aberração moral como Bolsonaro.

Muito menos uma ditadura liderada com ele com o maior líder popular do Brasil encarcerado.

As FFAA devem estar hoje também chocadas. Bolsonaro arrastará a imagem da instituição para a lama.

O mercado vai precificar as manifestações monstro. Já não bastasse a insegurança com a instabilidade de Mourão e do apoio a Paulo Guedes, descobrem estar com uma bomba nas mãos.

O Brasil disse hoje que não vai entregar a democracia assim de mão beijada, não.

E disse através das vozes de mães e meninas.

Milhões de pessoas que estavam aterrorizadas com o fascismo por sua orientação sexual, gênero, posição política ou condição social agora não se sentem mais sozinhas, a voz que tinha sido roubada delas pelo medo saiu como um grito de alegria e liberdade.

P, isso é emocionante pra C.

Obrigado.
Muito obrigado.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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