Denise Assis*
Há no ar algo desesperador para a direita conservadora e bem-comportada. Desta vez, em consequência do acirramento do discurso da mídia em torno do “perigo” que o PT representou e representa, na visão dela, para o país, surgiu o “fenômeno Bolsonaro”.
A radicalização rumo ao fascismo, que a princípio começava a grassar na Europa, avessa a receber tantos refugiados de guerras, num período em que a economia não anda bem das pernas para a grande maioria, foi se instalando e ganhando corpo entre nós. E isto não estava no script. O que PMDB, PSDB e partidos satélites dessa corrente que se intitula “moderada” pretendiam ao dar o golpe, era levar o país no piloto automático até as eleições, quando então, amparados pela elite e o mercado, faturariam o cargo de presidente, a bordo do discurso antipetista.
Não deu. Erraram na mão. A estridência com que perseguiram o presidente Lula foi tamanha que vazou para o exterior, levando a que vários chefes de estado protestassem e a mídia estrangeira desse espaços generosos ao que aqui se passava, evidenciando o exagero.
Internamente, o patinar da economia, estrangulando empregos, a pauta neoliberal que avançou voraz para cima dos direitos trabalhistas e o encolhimento dos recursos para saúde e educação evidenciaram a “roubada” em que meteram o Brasil e os brasileiros, quando haviam prometido o oposto. A recuperação da economia e a volta do emprego. “Era só tirar a Dilma”.
Não foi. A presidenta Dilma saiu, mas os problemas só se avolumaram. E, o que é pior. A celeridade com que julgaram o ex-presidente Lula, caminhou em direção oposta ao tempo em que levaram buscando provas para incriminá-lo. Por fim, o jeito foi condená-lo por “fato indeterminado”, deixando claro que importava, mesmo, era tirá-lo de cena para deixar o campo livre para o candidato deles vencer no 7 de outubro. A população percebeu a manobra.
O que não atinaram, porém, foi que o ovo da serpente do fascismo estava sendo gestado. Quando acordaram, uma expressiva parcela do eleitorado havia potencializado o recado antipetista de tal forma, que ultrapassou a linha do bom senso e caiu na ultradireita, engolfando o candidato que julgavam predestinado à vitória, pelo simples fato de que “era o candidato deles”.
Saiu do controle. Rompida a barreira do som, tentaram várias cartadas que, até aqui, fracassaram. Especularam com o “voto útil”. Tentaram apontar uma “terceira via”. No desespero, falaram em união. E, por fim, em “polarização”. Estupefatos, veem crescer diante dos olhos o monstro de duas cabeças (ou nenhuma, a julgar pelas declarações), e definhar o “predestinado”.
O que há de positivo neste processo, se é que há algo de bom, é que nas urnas prevalecerá o inesperado. A vontade popular, sem a tutela da mídia envaidecida, de discurso pronto, que sempre apostou em A ou B. Estão sem palpite. A sorte está lançada. Resta-lhes o imprevisível. A menos que tentem melar o jogo na força bruta. Aí perdemos todos. Inclusive eles, que pensaram, ao golpear a presidenta Dilma, que já estavam com a mão na taça. Que Deus nos proteja!
*Jornalista
Chauke Stephan Filho
26/09/2018 - 15h49
BOLSONARO! BOLSONARO!! BOLSONARO!!! Porque só um homem de olhos azuis pode salvar o Brasil.
marcio barreto santos
25/09/2018 - 12h51
Fala-se de pessoas em vez de falarmos, de visao de longo prazo de como manter o crescimento e as oportunidades, esta briga por poder não gera empregos nem renda. Vamos avaliar resultados e ta provado que o PT não tem resultado, vamos citar os estados administrados pela dita esquerda brasileira, Acre, RGNorte, RGSul, Maranhão, ETC, de todos os estados apenas 3 tem as contas em dia e sem atrazo nas obrigações do estado. Sao Paulo, Mato Grosso , Espirito Santo,o resto é só corporativismo e ataque aos cofres publicos e os candidatos reprezentam bem este pensamentos. A punição a Vale pelo desastre de Mariana, obras se desfazendo com alguns meses de uso, obras das olimpiadas que ficaram só no papel, e elefantes brancos para as gerações futuras. Candidato, pesquisa, juventude que não sabe ler e escrever esperar qual resultado?
