Neste sábado 18 de agosto, os três principais jornalões nacionais não fazem sequer menção, em suas respectivas capas, à decisão do Comitê de Direitos Humanos da ONU, de exigir que a justiça brasileira restitua todos os direitos políticos do ex-presidente Lula, permitindo que ele possa dar entrevistas normalmente e participe das eleições.
Globo e Estadão, além de não mencionarem a notícia na capa, não dedicaram sequer uma matéria nas páginas internas. Folha também não mencionou nada na capa, mas publicou uma matéria de meia página, além de ser o assunto principal na coluna Painel.
Entretanto, registre-se a malandragem da Folha, de publicar a nota da ONU em favor de Lula na mesma página em que matéria de maior destaque traz o seguinte título: “Da prisão, Cunha defende Lula candidato”. Evidentemente, é uma estratégia para ridicularizar a candidatura Lula e reduzir o impacto jornalístico da matéria ao lado direito da página.
Importante observar que não encontrei essa matéria na home-page da Folha.
Segundo quatro ministros entrevistados pelo Painel, o STF deverá ficar indiferente à decisão da ONU.
Supremo tende a ignorar documento de comissão da ONU favorável a Lula
As togas deram de ombros A tendência do Supremo, segundo quatro ministros consultados pelo Painel, é ignorar o documento de colegiado da ONU que prega a manutenção da candidatura de Lula. Os juízes dizem que não há efeito vinculante e que a força da declaração do Comitê de Direitos Humanos junto ao Judiciário é a mesma de uma “ata de reunião de condomínio”. O PT, porém, vai tentar faturar politicamente. Dirigentes da sigla querem usar a peça na estreia do partido no horário eleitoral gratuito.
Só ele? Um integrante do STF diz que não há sentindo em dar vazão a questionamentos sobre a cassação de direitos políticos prevista na Lei da Ficha Limpa –e em vigor há quase oito anos. Ele lembra que muitos políticos já foram impedidos de disputar com base no dispositivo sem que houvesse alarido.
Como luva O PT sabe que a chance de uma mudança de rumo no Judiciário é quase nula, mas quer usar o texto da ONU para criar constrangimento. Ao comentar o fato com um interlocutor, Fernando Haddad, hoje vice de Lula, resumiu: “Se não o registrarem agora, para o mundo o Lula será um preso político”.
É também estranho que nenhum dos tão falantes ministros do Supremo tenha sido encontrado para dar uma opinião sobre o caso. Digo: dar a opinião abertamente, não em off.
Globo e Estadão, por sua vez, resolveram ser espertinhos. Ambos mencionam timidamente a decisão da ONU ao final de matérias que falam do papel de Luis Roberto Barroso na análise do registro do ex-presidente Lula.
A edição impressa do Estadão deu dois parágrafos ao caso.
O Globo foi ainda mais sintético. Deu apenas um parágrafo.