A grande notícia da pesquisa Datafolha – realizada e divulgada hoje, 10 de setembro – é a estagnação de Bolsonaro. Havia expectativa sobre um possível crescimento do candidato em virtude da comoção gerada pelo atentado da última quinta-feira.
A expectativa não se confirmou.
Bolsonaro cresceu apenas 2 pontos percentuais na comparação com a pesquisa realizada nos dias 20 e 21 de agosto, ou seja, não passou da margem de erro. Muito pouco, quase nada, para quem, como seu filho Flávio Bolsonaro, vaticinou que a facada o levaria à vitória no primeiro turno.
Os números não foram bons também para Marina Silva, que estava isolada na segunda posição com 16% e agora caiu para 11%, e para Geraldo Alckmin, que subiu mísero 1%, passando de 9% para 10%, mesmo após 10 dias de forte exposição na propaganda eleitoral de TV e rádio.
Apesar da estagnação, Bolsonaro pode comemorar a solidez dos seus percentuais de intenção de voto, que praticamente lhe garantem uma vaga no segundo turno.
Alckmin, patinando, e Marina, despencando, precisarão de um milagre para chegarem à eleição com chances de abocanhar a outra vaga.
Ciro Gomes e Fernando Haddad têm motivos para comemorar.
Ciro cresceu de 10% para 13%, assumindo a segunda colocação. Muito embora esteja empatado com Marina e Alckmin, levando-se em conta a margem de erro, há um claro viés de alta nas intenções de voto do pedetista.
Considerando que seu tempo de TV é diminuto, é provável que o bom desempenho nos debates e especialmente nas sabatinas – quando consegue desenvolver suas propostas – tenha influenciado no crescimento.
O desempenho de Ciro nos cenários de segundo turno é o melhor entre todos os candidatos: abriu 10 pontos de vantagem contra Bolsonaro (na pesquisa anterior eram 3), ganha de Marina e virou o jogo contra Alckmin (estava 6 pontos atrás e agora está 4 à frente).
Haddad subiu de 4% para 9%, embolando com Alckmin, Marina e Ciro. Trata-se de um crescimento importante, ainda mais considerando que ele ainda não é o candidato oficial do PT – a troca deve ser feita amanhã, dia 11.
No segundo turno a situação é um pouco mais complicada para o petista. Na improvável hipótese de enfrentar Alckmin, o tucano mantém uma boa vantagem: 43% a 29%. Contra Bolsonaro, há um empate técnico: 39% a 38% para Haddad. O viés do substituto de Lula é, contudo, de alta. Enquanto Alckmin e Bolsonaro mantiveram seus percentuais, Haddad cresceu 9 pontos contra o primeiro e 10 contra o segundo.
Outro dado interessante da pesquisa é a forte queda de Lula na pesquisa espontânea (20% para 9%), demonstrando que o seu eleitorado começa a migrar, a partir da certeza de que o ex-presidente não estará na urna.
A rejeição de Bolsonaro subiu de 39% para 43%, bem maior que a dos demais candidatos, todos abaixo dos 30%. A alta rejeição do candidato do PSL explica a sua imensa dificuldade nos cenários de 2º turno.
A pesquisa é boa para o campo popular, tendo em vista que a tendência de alta de Ciro e Haddad credencia-os, neste momento, como favoritos para disputar a vaga no segundo turno contra Bolsonaro.