Entrevista com José Maria Rangel: Estaremos com Haddad na luta pelo Pré-Sal

Foto: Facebook José Maria Rangel

Com o leilão do Pré-Sal amanhã, o Golpe avança algumas casas a mais para entregar nosso petróleo e, em meio ao fervo das eleições, vale a pena tentar entender como pensa os candidatos em geral.

Eu apoio, como publicado, a candidatura do meu companheiro José Maria Rangel, coordenador licenciado da FUP, e conversei com ele, em meio a correria da agenda da campanha, sobre esse assunto do momento.

Acabei transformando esse bate papo num formato de entrevista, que reproduzo abaixo:

 

Qual as expectativas para o ano de 2019?

Será um ano muito complicado para o Brasil, devido as diversas crises que enfrentamos, tanto política e social, quanto econômica, com um agravante maior que é a crise de humanidade. O resultado eleitoral dará o tom da correlação de forças que teremos para enfrentar a política do ódio e da exploração do pobre, por isso é muito importante eleger por todo país parlamentares comprometidos com o povo brasileiro.

É daí que parte sua candidatura?

Certamente. Tive o privilégio de ser convidado pessoalmente pelo presidente Lula, para tentar aumentar a bancada dos trabalhadores, que tenha o foco para os interesses dessa classe no congresso nacional, e que também defenda os interesses de todo o povo, como a sua maior empresa: a Petrobrás, que é uma das grandes vítimas do Golpe de 2016.

Assumi um compromisso com o presidente Lula, com o povo do Rio de Janeiro e com a categoria petroleira, responsável pela experiência política que acumulei, de tentar chegar em Brasília e fazer o melhor pelo povo. Sabemos que os investimentos no setor petróleo são cruciais para o Brasil e especialmente para o Rio superar a crise econômica. Precisamos rever essa situação.

Acha que o golpe que sofremos em 2016 tem relação com o Petróleo?

Tenho total convicção disso. O Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos do Petróleo, Gás e Biocombustíveis Zé Eduardo Dutra), que foi criado pela FUP na minha gestão, já fez diversos textos explorando esse tema. Em um deles o pesquisador Willian Nozac relembrou: o furto dos HD’s da Halliburton com informações do Pré-Sal; as tratativas do entreguista Jose Serra para acabar com a lei da partilha; a espionagem da Dilma e do alto escalão da Petrobrás e, por fim, a destruição das principais fornecedoras nacionais da empresa provocada pela operação Lava Jato. Ouso dizer que o petróleo foi uma das principais causas do golpe e que, se não reagirmos, sairemos de um projeto desenhado para termos um modelo de política do petróleo Norueguês para migramos para o modelo de exploração Nigeriano. O primeiro, privilegiou os ganhos para a coletividade; já o segundo vive da exploração predatória de expropriação das riquezas do povo.

Muitas pessoas classificaram os petroleiros de oportunistas por se juntarem a greve dos caminhoneiros. Como vocês respondem essas críticas?

Já escutei isso, mas com tranquilidade observo que não corresponde aos fatos. Primeiro que o movimento tinha amplo apelo popular, mesmo com características de locaute, portanto, se juntar à greve foi, também, um ato de solidariedade ao povo brasileiro. Além disso, sabíamos desde o golpe que Parente estava colocando a gasolina e o diesel caros para viabilizar a privatização da Petrobrás. O tucano golpista, com ajuda do governo usurpador, utilizou a Petrobrás para dar dinheiro para os acionistas americanos e para aumentar a importação de diesel e gasolina dos EUA, para tal sucatearam as refinarias brasileiras. Nós petroleiros e precisávamos dizer isso para a sociedade, e ao mesmo tempo preparar nossa categoria para essa guerra.

Preparar a categoria em que sentido?

A guerra contra o entreguismo, contra o neoliberalismo e contra o fascismo. O movimento sindical brasileiro precisa fazer uma ampla reflexão sobre sua atuação e seu papel nesse momento histórico que vivemos. Temos a obrigação de incluir na nossa pauta de lutas as questões mais abrangentes e que envolvam todos os cidadãos.

O TST disse que estávamos fazendo uma greve política, pois estávamos lutando por uma política de combustíveis que favorecesse a população. Nossas greves devem sim ter esse objetivo, e é um absurdo que a justiça trate um movimento de massas como o nosso, que discute o que interessa a população, como criminoso. A classe trabalhadora precisa acordar para isso.

As greves do ABC não foram importantes apenas pelos ganhos que conquistaram a categoria dos metalúrgicos, mas sim porque mostrou que operários e operárias podem participar da política sem perder a identidade da classe trabalhadora.

O que esperar de mais um leilão do pré-sal?

 A Globo, que passou dez anos menosprezando o pré-sal, não consegue mais esconder os resultados extraordinários da conquista do governo petista e já começa exaltar a descoberta. Com o mercado do petróleo tão indefinido, qual a lógica de se fazer mais um leilão? É mais uma fatura do golpe sendo paga, certamente. Isso é entrega descarada do patrimônio brasileiro.

Falando em Lava-Jato, qual seu posicionamento? Não tem receio de criticar a operação?

Olha, combater a corrupção é essencial para o país. Mas, passados quatro anos da Lava-Jato, vai ficando cada vez mais claro que não existe ali qualquer preocupação como o povo brasileiro e com o destino do país. Com pretexto “justo e legítimo” de combater a corrupção, quebraram as empresas brasileiras, destruíram empregos dos brasileiros e tecnologia nacional. Os empreiteiros devem pagar pelos crimes que cometeram, mas as empresas não podem sofrer na mesma medida. Para dar um exemplo, a estrangeira SBM – uma das grandes empresas do mercado do petróleo – foi pega na Lava Jato, fez acordo de leniência com a Petrobrás e está atuando livremente no país. Cadê os empresários estrangeiros presos? Cadê as empresas de fora do país destruídas?

Essa mesma Lava Jato prendeu e condenou injustamente o maior líder popular da história desse país. Se continuar nesse ritmo, a história cravará certamente que a Lava Jato foi a grande inimiga da classe trabalhadora brasileira.

Sobre as eleições no geral, qual a sua impressão?

Tenho o entendimento que essas eleições vão decidir nossas vidas por muito tempo. Precisamos enfrentar essa agenda neoliberal que trouxe um retrocesso tremendo como a lei da terceirização e o congelamento de dinheiro para saúde e educação, por isso, penso que o melhor nome é do ministro Haddad. Como representante direto e legítimo do presidente Lula, Haddad terá força para fazer o Brasil voltar a ser feliz de novo, gerar emprego e distribuir renda.

Além disso, vamos enfrentar a batalha contra a entrega da cessão onerosa assim que acabar as eleições, precisamos de um presidente comprometido com a agenda do petróleo nacional e com os trabalhadores. O PT já demonstrou como fazer isso, Haddad é o melhor nome para revertermos a entrega do nosso Pré-Sal e os trabalhadores estarão com ele nessa luta.

Tadeu Porto: Petroleiro e Secretário adjunto de Comunicação da CUT Brasil
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