Haddad X Ciro: decidir racionalmente

DICIDIR RACIONALMENTE

Ainda estamos sob um golpe que fracassou nos seus dois principais fundamentos: econômico e moralista. Para derrotar o golpe pela via eleitoral, discutiu-se nos bastidores políticos a formação de uma Frente Democrática com uma chapa Ciro-Haddad. No entanto, para os estrategistas do PT o objetivo era manter a hegemonia do PT na esquerda e seu protagonismo futuro (vide entrevista ao Nassif).

Não vale a pena, neste momento, ficar discutindo o acerto ou erro da estratégia do PT. Agora não existe o Ciro+Haddad. Agora é Ciro ou Haddad. O fato urgente é que estamos à beira de um abismo fascista. Penso que devemos deixar de lado nossas paixões e decidir racionalmente com base nos dados da realidade.

As razões do Voto em Ciro:

(1) Apesar de ter sido um excelente Ministro da Educação e um bom Prefeito de SP, Haddad tem muito menos experiência política que Ciro. Isso fica evidente no grau de autonomia que cada um apresenta: Haddad sempre obedece a uma decisão de Lula. O próximo Presidente, para enfrentar os golpistas, precisará ter máxima autoridade. Os embates serão violentos porque os “tigres das corporações gostaram do sangue humano”. Em determinados momentos o próximo Presidente precisará agir como um “touro de rodeio” – não aceitar nenhum tipo de canga.

(2) A autoridade de Haddad como Presidente é mais frágil, porque ele não tem lastro político próprio. Precisa dos votos de Lula no primeiro turno e do Voto Útil no segundo turno. Ciro está em terceiro, com 13%, mas são votos seus.

(3) Desde a eleição de Dilma a sociedade está dividida quase que meio a meio. A caricatura é coxinhas versus mortadelas. Se mantida as intransigências, isto implica em imobilidade e ampliação da crise com prejuízo imediato aos mais fracos economicamente. Ciro pode superar esse imobilismo e iniciar o processo de recuperação do Estado Democrático de Direito.

(4) Para confirmar a expectativa anterior, num hipotético segundo turno entre ambos, o resultado seria: Ciro 42 e Haddad 31. A maior aceitação de Ciro indica que serão menores as resistências na sociedade às políticas de Ciro.

(5) Todos sabemos que as maiores rejeições são do Coiso (por ser fascista) e de Haddad (por ser petista). Então, um segundo turno entre o Coiso e Haddad não será uma disputa pelo melhor projeto. Antes de tudo será uma Guerra dos Rejeitados, com resultado imprevisível. Com certeza muitos “mortos” de lado a lado e o latente desejo de vingança. Há um risco real do Brasil cair no abismo fascista. As pesquisas mostram que Ciro derrota (com folga) o fascista.

(6) Ciro tem um projeto detalhado para desenvolver o Brasil nos aspectos econômico e democrático. Defende quem trabalha e produz, contra os rentistas (parasitas sociais); defende justiça tributária, com aumento de impostos para os ricos e diminuição de impostos para a classe média e trabalhadores; defende a Petrobras como empresa estratégica; defende a democratização dos meios de comunicação social; defende uma moderna legislação trabalhista e previdenciária.

Portanto, por essas razões, meu voto é em Ciro 12.

Marcos Videira

Professor de Filosofia
Aracaju – Sergipe

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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