Por Bajonas Teixeira,
O UOL, maior portal brasileiro e vitrine online da Folha de São Paulo, já desistiu de Alckmin. Na sexta-feira, quando divulgou a última pesquisa do DataFolha, o UOL chegou a exibir, ao mesmo tempo, 13 entradas de Bolsonaro na home Entre as letras grandes e as pequenas, nada menos que doze manchetes traziam o nome BOLSONARO, além de uma outra, a décima terceira, que dispensava a ele o tratamento íntimo de “Jair”. Alckmin, o candidato ‘natural’ da elite paulista, teve uma única e solitária manchete. Ou seja, hoje o candidato do coração dessa ilustre elite – que venera Silvio Santos, Gugu Liberato e Datena – é aquele que promete um banho de sangue “se eleito for”.
Para estabelecer um contraste, o G1, o portal da Globo, deu apenas três matérias para Bolsonaro na home no horário em que ele bombava no UOL. (Confira a página inteira do UOL Aqui)
A preferência do UOL, tão acentuada que não deixa margem a dúvidas, não parece compatível com o papel da mídia em uma eleição democrática. É preciso ver se essa multiplicação de um único nome não fere as regras eleitorais, servindo até mesmo como meio de driblar a proibição do abuso do poder econômico. E, sobretudo, é preciso encontrar meios de evitar que essa prática perdure no processo eleitoral com seus óbvios e deletérios efeitos de manipulação da opinião pública.
O DataFolha havia divulgado há cinco dias (na segunda-feira, 10 de setembro) uma pesquisa em que Bolsonaro aparecia com 24%, ou seja, ganhara apenas 2 pontos após o atentado a faca. Por isso, com a ansiedade de mostrar seu candidato viralizando, a Folha/UOL, já na sexta-feira, 14, apenas quatro dias depois, trouxe a segunda pesquisa. Nela também o crescimento do candidato do PSL se revelou pífio. Bolsonaro foi de 24 para 26% e mais nada.
Querendo infundir entusiasmo, a manchete do UOL perdeu o pé da sobriedade afirmando, como se tivesse expondo um fenômeno eleitoral: “Bolsonaro vai a 26%”. Na verdade, o mito na UTI manteve-se estacionado dentro da margem de erro da pesquisa anterior, de dois pontos para mais ou para menos. Reproduzimos:
Enquanto inflava Bolsonaro com o “vai a 26%”, o UOL camuflava a vertiginosa ascensão de Haddad ao segundo lugar na corrida presidencial. Para isso, reservou um anódino “tem 13%”. Mais parcial impossível. É claro que, para quem usa microscópio para ler os portais, o UOL deixou uma submanchete explicativa: “Líder oscila 2 pontos para cima e melhora 2º turno; petista dá salto de 5 pontos”.
No entanto, é interessante registrar que essa falsa lide foi escrita com nervosismo, e confundiu os números: Haddad não saltou 5 pontos, mas apenas 4, indo de 9 para 13. O autor do texto confundiu a subida anterior exposta na pesquisa do dia 10 do DataFolha: nesse sim, tendo saído de 4 e chegado a 9, Haddad saltou 5 pontos.
Seja como for, tanto a exposição abusiva de Bolsonaro em seu portal, quanto os lapsos intelectuais primários do UOL, prestam um enorme desserviço à opinião pública do país. No entanto, nada anormal. Esse tem sido o comportamento usual da mídia brasileira nesses tempos de guerra. Guerra que ela mesma iniciou e pela qual, cada vez mais, como o aprendiz de feiticeiro, se vê enredada. O UOL, aliás, já deveria ter aprendido que o 13 não é, para a mídia, o número da sorte.
Em tempo: a máxima exposição de Bolsonaro, que retratamos aqui nesse artigo, ocorreu no horário a partir das 20hs da sexta-feira, dia 14. Em torno das 20:36hs registrava-se 9 entradas na home do nome de Bolsonaro. Às 20:40hs, encontramos 11 entradas e, às 23:44hs, 12.
Baixe a página histórica do UOL com 12 manchetes de Bolsonaro AQUI.