Ciro Gomes e a luta contra a velha política
Por Gustavo Henrique Munhoz
A eleição de 2018 é, de longe, a mais conturbada dentre as últimas que ocorreram no nosso processo democrático. Diante deste cenário, polarizações indevidas e radicalizações constantes criaram um clima de tensão entre o povo. Fato é que, é hora de racionalizar, não de estremecer.
Lidando com o atual cenário, temos a seguinte perspectiva: O MDB lançou Henrique Meirelles, a fim de manter sua chapa própria e credenciar suas cadeiras no Congresso. Seus aliados desde a ascensão golpista de Michel Temer, o famoso centrão (leia-se, a grosso modo, direitão), migraram para a candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB), o que já era esperado. No campo da centro-direita, Alckmin aglutinou apoio midiático, e diante da falta de quadros que o próprio partido oferta, impôs sua condição de candidato. Diante do rendimento pífio nas pesquisas, constatou-se o que já era de conhecimento dos bastidores: Jair Bolsonaro, do PSL, levou o eleitorado antipetista, que antes, findava suas raivas votando 45. Não saiamos da leitura sobre Bolsonaro, ele requer atenção. Seu discurso claramente fascista tem ludibriado e enganado milhões de brasileiros, que, justamente desacreditados dos políticos, viram em Jair uma alternativa. Não os culpemos, pois são vítimas. Bolsonaro é a personificação genuína de um ódio às minorias latente, ódio esse que perdeu suas estribeiras após o impeachment fraudulento de 2016. No campo político da esquerda é que mora a verdadeira contradição: pessoas de bons ideais separadas, ora pelo desejo de poder, ora por imposições políticas. E neste quesito, não podemos de dissertar críticas cirúrgicas ao Partido dos Trabalhadores.
O impedimento jurídico que o ex-presidente Lula sofreu é de causar indignação e mal-estar. Quem possui o mínimo de clareza sabe que não existem provas conclusivas sobre sua culpa. As delações premiadas forçadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público não tiveram outra intenção se não a de incriminá-lo e tirá-lo da disputa presidencial. A classe mais pobre ficou órfã daquele que tanto fez. O PT levou até o último minuto Lula como candidato, consciente das derrotas jurídicas que sofreria, e só então lançou Fernando Haddad. É a repetição de 2010 com Dilma Rousseff. Não gosto da expressão “poste do Lula”, pois a mesma desmerece estas duas grandes figuras. Mas, é preciso deixar claro: necessitamos urgentemente superar o petismo. O porquê disso ficou provado nas negociações que o PT liderou para esta eleição. Em troca da neutralidade do PSB, rifou Marília Arraes e a decisão da cúpula pernambucana petista, que queria Marília como candidata – a mesma tinha alta chances de derrotar Paulo Câmara, atual governador pelo PSB. Rifou também aliados em Minas Gerais, Amazonas e em outros estados. A ganância da hegemonia, guiada pela velha lógica da cúpula do partido que não rejuvenesce, mostrou que o PT não tem mais projeto político, e sim, projeto de poder. O PT desafia o desgaste já provado desde 2016. Desafia a força do antipetismo, que já se mostrou avassaladora. Desafia não por coragem – que lhe falta muito – e sim por sede de poder.
É necessário, assim sendo, de uma voz com moral política para denunciar e combater o fascismo de Bolsonaro e do seu grupo raivoso. É necessário, assim sendo, uma outra voz que mostre o caminho democrático que o PT abandonou. E essa figura já apareceu: Ciro Gomes. Ciro é ex-deputado, ex-prefeito de Fortaleza, ex-governador do Ceará (o mais popular à época, segundo o DATAFOLHA), e ex-ministro, a primeira vez em 1994, liderando e bancando o Plano Real, junto de Itamar Franco. A segunda, durante o governo Lula, coordenando a Transposição do Rio São Francisco, levando água para um povo sofrido, levando o mínimo de dignidade para quem queria plantar, colher, sobreviver. Ciro é a continuação do sonho de Leonel Brizola. Do desejo de cuidar das crianças, dos menos favorecidos, da defesa de um Projeto Nacional de Desenvolvimento, que traga o Brasil à realidade econômica.
O projeto de Ciro Gomes é de longe, o mais completo. A proposta do auxílio às dívidas dos brasileiros presentes no SPC reflete sua preocupação com a roda da economia que precisa voltar a girar – vale ressaltar que o PT copiou o projeto, dando outro nome. Não somente isso, mas Ciro dialoga sobre a geração de empregos, fortalecimento da Petrobrás, retomada da soberania nacional mediante a volta do protagonismo que já foi nosso. Não deixou de lado pautas que não podem ser ignoradas, como o agronegócio. Não obstante, seu plano de governo figura entre os que mais tem propostas visando mulheres, LGBT’s e negros, grupos sociais que necessitam de atenção urgente. Ciro provou seu papel de proteção à estatais quando enviou carta à Boeing, ressaltando que, se eleito, revogaria a venda. Defendeu também revogações precisas, como os leilões do pré-sal, reforma trabalhista e a PEC do Teto de Gastos.
No aspecto humano, Ciro é linha firme. Sua personalidade forte – a mesma que a mídia vende como destempero – apenas é o reflexo da indignação de milhões de brasileiros, machucados, que estão há anos com a garganta entalada mediante crises e mais crises de corrupção. Que não em veem representados por nada, e nem por ninguém. Verdade é que eles têm sim um representante, só precisam perceber. Só necessitam reconsiderar com mais clareza, para que possam fugir dos extremismos e das radicalizações. São milhões de brasileiros que precisam ser resgatados para que não cedam às mentiras e falsas promessas de todos os lados. Por isso, dia 07 de outubro, nossa responsabilidade moral é reerguer uma nação. E o único que terá dignidade política, projeto forte e apoio, será Ciro. O Brasil não aguentará mais quatro anos de inconsciência e irracionalidade petista. O Brasil não aguentará o fascismo de Bolsonaro, sua falta de projeto e de dinamismo da responsabilidade. Aliás, o Brasil não merece nem um, nem o outro. O Brasil merece quem gosta do Brasil.
Merece Ciro.
Gustavo tem 20 anos e é do ABC Paulista, Ribeirão Pires.
É acadêmico de Direito na UNINOVE.