Ao que tudo indica, pelos últimos números do Datafolha divulgados ontem, as eleições brasileiras caminham para uma radicalização classista inédita.
A rejeição a Bolsonaro nas classes baixas atingiu níveis que eu nunca vi contra nenhum outro candidato. Entre eleitores com renda familiar até 2 salários, 52% declararam não votar “de jeito nenhum” no deputado.
A rejeição a Haddad nas classes mais altas, por sua vez, continua crescendo muito, fazendo o candidato perder intenções de voto em alguns extratos, apesar de sua alta na média geral.
Entre eleitores que ganham de 5 a 10 salários, a rejeição a Haddad já bateu em 52% (basta lembrar que a rejeição total de Bolsonaro, muito alta, atingiu 46%).
Entre eleitores com renda superior a mais de 10 salários, a rejeição ao petista subiu para 59%.
Entre eleitores com ensino superior, Haddad já ultrapassou Bolsonaro, e agora tem 48% de rejeição, contra 45% de Bolsonaro.
Abaixo, gráficos com a rejeição dos candidatos por faixa de renda. O último é com eleitores com ensino superior.
O problema da rejeição muito elevada em determinados extratos sociais importantes é que ela pode alimentar o golpismo, sobretudo diante de uma polarização em que os adversários não mais se respeitam.
Em entrevista a Datena, ontem, Bolsonaro declarou que não aceitará nenhum outro resultado que não seja o de sua vitória, e defendeu um golpe militar, se for “contra o PT”.
Bolsonaro: “daí poderia acontecer sim a participação das Forças Armadas [numa intervenção militar, ou golpe de Estado militar], mas o PT errando primeiro”. Ele completa que “não existe democracia sem Forças Armadas”.