HADDAD vs. BOLSONARO
Por Erick Quintella
O marketing do momento é que a disputa Haddad vs. Bolsonaro é a disputa extrema-esquerda vs. extrema-direita.
Não é. Explico.
O PT nunca foi extrema-esquerda. Há quem duvide se já foi esquerda. Por carregar bandeiras progressistas e lutar pelos trabalhadores foi convenientemente posicionado como centro-esquerda. Pra mim, Lula tinha um plano na cabeça, inserir o pobre no orçamento, e usou sua habilidade de bom negociador para fazer conciliações, mesmo que tivesse que fazer muitas concessões, para executar seu plano. Lula nunca se importou com os rótulos direita ou esquerda. Governou e deixou para os historiadores definirem no futuro que filosofia orientou sua tomada de decisão.
Por outro lado, se olharmos Paulo Guedes, o “Posto Ipiranga” de Bolsonaro, seus pensamentos econômicos são criticados até pela mais importante revista liberal do mundo, a The Economist. Economistas respeitados de direita afirmam que o plano de Paulo Guedes é horrível, tem cara de direita, mas não é sério e ofende a direita. E Bolsonaro, que só fala de costumes, notabilizou-se por excluir aquele que lhe é diferente, num comportamento anti-democrático por definição. Em sua revolta contra tudo e contra todos Bolsonaro não oferece construção, só oferece destruição, o que nos autoriza, como sociedade que quer se preservar, a retirá-lo desta disputa, inclusive pela força se for necessário. Bolsonaro não é extrema-direita, é o avesso da política.
Há muito de má-fé nesta dicotomia odienta, em grande parte fomentada pela mídia hegemônica.
Com mais de uma década de propaganda negativa a grande mídia armou uma cilada pro PT. Primeiramente, demonizou a corrupção, que sempre teve apelo popular negativo, e apesar de saber que a corrupção estava em todos os partidos colou a corrupção unicamente no PT, que estava superexposto por ocupar o poder. Em seguida, alimentou a cultura de ódio pelo PT, que foi materializada na figura do Bolsonaro. E agora, na reta final das eleições, sabendo do horror que as elites têm da extrema-esquerda, afirma em todos os canais que o PT representa a extrema-esquerda.
É difícil lutar contra a mídia hegemônica!
Constatando o estado de ânimo da sociedade e verificando o pouco tempo que falta para as eleições, eu me pergunto: dá tempo de desarmar esta bomba até as eleições? Acho que não. Por isso considero um xeque-mate da grande mídia no PT.
Donde derivo, por um cálculo, que Ciro Gomes, que não é PT, tem mais sobrevida que Haddad para desarmar o golpe nas próximas eleições.
Portanto, Haddad vs. Bolsonaro não é uma disputa do tipo extrema-esquerda vs. extrema-direita. O povo precisa entender isso.
Mas é uma disputa do tipo PT vs. anti-PT. Disso creio que não dá pra escapar.
Acha que a grande mídia deu apenas um xeque? Então, vá de Haddad.
Acha que deu um xeque-mate? Então, vá de Ciro.
Porque #EleNão !