ndo
Adam Smith Comuna
25/09/2018 - 17h28
20 anos desviando 70% da verba da educação para o rentismo dá nisso, será bem difícil reverter este quadro…
Luiz Felipe
26/09/2018 - 00h13
Outro bolsominion. Você acha que o crescimento do PT representa o que você disse? Será que você acha que só você está certo? Machado de Assis te mostra a solução em “O Alienista”
Adam Smith Comuna
25/09/2018 - 12h46
Denise, creio que lhe falte um pouco de entendimento do regime macroeconômico ao qual estamos submetidos desde 1995, mas mesmo sem a compreensão de economia achar que o mercado não saberia dos resultados é de uma ingenuidade que me faz até desconfiar. Como acreditar que aqueles que possuem os recursos para financiar as melhores mentes deixariam passar princípios básicos de economia e de superação de crises?
Essa política econômica não tem apenas como resultado óbvio a crise ou seu aprofundamento, a crise é seu principal objetivo. Com liquidez garantida por mais de 20 anos pelo governo, as custas do suor do povo, crise é o momento dos rentistas liquidarem patrimônios. Isso só para ficar na obviedade indiscutível, o resto podem me acusar de teoria da conspiração.
Renato
25/09/2018 - 10h11
“levando a que vários chefes de estado protestassem “. Citem aí um único e mísero chefe de estado protestando contra a prisão de Lula !
hocuspocus
25/09/2018 - 13h58
Doente,um texto com inúmeros tópicos para debater ,e vc ficou com a bobagem .Eleitor do fascista? ,…óbvio.
Euler
25/09/2018 - 14h03
Os democratas Raul Castro e Nicolás Maduro. Tá bom pra você ?
Justiceiro
25/09/2018 - 09h04
Noves fora os presidentes bolivarianos e o cubano, qual chefe de Estado protestou contra a prisão de Lula?
Não vi nenhuma manifestação de Ângela Merkel(Alemanha), De Thereza May(Reino Unido), de Emmanuel Macron(França), de Justin Trudeau(Canadá) De Donald Trump, de Shinzō Abe(Japão)…
Nem Putin(Rússia) e nem Li Keqiang(China comunista) se manifestaram em defesa de Lula. O que teve foram alguns ex, que não servem para nada.
Próximo post, próximo post.
Marizio
25/09/2018 - 08h23
Parabéns pelo artigo, não é fácil analisar os fatos enquanto ainda somos influenciados por eles. Permita apensa observar que Lula, o PT e muitos outros estão sendo descritos na forma passiva, quando o resultado atual é fruto de um movimento ativo desses agentes históricos, não deixando a versão pretendida com o golpe se estabelecer como verdade.
vicente
25/09/2018 - 07h53
Muito bom artigo!
Fico imaginando aqueles “direita limpinha”, que simulam erudição, vão ao teatro, agora ter que, bem em silêncio, sem contar pra ninguém, votar no elenão com medo de perder privilégios de classe.
Heitor
25/09/2018 - 07h52
Alguém que joga na lata do lixo 51 milhões de votos não é nem um pouco inteligente. E foi isso que os golpistas fizeram.
Continuando a Dilma, o PT e o Lula estariam numa sinuca de bico. Mas eis que surge a jenial9dade de Cunhas, Aecios e Moros.
Sequestraram o poder, já que isso é o forte deles, e não consiguiram recuperar a economia que destruíram com suas pautas bombas e manobras no judiciário.
Em 2006 contra o Lula que é um adversário bem mais forte, o Alckimin teve mais de 40% dos votos no primeiro turno. Ou seja, não é uma questão de carisma, mas de muita burrada que o PSDB fez via mídia e lava jato.
O eleitor do psdb se bandiou para a ultra direita pq percebeu a imensa seletividade da lava jato e da mídia e além disso muita gente perdeu o emprego, perdeu bens e deixou a faculdade. O golpe não proporcionou ganhos, mas só perdas.
A lava jato cumpriu seu papel, tirou lula do jogo, mas destruiu o psdb. O Moro não é político, aí se mete a fazer política e da nisso. Vai conduzir coercitivamente todo mundo para votar no Alckimin ou no Álvaro Dias.
Cadê as provas que o triplex é do lula ?
A grande prova é uma reportagem do jornal O Globo.
Ele deve pensar que o povo é idiota.
Foo
25/09/2018 - 04h09
Bom artigo.
Tem lado, mas não manipula.
joao carlos
25/09/2018 - 02h41
culpar a mídia parece moda entre todos os candidatos… isso me parece um grande equívoco. De Bolsonaro à Haddad.
Tamosai
25/09/2018 - 01h44
Perfeito. Inclusive pela citação do Johnny Alf.
Sou favorável à união de todas as forças progressistas neste momento insano do país. O que está em jogo é tão importante, que não podemos nos dividir. O outro lado tem a mídia hegemônica, Judiciário, muito dinheiro e outras instâncias. Nós só temos esse povo sofrido. Vamos que vamos!
Vilmar Fernandes Santana
24/09/2018 - 22h34
Avaliação perfeita. Pena que tais informações não alcançam um número maior de desinformados que votam simplismente no oba oba, acompanhando ainda as mentiras da mídia tendenciosa,descomprometida com a real situação do nosso País. Tenho esperança que a união dos que realmente pensam no futuro de nossos filhos, netos, enfim nossa gente, possa vencer essa direita maldita. “Quero meu voto valendo”
darcy cruz
24/09/2018 - 22h08
Claro que Haddad será o vitorioso, o povo brasileiro não quer se envergonhar mais perante o mundo colocando um ditador no poder, um Hitler tupiniquim. Mas mesmo que não ganhe o grande vitorioso será Lula que apesar de condenado sem provas e toda a campanha que esse juiz vendilhão da pátria fez para desmoralizá-lo está vivo ao lado de Haddad, o futuro presidente do Brasil. O americanófilo Moro saiu de cena definitivamente derrotado por Lula.
Daniel
24/09/2018 - 22h04
faltou citar o Johny Alf… pobres de nós
Paulo
24/09/2018 - 21h58
“O que há de positivo neste processo, se é que há algo de bom, é que nas urnas prevalecerá o inesperado. A vontade popular, sem a tutela da mídia envaidecida, de discurso pronto, que sempre apostou em A ou B”: essa frase tem duplo sentido, já que, de um lado, podemos entender a “vontade popular”, nas palavras da jornalista, sejamos claros, como significando Haddad, para abreviarmos; de outro, significa respeitar a vontade do povo. Seja quem for o vencedor. De um lado, a soberania do voto; de outro, a “vontade popular”. Eu fico com a soberania do voto, e não com a esquerda que tutela o voto. Mais democracia direta e menos tutela do eleitor!
Paulo
24/09/2018 - 21h57
“O que há de positivo neste processo, se é que há algo de bom, é que nas urnas prevalecerá o inesperado. A vontade popular, sem a tutela da mídia envaidecida, de discurso pronto, que sempre apostou em A ou B”: essa frase tem duplo sentido, já que, de um lado, podemos entender a “vontade popular”, sejamos claros, como significando Haddad, para abreviarmos; de outro, significa respeitar a vontade do povo. Seja quem for o vencedor. De um lado, a soberania do voto; de outro, a “vontade popular”. Eu fico com a soberania do voto, e não com a esquerda que tutela o voto. Mais democracia direta e menos tutela do eleitor!
João Ostral
24/09/2018 - 21h37
Resumo perfeito do momento que vivemos pós golpe 2016.
Ultra Mario
24/09/2018 - 21h05
Se a elite quer se manter coerente no anti-petismo porém não quer que o país pegue fogo, deve apoiar Ciro Gomes, o único candidato com real capacidade de unir o país em torno de um projeto que beneficie a todos mas principalmente, aos trabalhadores que foram largados as traças nos governos Dilma e Temer.
PT e Bolsonaro viraram dois lados da mesma moeda, se alimentam com ódio e mais ódio, enquanto ignoram os problemas reais socio-economicos do país, que levou as pessoas a desacreditarem da democracia. Não há salvação para o Brasil que não seja por uma terceira via, modesta, honesta e justa com o povo trabalhador.